Sessão Da Meia Noite: ARGO E SEUS TRÊS BLEFES


ARGO e seus TRêS BLEFES
Direção: Ben Affleck
Ano lançamento: 2012
Duração: 2 horas
Produção: G. Clooney/ B. Affleck
Elenco: Ben Affleck, Alan Arkin, John Goodman
Prêmios: Oscar, Globo de Ouro, Bafta e outros

O filme ARGO, além de ser muito mentiroso e pegajoso, é o típico produto comercial de múltiplos blefes que a América constrói, e, isso é normal em terras americanas de pôquer, caubói e outras encomendas danosas para a sociedade moderna. Quando os americanos dizem que amam liberdade isso já é um  tremendo blefe. Daí os filmes em pencas de heróis e falácias. Já dizia Brecht: Pobre do povo que precisa de heróis.
O primeiro blefe é que o tema do filme é, justamente, O Blefe. Por articulações não tão complexas os americanos, sob a tutela da inteligência da personagem de Ben Affleck, trarão, de um país alhures – na Ásia menor -  seis pessoas que lhes interessam. Diplomatas. Outras sessenta pessoas – servidores - que estão na embaixada, mesmo correndo o risco de sofrerem represália por causa dos seis fujões, não entraram na preocupação da CIA, pois eram servidores menores, portanto, descartáveis. É filme americano, logo, é fácil mentir para si e de si mesmo em sua própria História, inda mais quando o aliado é canadense;  são poucos os filmes que caminham no campo das artes na América, e, esses não veem para o Brasil. Ficam em Sundance. Quem é cinéfilo sabe do que se trata ou não é cinéfilo coisa alguma. Será apenas um consumidor do escapismo cinematográfico. Não falo da necessidade de pirotecnia nem de efeitos especiais. A criadagem muda ainda supõe que filme bom tem que ter explosões e tal... telas verdes, máscaras e tal..  ARGO é um produto bem acabado da indústria e nada mais. Enlatado para consumo pessoal. Droga nacional lá deles que nos chegam como suprassumo da cinematografia... os adictos comprarão a qualquer preço a droga que lhes querem vender.
É Blefe segundo por ser ruim – ruim e bem acabado assim como se coloca porcaria numa caixa bem embrulhada com laços e fitas -  e, por  haver obtido o Oscar sem mostrar qualquer novidade. É ruim por ser recheado de clichês. É um contínuo vazadouro de clichês. Emenda-se um lugar-comum com  outro sem deixar de fora a frase ‘você é o único que pode fazer isso...’ (frase messiânica que pulula nos filmes americanos feito pipoca); nesse caso: o único que pode fazer isso, ou salvá-los... é o tal agente da CIA, que é um messias pop, o salvador de barba hirsuta, cena completada com o inexpressivo rosto pensativo do herói do bem, Ben. Outro exemplo vem já no final quando o grupo está na alfândega, selecionado para averiguações – o militar, ladino, não acredita neles, olha de soslaio, um sexto sentido muslim o alerta de que ‘tem coisa ai’, no entanto esse mesmo militar se dispõem a telefonar para os Estados Unidos com um cartão representativo que o chefe da quadrilha – Affleck -  lhe fornece. E ainda acredita no que lhe falam do outro lado da linha, em uma credulidade de deixar perplexo até Simple Simon.
Qualquer criança aplica esse golpe: - Traga-me uma criança muçulmana!
O Blefe máximo e terceiro do filme é sua propaganda de que algo novo aí está. Vai para o Oscar, ou não vai? Você quer bacalhau? Você quer abacaxi? E abacaxi tivemos com o blockbuster assaltando centenas de cinemas do Brasil.  Bilhões verão a propaganda americana de espionagem.  E, no fim, nada de novo ali estava.  Era blefe, ops! Quem gostou do filme e não atentou para a patranha é um mau frequentador de cinema.
Repito: cinéfilo não é. É apenas um escapista que deseja esquecer o que rolou na semana: obedecer as ordens absurdas do chefe, ter de alcançar metas impossíveis. Então, no cinema ele se identifica com o barbaça, se torna herói por duas horas e está tudo bem.
Neste ano foi mais fácil encontrar novidades no Skyfall do Bond do que neste vencedor oscarino. Os roteiristas contavam uma história – segundo eles mesmos -  guardada a sete chaves pelo governo americano (uma outra história dessa de sete chaves é que em 2014 os Top Secret sobre o assassinato do Kennedy John seria liberado para a imprensa), e, tanto podia ser verdade como não. 
Blefa-se ao contar uma história real sem que tenha nada de real ali, uma vez que como filme não/verdade ele deve criar situações sydfieldianas de suspense, tensão, reviravoltas, tudo com tempo controlado e musiquinhas adequadas para tal e qual momento, com a pose de herói defensor da sociedade ocidental em meio corpo de baixo para cima.
Isso tudo mostra como o relacionamento com o Irã vai bem entre os governos com ou sem torres gêmeas.

Na chamada original estava escrito assim no cartaz: “O filme era fake. A missão não!” que  interpreto da seguinte forma: “A MISSÃO de invadir o mundo com um filme FAKE foi cumprida”.

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