Resenha: O Sol é Para Todos | Harper Lee

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Título: O Sol é Para Todos
Autor: Harper Lee
Editora: José Olympio
Ano: 1964
Número de Páginas: 281
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Sinopse: A nova edição revista de um dos maiores clássicos da literatura mundial Um livro emblemático sobre racismo e injustiça: a história de um advogado que defende um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca nos Estados Unidos dos anos 1930 e enfrenta represálias da comunidade racista. O livro é narrado pela sensível Scout, filha do advogado. Uma história atemporal sobre tolerância, perda da inocência e conceito de justiça. O sol é para todos, com seu texto “forte, melodramático, sutil, cômico” (The New Yorker) se tornou um clássico para todas as idades e gerações.



Resenha

O Sol é para Todos é um livro que conta a história de um advogado, Atticus Finch, que defende um negro, Tom Robinson, que foi acusado de estuprar uma mulher branca. Mas o mais incrível dessa história, é que ela é contada pela perspectiva de uma criança, Jean Louise. Achei isso genial, pois vemos como o seu caráter é formado. Acredito que uma criança é um papel em branco, que cria sua opinião, crenças e valores a partir do que ela é ensinada, a partir de sua vivência e educação, como bem dizia John Locke, filósofo inglês, conhecido como “pai do liberalismo”.

“Só existe um tipo de gente: gente.”


Nós vemos, ao longo do livro, Jean Louise se tornar alguém. Ter pensamentos racistas, ao se sentir humilhada por seus colegas de classe, mas também vemos ela tentando entender porque aquilo era errado, conversando com o seu pai, que apesar de estar sofrendo ameaças de brancos, não deixa de lutar pelo que ele acredita e continua tentando salvar Tom de ser executado pela pena de morte.

“Quando crescer, todos os dias você verá brancos ludibriando negros, mas deixe-me dizer uma coisa, e nunca se esqueça disso: sempre que um branco trata um negro desta forma, não importa quem seja ele, o seu grau de riqueza ou a linhagem de sua família, esse homem branco é lixo.”

Vemos também esse crescimento em seu irmão um pouco mais velho, Jem, que deixa de ser criança muito cedo, para encarar esse mundo, proteger sua irmã e entender o que é o racismo e todas as outras formas de preconceitos.

Um personagem que eu amei nesse livro é o Atticus, me lembrou um pouco Dumbledore com todos os seus ensinamentos e conversas com seus filhos, os tratando como merecem ser tratados e não apenas como crianças que “não entendem nada”. Me fez refletir muito o que é ser pai, e o que é realmente se pode ou não conversar com uma criança, pois se ela não souber dos pais, ela vai saber por outras vias, com colegas da escola, ou até mesmo outros adultos, o que não se pode controlar, a menos que uma conversa sincera o faça entender outro ponto de vista.

“Eu queria que você visse o que é realmente coragem, em vez de pensar que coragem é um homem com uma arma na mão. Coragem é quando você sabe que está derrotado antes mesmo de começar, mas começa assim mesmo, e vai até o fim, apesar de tudo. Raramente a gente vence, mas isso pode até acontecer.”

Apesar de o livro ser de 1964, é possível perceber que muito dele é bastante atual. Obvio que já evoluímos muito, ainda bem, em relação ao racismo, - que é o assunto principal do livro – mas vemos também que ainda temos muito a evoluir, pois alguns temas ainda são bem atuais, como por exemplo, a palavra de um branco muitas vezes ser mais bem respeitada em um tribunal do que a de um negro.

Uma coisa que me deixou muito triste nesse livro é que, apesar de ele tratar de preconceito, é que ele é bastante machista. Diversos discursos são ensinados a Jean Louise, que ela leva como verdade, como por exemplo: que ela precisa aprender a cozinha, e que com 7 anos ela já é considerada uma mocinha para estar andando de calça e brincando na rua. Mas vale lembrar que o livro é de 64, e quando pensei nisso, me senti muito feliz pela evolução que nós mulheres conseguimos. Mas ainda temos muito a conquistar.

Foi um dos melhores livros que li esse ano, e fiz questão de ver antes do filme, para ter a versão original do autor e não algo produzido por Hollywood. O livro também me lembro um filme que trata do mesmo assunto, apesar de não se passar na perspectiva de uma criança: Marshall, que concorreu ao Oscar 2018 como melhor Canção Original e conta a história de como um advogado negro conseguiu defender diversos negros e ganhar a causa, se tornando um dos melhores advogados dos Estados Unidos.

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