Crítica | Antes Que Eu Vá (Before I Fall)

Título: Antes que eu vá (Before I Fall)
Diretor: Ry Russo-Young
Roteiro: Maria Maggenti (baseado no romance de Lauren Oliver)
Distribuidor: Paris Filmes
Elenco: Zoey Deutch, Haslton Sage, Elena Kampouris, Logan Miller, Cynthy Wu, Medalions Rahimi, Kian Lawley, Erica Trembley.


Classificação: Nenhum texto alternativo automático disponível.


Sinopse:


Samantha Kingston (Zoey Deutch) é uma jovem que tem tudo o que uma jovem pode desejar da vida.. No entanto, essa vida perfeita chega a um final abrupto e repentino no dia 12 de fevereiro, um dia que seria um dia como outro qualquer se não fosse o dia de sua morte. Porém, segundos antes de realmente morrer, ela terá a oportunidade de mudar a sua última semana e, talvez, o seu destino.



Crítica



Se a inocência reside na infância, indubitavelmente a beleza nasce na juventude. Infelizmente, não no mesmo momento em que surge a maturidade e, por isso, libertar-se de pressões sociais para fazer o que se pense ser certo exigirá um processo de amadurecer, mesmo antes da hora. Juventude e infância são unidas por um sentimento de infinitude da vida e imortalidade do ser e são regidas por coisas não quantificáveis, como o prolongamento ao infinito de uma dizima periódica de felicidade compartilhada.



'Antes que eu Vá', filme baseado no best-seller homônimo de Lauren Oliver, não é nenhuma obra de arte, considerando inicialmente todos os seus aspectos, mas cumpre muito bem a função da obra de arte, que é emocionar. Somos inicialmente apresentados à Samantha Kingston (Zoey Deutch), que em algo muito próximo a um prólogo cinematográfico, nos introduz aos acontecimentos como uma narradora personagem. A fotografia se destaca desde o início pelo seu tom bastante sóbrio, principalmente nas cenas externas, as cores frias no figurino e na cenografia ajudam a dar um tom nublado em todo o filme, o que acaba por combinar com o estado psicológico de nossa protagonista - e ela ama esse clima.


Verdade seja dita e ressaltada, em tempos de 13 Reasons Why, a série do serviço streaming Netflix que também é baseada em um livro que trata sobre a temática bullying, 'Antes que eu vá', apesar de ser mais leve que a série em questão, (vide classificação indicativa), é incisiva em sua abordagem sobre o bullying e de como isso afeta as pessoas, desse modo, também se torna uma obra igualmente importante sobre a temática para essa década. 

O filme mostra de uma forma bastante verdadeira, despida de clichês ou moralismo em sua mensagem, o quanto um dia na vida estudantil pode ser uma festa para alguns e mais uma desesperadora tortura para outros. Explicita com bastante sensibilidade a necessidade de ser gentil e de lidar com as diferenças, do quanto podem sofrer até mesmo as pessoas mais duronas. Demonstra como o ser humano, mesmo na fase da inocência, não tendo passado para a fase da beleza, pode ser cruel com seu semelhante.

Essa necessidade de ser gentil não é algo presente na vida de nossa protagonista, que acaba presa em um dos desdobramentos da teoria do caos, explicada brevemente em uma conversa quase banal para lhe conferir naturalidade e não parecer uma explicação direta, o que pode lhe fazer passar despercebida - por isso atenção às entrelinhas. É a partir dessa prisão caótica que partirá o ponto de reflexão da Samantha. Redescobrindo a vida e os vivos que lhe cercam, é assim que Sam redescobre a si mesma em uma jornada não exatamente filosófica, mas profundamente passional.

Em meio ao clima nublado, é a beleza da amizade e até mesmo a futilidade de Sam e suas amigas que se tornam o sol do filme. Samantha é a mais sensível do grupo e a que mantêm todas unidas. A família também é algo retratado, ficando a fofura de Erica Trembley (irmã de Jacob e Emma Trembley), como ponte para explorar esse núcleo.

Um dos segredos da mágica do filme não é somente expôr os sofrimentos, mas desvendar as motivações disso diretamente, sem apenas lançar suposições, mas desnudar as personalidades de seus personagens. Aqui destaca-se a escolha pelo elenco, que não optou por colocar atores bem mais velhos para interpretar adolescentes. Repete uma das fórmulas de sucesso da obra de maior relevo nos últimos anos ao ter esse tipo de elenco e tratar de forma crua os dramas da juventude, da adolescência ao começo da vida adulta, a série britânica Skins.  


Ao fim, a garantia de uma desconcertante emoção é garantida. O que fica ao espectador é poder vislumbrar mais uma vez pelas cores do cinema a vida enquanto um precioso presente, por sermos quem somos e fazer o que fazemos, propicia nos redescobrir e nos projetar igualmente na tela branca da sala escura. 
É a literatura recriando a vida e o cinema dando formas e profundidade a uma história já conhecida.



Escrito por: Lucas Nascimento dos Santos.

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Um comentário:

  1. Acabei de ver o filme, achei fabuloso, me fez ver a vida, os meus dias de outra maneira!

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