Direção: Rupert Wyatt
Roteiro: Erica Beeney e Rupert Wyatt
Elenco: John Goodman, Ashton Sanders, Jonathan Majors, Machine Gun Kelly e Vera Farmiga
Classificação:
Sinopse: Num
futuro não muito distante, a Terra sofre uma invasão alienígena que
leva o planeta a se tornar subjugado pelos extraterrestres. Numa manobra
de sobrevivência, as lideranças humanas se unem aos invasores para
estabelecer um governo de subserviência. Alguns grupos em Chicago, no
entanto, não concordam com o posicionamento dos líderes e resistem. A
última resistência passa os 10 anos após a invasão se reestruturando e
elaborando um plano para que a rebelião possa pôr fim ao controle
alienígena.
Novo sci-fi político distribuído pela Focus Features deixa a desejar
O
universo da ficção científica já passou por diversas mudanças de
estrutura e facetas ao longo dos anos. Os marcos do cinema nesse gênero
quebraram paradigmas e o reinventaram. Filmes como 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), a franquia Star Wars, Blade Runner: O Caçador de Androides (1982) e Matrix, a trilogia das irmãs Wachowski, mudaram a forma de fazer cinema sci-fi
e transformaram o gênero em algo muito maior. O poder camaleônico que
os longas ganharam com as novas possibilidades trazidas por essas
películas foi fundamental para que ele durasse até os dias de hoje.
Com
erros e acertos, o gênero teve destaque no último ano e já começa a
despontar novos horizontes com as estreias de 2019. Nesta quinta-feira
(28), os cinemas brasileiros começam a exibir o longa-metragem da Amblin Partners intitulado A Rebelião. A narrativa é resultado de um olhar extremamente político inserido na realidade social vigente por uma dominação alienígena na Terra.
Captive State (título original) se inicia com uma promessa positiva ao público. O prólogo pré-apocalíptico
entusiasma até mesmo os mais céticos quanto a qualidade do filme. Os
primeiros 10 minutos introdutórios são uma demonstração do que parecia
ser uma jornada sci-fi
interessante. Os minutos seguintes, contudo, mudam completamente o
ritmo e a forma da narrativa e, consequentemente, o olhar do espectador.
Logo se instaura uma espécie de thriller político em meio a uma
sociedade pós-apocalíptica. Desse momento em diante o longa se mostra
com um viés muito mais político do que o esperado.
As discussões políticas inseridas no roteiro de A Rebelião
são o seu verdadeiro pilar. As características e referências da ficção
científica se tornam extremamente secundárias em relação ao foco de
discussão proposto pelos co-roteiristas Erica Beeney e Rupert Wyatt
(também diretor da produção). É tão marcante essa mudança de tonalidade
da narrativa que o público pode se perguntar em algum momento se aquilo
é, de fato, um mundo dominado por aliens. Nesse ponto o roteiro de Beeney e Wyatt falha. A inserção de reflexões político
socioculturais poderia ter sido feita sem afetar a estrutura base da
película. O ataque alienígena perde completamente lugar durante boa
parte da história sendo resgatado apenas no final do longa.
Outra
particularidade é o foco nas personas. Existe uma explícita tentativa
da direção e roteiro de aproximar o espectador das personagens
principais. Suas vidas são dissecadas aos poucos para que o público se
apegue a cada uma daquelas figuras e suas trágicas vivências. No
entanto, o fluxo de empatia entre o filme e os espectadores é um tanto
falho pela rapidez com que os novos acontecimentos ocorrem – além da má
explanação de alguns personagens-chave. A dinâmica das ações dos
rebeldes em cada um de seus micros contextos se atropela em meio ao
ritmo acelerado exigido pela história. Ou seja, Wyatt
se esforça para prender o público de todas as formas que encontra, mas
as falhas na estrutura de seu filme sempre atrapalham a experiência.
Captive State pode ser comparado em certos aspectos ao resultado de uma mistura de Matrix – e a aproximação das personagens com o real – com Distrito 9, de 2009, e toda a sua realidade de coexistência e exploração entre humanos e alienígenas – por mais que, na produção da Amblin,
os papeis estejam invertidos. Tudo isso misturado a um forte
posicionamento político sobre caos, poder e controle de massas gera o
enredo do novo produto distribuído pela Focus Features.
A jornada tem tropeços, uma tentativa de virada ao final da película
que se mostrou extremamente óbvia e deixa a desejar no quesito sci-fi. É inevitável que o espectador saia da sessão querendo ter visto mais das criaturas extraterrestres. O que falta, portanto, em A Rebelião
é uma escolha mais focada. A produção promete algo que não consegue
cumprir por tentar abraçar mais do que era possível naquele contexto. O
longa está longe de ser ruim, mas também não causará nenhum tipo de
êxtase no público. Ainda falta um tanto para que o filme seja o sci-fi político de qualidade que prometeu ser.
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