Crítica: Ghost In The Shell - A Vigilante Do Amanhã

Título: Ghost In The Shell - A Vigilante do Amanhã
Diretor: Rupert Sanders
Roteiro: Jamie Moss e William Wheller,baseados no mangá 'The Ghost in the Shell' de Masamune Shirow.
Distribuidora: Paramount Pictures
Elenco: Scarlett Johansson, Pilou Asbæk, Takeshi Kitano
Gênero: Ficcção Científica, Ação
Classificação: Nenhum texto alternativo automático disponível.

Sinopse: Em um mundo pós-2029, é bastante comum o aperfeiçoamento do corpo humano a partir de inserções tecnológicas. O ápice desta evolução é a Major Mira Killian (Scarlett Johansson), que teve seu cérebro transplantado para um corpo inteiramente construído pela Hanka Corporation. Considerada o futuro da empresa, Major logo é inserida no Section 9, um departamento da polícia local. Lá ela passa a combater o crime, sob o comando de Aramaki (Takeshi Kitano) e tendo Batou (Pilou Asbaek) como parceiro. Só que, em meio à investigação sobre o assassinato de executivos da Hanka, ela começa a perceber certas falhas em sua programação que a fazem ter vislumbres do passado quando era inteiramente humana.


                                           Crítica

Adaptado do mangá (1989) e da animação (1995) homônimas, 'Ghost in the Shell' é visualmente incrível e faz juz ao mundo futurista cyberpunk originalmente concebido pela genialidade de Masumune Shirow. É com felicidade que a obra que influenciou a cultura pop, especialmente no cinema (vide Matrix e Minority Report), chega aos cinemas mundiais em um live-action ,- produção com atores -, empolgante e nostálgico.


Inicialmente, o espectador ficará maravilhado com toda a tecnologia futurista e as projeções holográficas de uma metrópole viva e pulsante, que se apresenta como um organismo vivo. Mas não é apenas por isso que ele é um filme que vale a pena ser assistido em uma sala 3D. Não se trata de uma obra convertida para o 3D apenas por lucro, a idéia inicial realmente visava explorar o máximo desse recurso, garantindo uma experiência singular de imersão à realidade espaço temporal de Major (Scarlett Johansson), nossa protagonista e guia.

A escolha de Johansson para o papel principal, já que no mangá e na animação Major tem traços nipônicos, foi muito criticada e por isso o filme foi taxado de xenófobo (averso a estrangeiros). Porém, essa acusação não se sustenta ao analisar o roteiro da obra e a diversidade étnica do elenco. Embora não se aplique ao filme, esse tipo de acusação está na verdade para além de um problema recorrente em Hollywood, ou da cultura de massa em si, ela reflete a delicadeza dos tempos atuais ao se preocupar com o respeito e a tolerância entre pessoas de grupos distintos. Esse ponto da atualidade é interessante ao ser contraposto com a realidade de Major, uma garota que tem apenas o cérebro como parte fisiologicamente humana em uma sociedade dominada pelo crescente aprimoramento tecnológico do corpo humano e a convivência diária com robôs. Major está fadada a representar o futuro do futuro de uma sociedade, aliando e contrapondo interesses da ciência, do mercado empresarial e do Estado. Ela é o ápice de uma revolução.


A trama se desenvolve em torno dessa pessoa, que já não sabe se sua identidade humana ainda subsiste em sua natureza cibernética. Infelizmente, é nesse ponto em que o filme não consegue se conectar à filosofia de Shirow, que é crucial para o desenvolvimento completo da personagem. Esse é o único ponto que não torna o filme perfeito. A narrativa acaba por sufocar os questionamentos internos de Major, como se eles já estivessem sido dados. Compreendo que os moldes narrativos norte-estadunidenses são avessos à explicações excessivas, deixando o espectador  preencher toda a lacuna das entrelinhas, mas nesse caso, as entrelinhas contêm entrelinhas. As questões levantadas por Major nos originais são perguntas de dizem respeito à própria humanidade. A grande riqueza da obra é a sua filosofia. Não era necessário copiar o modelo narrativo original, mas ao menos dar espaço para que os questionamentos surgissem naturalmente. 



Tecnicamente, o filme é uma obra de arte. Desde Johansson, com uma atuação original e analógica, encarnando muito bem a personagem, passando pelo ritmo acertado, os enquadramentos de camêra e a fotografia baseados visivelmente nas técnicas de mangá e a excelente maquiagem. Fora os efeitos visuais, já citados.



Acredito no sucesso do filme nas bilheterias mundias, os elementos indicam isso. O filme é excelente e prende o espectador do início ao fim em uma tensão muito bem trabalhada. Destaco a presença que a Scarllet possui em cena, mesmo interpretando uma personagem que vive ausente de si mesma. 



Por fim, para aqueles que amarem o filme, recomendo que também busquem o mangá, o filme de animação de 95 e as três temporadas da série animada que se seguiram para curtir ainda mais essa incrível obra.






Escrito por: Lucas Nascimento dos Santos

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