Título: Os Óculos de Heidegger
Autor: Thaisa Frank
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 288
Classificação: ★★★★★
Sinopse: Em
seu livro de estreia, Thaisa Frank mescla filosofia e romance em uma história
inusitada. O cenário é a Operação Postal, programa nazista em que um grupo de
intelectuais respondia às cartas enviadas aos prisioneiros dos campos de
concentração com objetivo de garantir sigilo sobre a Solução Final. Certo dia,
uma tarefa é passada pelo próprio Goebbels: responder a uma carta do filósofo
Martin Heidegger para seu amigo e oculista Asher Englehardt, prisioneiro de
Auschwitz. Diante da suspeita de que talvez a prosaica correspondência contenha
algum tipo de mensagem cifrada que poderia desmantelar os planos do Terceiro
Reich, os escribas e seus líderes se veem às voltas com o desafio de responder
ao filósofo de uma forma que desencoraje uma nova troca de cartas e garanta a
permanência tranquila do grupo.
– Resenha –
Durante
a Segunda Guerra Mundial foi criado o
Briefaktion, também conhecido como Operação Postal, que consistia no
trânsito de cartas escritas por presos dos Campos de Concentração para suas
famílias. O conteúdo das cartas não expressava a realidade, pois a grande maioria
delas havia sido escrita sob coerção e violência.
As
cartas nunca seriam lidas, boa parte dos destinatários havia desaparecido, foi
mandada para os campos de concentração ou estaria morta.
Adolf
Hitler fora um líder muito supersticioso. Criou-se um grupo de místicos e
médiuns (Sociedade Thule) que ficara encarregado de canalizar conselhos do
plano astral que favorecessem o poderio alemão e a omissão da Solução Final -
os massacres nas câmaras de gás.
Joseph
Goebbels foi um dos braços direitos de Hitler, ele desdenhava de sua crença no
sobrenatural. Os mais crentes acreditavam que as cartas deveriam ser respondidas,
ou então, os mortos se voltariam contra os vivos, revelando as mortes no campos de concentração.
Para
atender as convicções dos espiritualistas, foi criado um abrigo subterrâneo
onde vários escribas poliglotas ficaram encarregados de responder as cartas aos
mortos. O Complexo dos Escribas era secreto, poucos tinham conhecimento da sua
existência.
O
complexo fora planejado por um arquiteto, tinha um circuito de engrenagens que
permitia que o teto da caverna simulasse o céu diurno e noturno. Os escribas
eram abastecidos com pertences de famílias mortas ou levadas aos campos de
concentração. Eles ficavam dia e noite datilografando respostas às cartas nos mais variados idiomas.
A
carta de um filósofo vai perturbar a rotina do complexo. Heidegger quer
notícias do seu amigo e oculista, Asher Englehardt, que fora enviado a Auschwitz,
solicita também óculos novos. Quem responderá a carta de Heidegger? Como evitar
que ele descubra a Solução Final? Quem estaria apto a responder com uma
linguagem filosófica sem levantar suspeitas?
Que
livro bom! Impossível parar de ler. A escrita é muito convidativa. De repente
você está envolvido nos dilemas e angústias dos personagens e precisa saber o
destino de cada um deles. O complexo se torna um abrigo e ao mesmo tempo uma prisão
para aqueles indivíduos que não tem certeza de nada na vida, só que a qualquer
momento podem ser mortos.
Ao
final de cada capítulo são apresentadas cartas escritas por vítimas da
barbárie dos campos de concentração.
Os sentimentos dos personagens são tão bem explorados, é possível que se esqueça que trata-se de um romance ficcional. Temos ainda a heroína Elie Kowaleski, linguista encarregada de buscar suprimentos para os escribas. Elie se envolve com Gerhardt Lodenstein, e terá que enfrentar conflitos psicológicos e risco de morte para viver seu grande amor.
Tá esperando o que... leia!!!
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