NÃO VERÁS PAÍS NENHUM
INÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO
CÍRCULO DO LIVRO
368 páginas
Faltou água em algum lugar de país? O clima está muito quente? Há quem
contribua para proteger os mananciais? Qual a perspectiva na próxima seca? Tais
temas já se encontravam nas profecias de Loyola Brandão, neste romance. Romance
do realismo fantástico, ou, de ficção científica, como queiram, relata um
Brasil do futuro onde não há mais água, a seca prevalece, bolsões de gases
quentes aparecem do nada torrando as pessoas, os caminhos e passarelas são
desenhados no chão e as pessoas só podem andar por aquele traçado, fiscalizados
por agentes do governo, e, a história do país e do mundo, dos museus muda o
tempo todo, como em 1984.
Há no Brasil, tardiamente, um movimento editorial que pretende
sair dos clichês vigentes da leitura fácil. Buscam, poucas editoras, autores
originais com desdobramento diferenciado de suas obras. Isso não se refere aos
leitores, pois, estes ainda seguem a moda imposta pela mídia, sem qualquer uso
do senso crítico. Leem o que rolar. Poucos procurarão o novo e o diferente. As
pessoas se acomodam. As pessoas odeiam divergentes. As pessoas são medíocres e
vivem na média e na mídia que é o mesmo.
Se você é um leitor que prefere a nova emoção aqui está uma obra
escrita na década de 80 cujos reflexos vemos hoje, no dia a dia, no cotidiano
de nossas vidas como se fosse profecia.
NÃO VERÁS PAÍS NENHUM.
Inácio de Loyola Brandão, de Araraquara, é o autor dono de vasto
repertório de crônicas e romances, é jornalista, escreve há muito e é dono de
estilo e talento ímpares. Participa dos circuitos de conversa nas cidades onde
o auto, ao vivo, conversa com as pessoas leitoras e estudantes, em bibliotecas
públicas falando de si e de suas obras; tais escritores continuam escrevendo
sem parar em jornais e blogs. Escritor que é escritor escreve todo o dia. Santo
ou não.
Apesar do pensamento de renovação que as editoras pretendem ou
intentam – até certo ponto – esse livro de 81 é mais atual que a maioria das
estrelas, verdes e cânceres que movem as montanhas do mundo literário da
petizada recém saída das fraldas.
“Em São Paulo , num futuro não muito distante, Souza, morador de um velho edifício no centro, percebe que tem um furo na mão. Em busca de resposta a esse fato inusitado, Souza percorre a cidade congestionada, os engarrafamentos transformados em depósitos de ferro velho, um cenário caótico de uma hipotética São Paulo do amanhã. Onde não há água, nem liberdade, e a polícia prende quem estiver em pé na rua na hora do rush.”
A obra já tem vinte e três edições
no Brasil desde 1981. É um dos mais traduzidos de Loyola; recebeu o Prêmio Illa,
de Melhor Livro Latino-americano, publicado na Itália em 1983.
Deixar de ler este NÃO VERÁ PAÍS NENHUM é cavar
um buraco na inteligência.
Não lembro de já ter visto este livro. Muitos livros antigos tem uma escrita tão atual que chega a assustar. Vou anotar o título para dar uma olhada.
ResponderExcluirBjs, Rose
Obrigado, Rose.
ExcluirNão gosto muito de livros antigos :\
ResponderExcluirAbs
Repensa o que disse. Não fosse pelos, livro 'antigo' e você nem saberia ler. Existe um negócio que se chama conhecimento e cultura e muito disso veio de papiros e tabletes de barro. É necessário saber do que já foi pois é possível que você acabe inventando uma coisa já inventada - como a roda - e escrevendo algo que já foi escrito. Ou seja, copiando o 'antigo'.
ExcluirParece bom
ResponderExcluirAlguns livros antigos são enfadonhos por conta de escrita, que com tantas palavras rebuscadas cansam sua mente. Mas não parece ser o caso desse livro. Espero ter a oportunidade de lê-lo!
ResponderExcluirParece bom mas não é a minha praia :/
ResponderExcluirA leitura é sempre um processo dinâmico. Um livro antigo ou um livro novo obtêm a atualidade necessária dependendo do crivo do leitor e de sua realidade. Toda leitura é sempre uma nova leitura, um novo momento, uma nova experiência. E, do ponto de vista sensorial, emocional e racional, se for possível acrescentar, sempre achei interessante ter em mãos uma obra antiga e pouco conhecida, a me trazer visões possivelmente pouco divulgadas da realidade - e redescobertas. O livro a que o texto se refere certamente é um desses, raro não por ser antigo, mas pela riqueza que pode nos trazer.
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