O SENHOR DOS ANÉIS
Diretor: Peter Jackson
2001-2003
Elenco: Elijah Wood, Orlando Bloom, Vigo Mortensen, Ian McKellen,
Christopher Lee, Sean Astin, Ian Holm, Liv Tyller, Cate Blanchett
10 horas de duração
As
sagas da Terra Média criadas pelo venerável catedrático J. R. R. Tolkien estão
na raiz da cultura pop, influenciando de Beatles até Star Wars.
Sir John Ronald Reuel Tolkien foi
escritor inglês, poeta, filologista (especialista em idiomas e suas literaturas
consequentes), além de professor universitário. Nasceu na África do Sul, e,
depois mudou-se, bem jovem, para a Inglaterra.
O mundo da
literatura recebeu influência de Tolkien, partícipe do gênero chamado ‘fantasia
moderna’. Muitos autores também criaram mundos próprios influenciados por
Tolkien, que foi o elemento-chave para a ficção científica de Duna (de Frank
Herbert), e para a fantasia de A Cor da Magia (de Terry Pratchett). Além dos
recentes: Ciclo da Herança (de Christopher Paolini) e Artemis Fowl (de Eoin
Colfer), entre tantos outros.
A influência de
Tolkien também pode ser sentida nas artes plásticas. Muitos pintores figuram em
enciclopédias ilustradas e centenas de galerias de imagens na Internet baseados
nas obras de Tolkien. Eles retratam com primazia várias passagens dos livros. A
obra do autor marcou a música em estilos como o hard rock, new age e ramos do
heavy metal. Milhares de canções de bandas como Led Zeppelin, Blind Guardian,
Rush, Jethro Tull, e outras, são associadas às obras de Tolkien.
O
problema é que nos últimos anos, em grande parte por culpa da trilogia de
filmes de Peter Jackson, a influência sutil virou moda. Tanto cineastas como livreiros enxergaram aí uma fonte sem fim. Uma infinidade de
“autores” – a maioria um bando de jovens alienados e sem base literária alguma
- começaram a criar mundos povoados por seres fantásticos clichês, inventar
línguas desconjuntadas e sem sentido algum, encher seus livros de mapas desenhados no
joelho, numa clara demonstração de destruição da língua pátria, ou mátria, ou
frátria – parafaraseando o Velozo.
Muita
vez, em narrativas, desnecessariamente, gigantescas, divididas em vários
volumes - as tais sagas - esses sonhadores e nefelibatas sem lastro são as vítimas das editoras
fajutas que exploram o quinhão da juventude não bem formada, ainda, e pouco sábia. A garotada pensa que sabe escrever e começa a montar seus projetos que virarão filmes de Roliuidi. Exploram
a vaidade e adoram os clichês da modinha. Quase sempre vemos mais do mesmo, de
“Eragon” até “Mago”, passando pelas “Crônicas dos Senhores de Castelo”, a suprema bobagem de Nárnia, e
outros, muitos outros, milhares de chaturas de outros, escritores que falam de
uma cultura que não lhes é cabível nem reconhecível. Inventadas a partir do nada.
Tolkien
sempre falou de sua aldeia, por isso foi feliz.
A obra de Tolkien é furto de pesquisa e se baseia na saga do Anel dos Nibelungos.
O gênero, certamente, possui méritos, mas
noto que nos últimos tempos está afastando os jovens leitores de obras maduras
e de importância, fazendo-os imaginar que essa roda viva de fantasia nerd
escapista é o supra sumo da criação literária pelo simples fato de apresentar
violência, algum sexo e nacos de intriga política em meio a dragões.
O Nerd
escapismo é uma tendência que sempre existiu. Mas, desde 1818 quando Mary Shelley criou seu monstro em retalhos e o mandou para o mundo, algo que simulava a literatura gótica se
manifestou e tomou corpo entre o pessoal bem de vida que nada tinham o que fazer.
Naquele caso Nerds e Ricos e Entediados, forçados a permanecer numa ilha por
causa de erupção vulcânica na velha e Indonésia,
incluindo Byron – um lord – e seu amigo e o futuro marido da escritora, Percy
Bysshe Shelley, foram passar o verão à beira do Lago Léman. Forçados à confinação por vários dias em
ambiente fechado pelo clima hostil anormal para a época e local, os três e mais
outro hóspede, o também escritor John Polidori, passavam o tempo lendo uns para os outros
historias de horror, principalmente histórias alemãs, de fantasmas, traduzidas
para o francês. Decidiram por criar história próprias, nascendo, então, o Frankenstein.
Lord Byron, carregando sua caveira de cristal de um lado para o outro, propôs que os
quatro escrevessem alguma coisa naquele sentido; cada um com uma história de
fantasmas. Byron escreveu um conto que virou Mazzepa. Inspirado por outro
fragmento de história de Byron, Polidori escreveu o romance “O Vampiro”,
tida como a primeira história ocidental contendo o vampiro como conhecemos
hoje, e que décadas depois inspiraria Bram Stocker no Drácula.
Mas, passados vários dias, Mary Shelley não conseguira criar história alguma. Eventualmente ela veio a ter uma visão sobre o tema. A visão que teve
- um estudante dando vida a uma
criatura - tornou-se a base da história
de Frankenstein.
Dando
um monstro para não entrar em polêmica, mas, forjando dez dragões para não sair
de uma, destaco que, dependendo do dia, fugindo
aos padrões normais de temperatura e pressão - CNTP, seguindo as normas científicas, a “Guerra dos Tronos” e, consequentemente o mais soft e juvenil “Harry
Potter” entram na mesma lista de mais copiadores do original dos Nibelungos e seu verdadeiro mago Tolkien, pois, retirante a história, o plot, estão eivados de anões, gigantes, dragões, magia e espadas priápicas por todo o canto.
Hummmm sei n
ResponderExcluirNão faz muito meu estilo...
ResponderExcluirPERFEIÇÃO *0*
ResponderExcluirTanta coisa boa em apenas um post! AMOO!
Bem legal.
ResponderExcluirAlgumas obras deveriam servir "de ponte" e não "de fonte". Abrir a mente, para novas obras, e não fechar para um único estilo.
Refletindo...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirNo fim seríamos isso uma cópia de tudo que deu certo, muitos não tem a coragem de ousar e inventar novas histórias, os que não temem alcançam a glória, como foi o caso. Não que histórias como essa nunca tinham sido contadas, mas a maneira como essa foi contada é que fez a diferença, um mundo novo sem nenhum fio solto, tudo fazendo sentido e provocando encantamento. O problema é isso de sempre se fazer cópias exaustivas do sucesso, tornando tudo repetitivo, chato até. Não que eu odeie dragões, mas eles não precisam estar sempre presentes.
ResponderExcluirEssa similaridade eu já havia percebido. E, certamente, isso deixou de ser sutil. Por outro lado, há uma ou outra obra que, talvez, consiga ser minimamente original quando segue mais fielmente seu próprio mundo narrativo. Uma obra pós-Tolkien, por exemplo, é a saga da década de 70 que começou com "A espada de Shannara". Felizmente, ali, o autor, até onde li, não inventou o que não dominava e deu um embasamento que lembra um pouco a ficção-científica dos mundos devastados e reconstruídos antes das sagas juvenis de hoje em dia ( ou seja, aqui temos uma obra que serva de passagem para um novo domínio: uma aventura clássica fruto de uma fusão entre ficção-científica e fantasia... uma ficção-científica tão extraordinária que - aí sim - entrou no reino da fantasia). Em suma, para terminar: apesar do poder de iniciação à leitura, desde que não pendendo para o escapismo, as obras subsequentes ainda serão até certo ponto, que fique claro o "até certo ponto", subsequentes; enquanto que Tolkien ainda é Tolkien.
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