Título original: Anora
Diretor: Sean Baker
Elenco: Mikey Madison, Mark Eydelshteyn, Yura Borisov
Gênero: Drama;Romance erótico; Aventura.
Notinha: 4,5/5
SINOPSE
Anora, uma jovem profissional do sexo do Brooklyn, tem a grande chance de mudar de vida, tal qual numa história de Cinderela, ao conhecer e se casar impulsivamente com o filho de um oligarca russo, Ivan. Mas, assim que a notícia chega à Rússia, esse conto de fadas é ameaçado —os pais de Ivan partem para Nova York decididos a anular o casamento
CRÍTICA
Chega aos cinemas mais um filmaço queridinho da última edição do Festival de Cinema de Cannes inclusive faturando a palma de Ouro ano passado, então vocês podem imaginar as expectativas que isso por si só já gera na cinéfila que vos escreve e nem o futuro poderia antecipar o que nos aguardava como resultado da mente criativa do Sean Baker (Projeto Flórida) entregando sua versão de um conto de fadas moderno misturado com o sonho americano atual. Que junção lhe parece né? Mas garanto, não é mero entretenimento. Preste atenção nas entrelinhas, é rico e muito interessante perceber as alegorias utilizadas pelo roteiro para falar de valores culturais, juventude, laços afetivos, precarização do trabalho, exploração e claro sexo e sexualidade. Aqui não tem pudores e moralismos, estamos expostos a realidade tal qual é, uma selva onde todo mundo tem que correr atrás como pode do seu sustento de cada dia.
É um filme todo no superlativo, engraçadíssimo e com cenas que vão lhe arrancar gargalhadas! Os momentos de caos e tensão surpreendem positivamente por parecer não ter fim e o modo com que a história caminha soa verossímil mesmo sendo uma realidade muito específica, não consegui me liberar da sensação que essa história poderia facilmente acontecer em outros contextos e situações sem que saibamos.
Anora é uma jovem livre, desinibida e animada sem grandes preocupações ou vínculos parece saber usar muito bem sua inteligência e seu corpo como moeda de troca, e é estabelecendo vínculos dessa maneira que se conecta com Ivan, ainda mais jovem e herdeiro de fortuna de uma família tradicional da Rússia o encantamento e química entre os dois é instantâneo. E sem nenhum tipo de impecilho, muita grana e pouca responsabilidade eles irão viver em pouco tempo um romance insano, inebriante e super divertido de assistir, não direi mais além disso para não estragar a experiência de ver. É sexy, sensual e cômico a dupla de enamorados se relacionando.
O filme travestido de um romance erótico apenas, propõe ao público importantes questionamentos sobre limites, privilégios e sobre a liberdade sexual da mulher a serviço de quem ou de quê está? Cabe a nós, perguntar se estamos tão imersos na cultura ocidental que nos diz o quão livres somos para experienciar as coisas que pouco nos questionamos o que nos está sendo oferecido de fato e se nos convém, essa reflexão é imperativa ser feita por meninas/mulheres mas meninos/homens também devem se engajar e atualizar seu conceito.
O filme é uma quebra de expectativas no sentido de que não é um conto de fadas romântico tradicional, nem tão pouco é o tipo de história comum de sempre, que chega tão bem cotado na temporada das premiações desse ano, o que mostra no mínimo mudanças mesmo que sutis nos olhares do mundo, mais do que isso não sou capaz de opinar.
Gostei demais dele, boa parte das cenas são cômicas e exageradas tendo alguns poucos momentos de tensão e seriedade, imagino que por isso tenha conquistado tantas pessoas.
O mundo está descobrindo que contar histórias de outras maneiras também é tão digno e artístico como se apresenta, Anora é uma mulher fictícia com muita coragem e garra para abraçar o mundo ao seu redor com o que ele lhe oferece, todos os demais são coadjuvantes, isso é um tantão girl power!
Nenhum comentário:
Postar um comentário