O Pêndulo de Foucault
livro de Umberto Eco
Editora Bompiani
Tradução José Colaço Barreiros
Lançamento 1988
Páginas 509
O Pêndulo de Foucault,
romance do filósofo, escritor, semiólogo e linguista italiano Umberto Eco, foi publicado em 1988 e ganhou o imaginário do
leitor inteligente, da mesma forma que O
NOME DA ROSA já o fizera em 80. Tramas intrigantes, detetivescas, em um
ambiente erudito e eivado de pesquisas.
Nesta trama, sociedades
secretas estão envolvidas em um plano misterioso que se basearia no governo de
toda a humanidade, com uso expressivo da magia. As citações de documentos raros
são inúmeras. Umberto Eco, como professor de semiologia, desafia o leitor ávido
a perceber seus sinais e referências ao longo da trama, lançando signos e
pistas escondidas no universo da alquimia e da mundo templário.
Dividido em dez segmentos
representados pelas dez Sefirots, tem referências esotéricas à Kabbalah e às
teorias conspiratórias. O título do livro refere-se ao pêndulo projetado pelo
físico francês Léon Foucault para demonstrar a rotação da terra. Dados da
física: trata-se de experiência para demonstrar a rotação da Terra em relação a
um referencial; prova-se, também, a existência da força de Coriolis. A originalidade do pêndulo reside no fato de
ter liberdade de oscilação em qualquer direção, ou seja, o plano pendular não é
fixo. A rotação do plano pendular é devida à rotação da Terra.
O cenário é o Musée des
arts et métiers, em Paris.
Trata-se de um livro
feito de livros.
Tem a ver com editoras,
trama de editores e segredos entre casas editoras para venderem mais esse ou
aquele autor. Belbo, Diotallevi e Casaubon (cada nome desses tem um
significado), são editores e escritores. Eles decidem inventar uma teoria da
conspiração apenas por diversão: chamaram de "O Plano." Era uma forma crítica de
usarem os interesses e crenças da plateia ávida por mistérios e venderem mais
livros sobre o mesmo tema. A realidade serve de contraponto com a ficção. Mas,
inventaram um coisa que se tornaria verdade e realidade; e eis toda a
importância do livro em termos de pesquisa e qualidade literária. Um livro
complexo como um ensaio.
Belbo, Diotallevi e
Casaubon até se perdem em meio à fantasia que criaram acreditando-a verdade. Por terceiros desconhecidos O Plano é levado a
sério. Belbo torna-se o alvo de uma sociedade secreta e tem que fugir. O
mistério dos Templários vem à tona. Dan Brown teve onde se inspirar.
Casaubon escreve sobre os
Templários: um livro não-fictício. Belbo é editor e Diotallevi é cabalista. O trio se vê perseguido por fanáticos e
conhecedores da verdade absoluta. Cada um deles com a sua verdade, como sempre.
Pobre daquele que pensa ter a única e inexistente verdade. Tudo isso nos levará
à exacerbação da Razão. Aventuras concatenadas em lógica que nos levam à
fraude.
O livro ainda cita o Rei
de França, o Graal e as mortes e prisões de cavaleiros na aziaga sexta feira
13.
De acordo com o livro os
Templários assumiriam o mundo em 1944; O PLANO esteve suspenso devido à eclosão
da Segunda Grande Guerra. Mais tarde, então, o famoso Conde de Saint Germain em
pessoa – usando outro nome - aparece a
eles provando sua longevidade e provável eternidade. A história recebe uma dose
de folclore brasileiro quando o protagonista vem ao Brasil e relaciona-se com
Amparo uma umbandista que em transe aponta fatos secretos importantes.
Como escritor muito bem
lido e bem editado, Umberto Eco ainda nos brinda com críticas às Editoras
fajutas que pululam por ai, aos montes, e, nos cercam com sua senha pelo dinheiro
do pobre e equivocado escritor. O escritor que sempre se acha um gênio
incompreendido.
Belbo, Diotallevi e
Casaubon estão submersos em manuscritos ocultos. Desenvolvem, na verdade, o tal
"O Plano", como um jogo
intelectual. Belbo tem um computador que reorganiza, ao acaso, os textos,
tornando-os mais secretos e crípticos. Correntes Telúricas, Cruzadas,
movimentos tectônicos, umbilicus mundi, são indicadores das conexões de “O
Plano” com as sociedades secretas. Os instrumentos cruciais para achar o local
enigmático são um mapa especial e o Pêndulo de Foucault.
“O Plano” influi nas
mentes dos editores.
Na lista secreta aparecem
Templários, Rosacrucianos, Palacianos e Sinarquistas...
Mas Umberto Eco também
faz de seu livro um plano de jogo de palavras e usa não somente o filósofo Michel
Foucault, como também sua obra: As Palavras e as Coisas onde Foucault trata do
surgimento do homem, enquanto sujeito histórico, desenvolvendo uma arqueologia
do saber.
Eco relaciona o mundo da
magia com a ciência onde o parâmetro comum é o Ser Humano.
De certa forma Umberto Eco
ecoa em Dan Brown, por levar a sério um monte de bobagens sobre ocultismo.
Certamente Brown, como escritor profissional, apenas usou de material que o
leitor comum deseja ver tornado em realidade. Como realidade não é, o deverá ser pelo menos
na ficção.
O livro “O Pêndulo de
Foucault” brinca com teorias conspiratórias. Eco usou mais de mil livros na sua
pesquisa. Há um grande número de ingredientes esotéricos. O mais empedernido
dos fanáticos atingirá o gozo celestial ao ler esta obra de Umberto Eco. Ele mesmo diz: - É fácil fazer uma profecia. Os antigos
profetas sabiam como associar todas as ideias que rolavam pela cabeça do povo.
Umberto faz o mesmo. As
pessoas sedentas por mistérios serão facilmente convertidos.
Chesterton: "Quando os homens não acreditam mais em Deus, isso não se deve ao fato de eles não acreditarem em mais nada, e, sim ao fato de eles acreditarem em tudo".
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