Resenha : Paperboy | Pete Dexter





Título: Paperboy
Autor: Pete Dexter
Editora: Novo Conceito
Número de páginas : 336
Classificação★ ★ 



Sinopse

Paperboy - Hillary Van Wetter foi preso pelo homicídio de um xerife sem escrúpulos e está, agora, aguardando no corredor da morte. Enquanto espera pela sentença final, Van Wetter recebe cartas da atraente Charlotte Bless, que está determinada a libertá-lo para que eles possam se casar. Bless tentará provar a inocência de Wetter conquistando o apoio de dois repórteres investigativos de um jornal de Miami: o ambicioso Yardley Acheman e o ingênuo e obsessivo Ward James.

As provas contra Wetter são inconsistentes e os escritores estão confiantes de que, se conseguirem expor Wetter como vítima de uma justiça caipira e racista, sua história será aclamada no mundo jornalístico. No entanto, histórias mal contadas e fatos falsificados levarão Jack James, o irmão mais novo de Ward, a fazer uma investigação por conta própria. Uma investigação que dará conta de um mundo que se sustenta sobre mentiras e segredos torpes.

Best-seller do The New York Times, Paperboy é um romance gótico sobre a vida aparentemente sossegada das cidades do interior. Um thriller tenso até a última linha, que fala de corrupção e violência, mas que, ao mesmo tempo, promove uma lição de ética.






Resenha :




"Não Existem Homens Íntegros"

            
Paperboy é o livro dos excessos, não haveria melhor adjetivo para defini-lo. Consiste em um thriller investigativo, mas sobretudo é um retrato das relações humanas que almejam o benefício próprio, seja este benefício de caráter profissional, sexual, ou a própria liberdade. Ao lermos Paperboy, somos transportados para os Estados Unidos no final da década de 60. Logo no início da narrativa nos é informado o assassinato do xerife Thurmond Call do condado de Moat. Call durante seus quase 34 anos de serviço matou 17 pessoas, dentre elas 16 eram negras. Sua última vítima foi Jerome Van Wetter, branco. Jerome era primo de Hillary Van Wetter, um homem conhecido pelo seu temperamento explosivo e atos de violência. Hillary foi condenado pelo assassinato do xerife, segundo as autoridades, o crime fora cometido por vingança.
          

 No Corredor da Morte, Hillary recebe cartas da atraente Charlotte Bless, mulher que jamais vira, mas que está disposta a libertá-lo para que possam se casar. A senhorita Bless entrará em contato com dois jornalistas investigativos com fama em ascensão, Ward James e Yardley Acheman, que farão de tudo para coletar informações negligenciadas durante o processo, pois almejam publicar uma matéria digna do Pulitzer.
         

 O livro é narrado em primeira pessoa por Jack James, irmão de Ward James, que se torna motorista dos jornalistas durante a investigação. Jack está iniciando sua vida sexual e se vê envolto em fantasias com mulheres mais velhas, fantasias estas que são alimentadas direta e indiretamente por Charlotte Bless.


Alguns momentos do livro podem despertar no leitor excitação, indignação ou até repulsa, por se tratar de uma narrativa muito explícita, o autor em nenhum momento faz uso de eufemismos ou termos mais suaves. Talvez por isso seja considerado um romance gótico. Alguns acontecimentos nos deixam boquiabertos e estupefatos.  

Por ser narrada em primeira pessoa temos uma visão unilateral da história. Em alguns momentos, confesso que fiquei curioso para saber como os outros personagens estavam digerindo determinados fatos e situações. Talvez se cada capítulo tivesse um narrador diferente a história teria sido melhor explorada. 


Somos inseridos na década de sessenta e alguns traços sociais ficam bem evidentes, tais como, a submissão feminina, a homofobia e o racismo. Os modelos dos carros são uma forte marca do tempo que está ocorrendo a história.


A história do livro me prendeu do início ao fim, li muito rápido! Os personagens são muito bem construídos, é impossível não admirar Ward James e não ri das loucuras de Charlotte Bless, - “Essa mulher é muito descompensada”! Uma dúvida paira no ar durante, praticamente, toda a narrativa – “Será que ele é inocente ou culpado?”


O livro está dividido em duas partes: o período pré-publicação, de coleta dos fatos e o período pós-publicação, com a repercussão da matéria. Não é um livro de fácil digestão, não é todo mundo que vai gostar. Como eu queria experimentar algo diferente, valeu muito à pena. Recomendo fortemente para jornalistas e interessados n

a área de jornalismo investigativo.

O final do livro pode ser bom ou ruim a depender da maneira com que você enxerga o objetivo de Pete Dexter ao escrevê-lo. Logo quando terminei de ler não gostei da conclusão da narrativa. Hoje, acho que o final merece uma atenção maior, uma discussão mais ampla, um esmiuçamento.


                                         



            

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