Crítica | Animais Fantásticos e Onde Habitam

Título: Fantastic Beasts and Where to find Them  |Animais Fantástico e Onde Habitam
Direção :David Yates
Roteiro : J. K Rowling
Elenco:Eddie Redmayne, Katherine Waterston, Dan Fogler,Alison Sudol, Colin Farrell,Ezra Miller, Samantha Morton, Jon Voight, Johnny Depp
Gênero : Fantasia, Aventura
Classificação:
Sinopse: O excêntrico magizoologista Newt Scamander (Eddie Redmayne) chega à cidade de Nova York levando com muito zelo sua preciosa maleta, um objeto mágico onde ele carrega fantásticos animais do mundo da magia que coletou durante as suas viagens. Em meio a comunidade bruxa norte-america, que teme muito mais a exposição aos trouxas do que os ingleses, Newt precisará usar todas suas habilidades e conhecimentos para capturar uma variedade de criaturas que acabam fugindo.


                                           Resenha

Se houvesse uma palavra para descrever esse filme, certamente seria Nostalgia. O Mundo Bruxo está de volta e Deus, como é bom! Não, não se trata de uma continuação da saga do bruxo mais conhecido do mundo. 

Animais Fantásticos e Onde Habitam se passa quase 70 anos antes. Desta vez até o país é diferente, tudo se passa nos Estados Unidos, Nova York em 1926 mais precisamente, após 1º Guerra Mundial, pré A Grande Recessão. E por falar em diferenças com a história anterior, saiba que elas estão aqui aos montes.

A primeira delas é a mais gritante e perceptível. Trata-se de um filme mais maduro. Aqui não encontramos crianças aprendendo sobre a magia e absorvendo os ensinamentos dos professores e situações (meio inusitadas) em Hogwarts. O que encontramos são adultos, que já sabem lidar com o mundo mágico, se defender e entendem os riscos de usa-las, principalmente com os “não-maj” (que conhecemos como “trouxa”, já falaremos disso). Então, como uma pessoa que nunca acompanhou Harry Potter pode entender a trama? A resposta para essa pergunta é: pelos personagens.

Primeiro de tudo: PRECISAMOS FALAR SOBRE EDDIE REDMAYNE. Sim, em letras garrafais. Ninguém poderia interpretar um Newt Scamander melhor, porque ELE É O NEWT. Os cabelos desgrenhados, a timidez em excesso com as pessoas o torna um personagem tão interessante que parece ter sido escrito para ele. O Magizoologista é fascinado por animais um tanto exóticos, e diferente de todos os outros, o que ele mais almeja é pesquisa-los e mostrar ao mundo que tais não são perigosos por intermédio de um livro. O que torna Newt tão amável à primeira vista é que, por mais tímido que ele seja com as pessoas, essa característica deixa de existir quando ele entra na maleta. É ali onde ele se encontra, é ali que ele se sente completo.

A propósito, a maleta é um dos pontos fortes do filme. É um mundo particular, adaptando ambientes para cada animal existente. Se um se sente mais confortável no calor, há calor, se precisa de um ninho para se manter aquecido, há o ninho, e assim sucessivamente. 

Se tiver a oportunidade de ver esse filme em 3d, por favor, faça. Os animais são mesmo fantásticos (Pelúcio é de perto o mais fofo).

Depois de Newt e seus animais, nós temos o alivio cômico de Jacob (Dan Fogler), um operário de uma fábrica de enlatados que sonha em ser padeiro e sem querer é envolvido pela confusão causada pela fuga de alguns animais da maleta. É através dele que o público que não acompanhou a saga de Harry Potter entende a trama, porque para ele, tudo também é muito novo. As suas reações de surpresa, susto, deslumbramento são as mesmas que nos acompanham o tempo inteiro. Jacob é o personagem mais carismático, é naturalmente engraçado e divertido, mas não é o único que funciona nesse filme.

Tina (Katherine Waterston) é uma ex auror (cargo importante no mundo mágico) faz o estilo certinha e está tentando consertar seus “erros” ao ajudar Newt a recuperar suas criaturas. Queenie (Alison Sudol), irmã de Tina, é encantadora e delicada, com a capacidade de ler mentes. Colin Farrell está excelente como Percival Graves, um auror que secretamente tem divergências com a ideologia da Macusa (Ministério da Magia dos Estados Unidos). Samantha Morton gera desconforto com seu fanatismo pela caça às bruxas. O Único personagem que ficou com uma participação sem acréscimo algum a história foi o de Jon Voight. Ele interpreta o dono do principal jornal, mas a sensação é que ele foi inserido lá, e só. Outra ressalva: EZRA MILLER. Sem spoiler, o novo Flash é um excelente ator, é tudo que posso dizer.

David Yates retorna à direção do mundo criado por J. k. Rowling (ele havia dirigido os últimos 4 filmes de Harry Potter), é apesar de algumas polêmicas em alguns dos filmes anteriores, a direção é muito acertada aqui. Minha única critica é que o filme tem tons muito escuros, isso chega a incomodar. Não era necessário mostrar uma Nova York nos anos 20 tão escura, embora esse pequeno problema não tire a beleza nova-iorquina. 

Falando de J. K. Rowling... o que falar dessa mulher?! O roteiro é assinado por ela, e é muito bem escrito. É muito claro o quanto ela entende do mundo que criou, historicamente, seja no mundo real ou fictício. Ela relaciona ambos com uma facilidade de dar inveja a muitos roteiristas. A trama gira em torno de assuntos como minoria e como lidar com ela, já que a Macusa de esforça e muito para que os “não-maj”(nomenclatura diferente da que conhecemos para os não bruxos nos Estados Unidos) não saibam da existência deles, da caça às bruxas com A Nova Salem, e utiliza as mesmas técnicas que eram usadas para “descobrir” se uma criança é bruxa ou não e por mais fantasiosa que seja a trama, esses detalhes a torna mais verossímil. Os elementos já conhecidos por nós, juntamente com outros novos nos dá uma satisfação sem tamanho. A mesa sendo posta, a máquina de escrever, se junta com a de costuma e mudanças de roupa com apenas um feitiço, faz o coração se deleitar com cada acontecimento. E Grindewald? Está presente, mas não é o principal. A participação de Johnny Depp é muito menor do que o esperado. Ele está lá, mas como o coadjuvante que se tornará o principal vilão das tramas que se sucederão.

Animais Fantásticos e Onde Habitam é um filme aventureiro, mas ainda assim tem elementos pesados, e surpreendentes. Não nos deixa no conformismo tediante de "eu já vi isso antes". 

A sensação é a mesma de assistir A Pedra Filosofal pela primeira vez, é o pontapé inicial para algo promissor e esperamos que dê muito certo. O filme funciona, deixa várias pistas para os próximos, então, que venha os outros 4!

                                     “Mal feito, feito!”



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