A CONVIDADA
Simone de Beauvoir
Tradução Vítor
Ramos
Editora rioGráfica
1986
Páginas 488
Edição primeira
1943
Mulheres e suas inter relações e seus conflitos. ‘A
Convidada’ é primeiro livro e romance de Simone de Beauvoir. Os conflitos de
uma mulher de trinta, pré-balzaquiana.
Rola por aqui a filosofia existencialista, o amor pluriangular,
a questão do ciúme; a decepção, a raiva, frustração, individualidade entre outros
adjetivos, e, tudo aquilo que perpassa pelo ser humano. Mas, nesse caso, frutos
do relacionamento da autora com Sartre e amantes consentidos.
Paris antes da II Guerra é o cenário. Boemia, intelectuais,
e, escritores. O sonho de consumo de muito artista.
O casal do livro tem uma forte ligação intelectual e são
apaixonados, como ela e Sartre.
Começa o triângulo com a chegada de uma estudante.
A noviça no pedaço.
Ciúmes, perda da essência e decepção com a relação
que parecia estável.
A presença sufocante da estudante precisa ser
abolida a todo custo.
Simone de Beauvoir é um dos maiores nomes da
literatura internacional; filosofia, sociologia
e feminismo são seus campos
Suas novelas e romances seguem traços
autobiográficos, essencialmente.
A obra ‘A Convidada’ traz reflexões sobre a convivência
entre homens e mulheres. Explora-se, aqui, as miudezas humanas sob a óptica do
existencialismo.
Um ponto: -
Como é que nós fazemos da vida um teatro? Como atuamos preocupados com o que pensam de nós? - Pondera Beauvoir sobre o ser humano com ele
próprio, e, com as outras pessoas. Ela mostra a dependência das pessoas entre
si.
Citação de Zeno:
"Olhou em torno com angústia; não, nada poderia ajudá‐la. Precisava arrancar‐se a si própria de orgulho, de piedade ou de ternura. Sentia dores nas costas, nas têmporas, mas até essa dor lhe era estranha. Precisava ter alguém ao lado, para se lamentar: 'Estou cansada, sou infeliz'. Então, aquele instante vago e miserável tomaria, com dignidade, o seu lugar na vida. Mas não havia ninguém."
No romance as três personagens possuem
incontáveis dúvidas sobre mudanças na vida. A autora aponta especificidades de
cada sexo, afirmando sua posição feminista.
Sugiro dar continuidade em ‘Mulher Desiludida’,
alternando tal leitura com ensaios sobre existencialismo. Há que se entender a
filosofia de vida de Simone. Não é igual
à corriqueira, à do dia a dia, mesmo à
do atual modo de vida americano, ou, mesmo brasileiro. Depois, leia-se ‘Os
Mandarins’.
‘A Convidada’, então, completa 70 anos+: “não se nasce mulher, torna-se mulher”, que a leitora
encontrará no seguinte livro ‘O Segundo Sexo’, muda o
pensamento ocidental. Ainda por cima a obra também
questiona o modelo burguês de casais e casamentos – pauta bem atual - e, da construção das novas famílias; e mais: -
liberdade, da ação e da responsabilidade individual.
Simone “Beaver” de Beauvoir, Recebeu o Prêmio Goncourt,
com outra obra;
manteve parcerias, cartas e amores com o francês
Jean-Paul Sartre e com o escritor americano Nelson Algren, seu amor
transatlântico.
Beauvoir escreve sobre si mesma: deseja se compreender
e de se constituir numa combatente permanente na literatura e na liberdade.
Teremos a vida toda para sermos nós mesmos.
Para Beauvoir tudo é construído; nada é por ser
apenas; a felicidade, a identidade pessoal, as pessoas que têm a responsabilidade
de moldar seus próprios destinos.
Beauvoir e Sartre assinaram um contrato de dois anos
de casamento, renovável, para viver, nesse período, “na mais estreita
intimidade possível”, mas, distinguindo “amor necessário” (o deles) e “amores
contingentes” (os amantes). Separavam-se e uniam-se constantemente para que
cada um obtivesse novas experiências – havia sofrimento aí, é claro – que era o
preço a pagar pela liberdade.
Em ‘Memórias de uma Moça Bem-Comportada’, empenhou-se em
mostrar que eles passaram pela prova, e, que a partir daí formaram um corpo
único com duas cabeças.
Fugiu do casamento, viveu sua bissexualidade, renunciou
à maternidade, que lhe tomaria muito
tempo e liberdade, lembrando claramente da Lilith da lenda judaica. Questionou
a “feminilidade”, que para ela era algo fabricado.
Beauvoir ataca ponto por ponto as cadeiras e
formulário de antropologia, sociologia, psicanálise, etnologia, literatura e
história, que formavam o imenso edifício sobre o qual se assentava e
justificava a dominação masculina de todos os tempos.
Só adultos lerão tais obras.
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