Resenha: Toda Poesia | Paulo Leminski

Título: Toda Poesia
Autor: Paulo Leminski
Editora: Companhia das Letras
Número de Páginas: 424
Classificação:      
Sinopse: Paulo Leminski foi corajoso o bastante para se equilibrar entre duas enormes onstruções que rivalizavam na década de 1970, quando publicava seus primeiros versos: a poesia concreta, de feição mais erudita e superinformada, e a lírica que florescia entre os jovens de vinte e poucos anos da chamada “geração mimeógrafo”.
Entre sua estreia na poesia, em 1976, e sua morte, em 1989, a poucos meses de completar 45 anos, Leminski iria ocupar uma zona fronteiriça única na poesia contemporânea brasileira, pela qual transitariam, de forma legítima ou como contrabando, o erudito e o pop, o ultraconcentrado e a matéria mais prosaica. Não à toa, um dos títulos mais felizes de sua bibliografia é Caprichos & relaxos: uma fórmula e um programa poético encapsulados com maestria.
Este volume percorre, pela primeira vez, a trajetória poética completa do autor curitibano, mestre do verso lapidar e da astúcia. Livros hoje clássicos como Distraídos venceremos e La vie en close, além de raridades como Quarenta clics em Curitiba e versos já fora de catálogo estão agora novamente à disposição dos leitores, com inédito apuro editorial.
O haikai, a poesia concreta, o poema-piada oswaldiano, o slogan e a canção - nada parece ter escapado ao “samurai malandro”, que demonstra, com beleza e vigor, por que tem sido um dos poetas brasileiros mais lidos e celebrados das últimas décadas. Com apresentação da poeta (e sua companheira por duas décadas) Alice Ruiz S, posfácio do crítico e compositor José Miguel Wisnik, e um apêndice que reúne textos de, entre outros, Caetano Veloso, Haroldo de Campos e Leyla Perrone-Moisés, Toda poesia é uma verdadeira aventura - para a inteligência e a sensibilidade.
- Resenha -


Toda Poesia é a coletânea completa das poesias feitas pelo magnífico, Paulo Leminski. Com um estilo simplório e ainda sim complexo, as poesias me conquistaram, deixaram brilhos nos meus olhos e me fizeram devorar cada verso como se procurasse ar para viver.

 “Mandei a palavra rimar,
ela não me obedeceu,
falou em céu, em rosa,
em grego, em silêncio, em prosa.
Paródia fora de si, a sílaba silenciosa.

Mandei a frase sonhar,
e ela se foi num labirinto.
Fazer poesia, eu sinto apenas isso.
Dar ordens a um exército,
para conquistar um império extinto.”

Os brasileiros não estão acostumados a lerem livros de poesia, é uma tarefa complexa e vista muitas vezes como desnecessária. Crescemos, lemos algumas líricas clássicas na escola, como obrigatório na disciplina de literatura. Após lermos tantas poesias com linguagens rebuscadas, sem sentidos aparentes que quebram a cabeça de todos, criamos aversão à lírica, à poesia. Algo justificável, mas ainda sim terrível.
Então, podemos nos deparar com este livro. Com linguagem tão simples e um sentido facilmente interpretável. Paulo Leminski não queria fazer poesia para si. Ele queria fazer poesia para que todos a amassem, a adorassem como ele. Para que vissem como é bela a brincadeira entre palavras, como é inspiradora as mensagens transmitidas através de seu verso. Ao ler Toda Poesia, encontramos um estilo completamente diferente do que estamos acostumados. O medo de não entender, a sensação de que será uma leitura enfadonha, passa rapidamente, sendo substituída por uma bela e grande admiração, por paixão que não cabe no peito, pelo desejo de sermos nós mesmos poetas e podermos criar essa mágica. Toda a aversão inicial à poesia é substituída instantaneamente pelo mais belo e puro fascínio.
O que são essas palavras? Como ele consegue transmitir isso? Como ele consegue dar esse tom satírico, erótico, romântico, piadista e em todas as vezes, existencialista em suas poesias? É um mestre das poesias, que consegue unir o mais belo dos clássicos com o melhor da atualidade, do coloquialismo do nossa dia a dia, mostrando para todos que a poesia é acessível a todos nós. Todos nós podemos ler, admirar, nos apaixonarmos por versos que passam tão rápido e são logo substituídos por outro que despertam os mesmos sentimentos cada vez mais fortes.

“eu te fiz
agora

sou teu deus
poema

ajoelha
e
me
adora”

Toda Poesia é sim um livro que todos devem ler. É aquele livro que você deve carregar consigo para o fim do mundo. Sem obrigações e sem pressão, apenas o prazer da leitura, o encantamento deve preencher você durante a leitura. Já leu, concorda comigo, não concorda? Diz aí embaixo. Não leu? Diz para mim o que achou e se está aberto a esta magnífica experiência.

Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário