Autor: Eric Novello
Editora: Seguinte
Número de páginas: 384
Sinopse: Num futuro em que o Brasil é liderado por um fundamentalista religioso, o Escolhido, o simples ato de distribuir livros na rua é visto como rebeldia. Esse foi o jeito que Chuvisco encontrou para resistir e tentar mudar a sua realidade, um pouquinho que seja: ele e os amigos entregam exemplares proibidos pelo governo a quem passa pela praça Roosevelt, no centro de São Paulo, sempre atentos para o caso de algum policial aparecer. Outro perigo que precisam enfrentar enquanto tentam viver sua juventude são as milícias urbanas, como a Guarda Branca: seus integrantes perseguem diversas minorias, incentivados pelo governo. É esse grupo que Chuvisco encontra espancando um garoto nos arredores da rua Augusta. A situação obriga o jovem a agir como um verdadeiro super-herói para tentar ajudá-lo — e esse é só o começo. Aos poucos, Chuvisco percebe que terá de fazer mais do que apenas distribuir livros se quiser mudar seu futuro e o do país.
– Resenha –
“ ‘Futuro’ é uma palavra engraçada. Nela cabem todas as nossas ansiedades e expectativas.”
Tenho um amigo que fala super bem da escrita do Eric Novello.
Eu confesso que sempre quis ler algo dele, mas eu deixava naquela lista
de ‘um dia vou ler’. Até que apareceu Ninguém Nasce Herói e eu sabia
que tinha que ler. Eu adoro distopias, adoro fantasia, adoro descobrir
autores novos — principalmente nacionais. Juntou tudo isso e eu só
consigo pensar: pq demorei pra conhecer Novello? :)
Esse livro me deixou com uma sensação parecida de quando li O Conto da Aia: é um futuro que tá tão próximo do pode acontecer que dá um medinho de ele se tornar uma profecia.
Nós
acompanhamos a história pelo ponto de vista de Chuvisco. Ele tem uns
episódios chamados Catarses Criativas — confundindo sua imaginação com a
realidade, criando super heróis, uma tiara de borboletas, seres
sombrios que atacam a todos… e essa é a magia dessa história.
“A gente já acorda na pressa, com caminhão buzinando, cachorro do vizinho latindo, radialista contando a extensão do engarrafamento como se fosse final de novela. Mais uma estranheza à qual a gente se acostuma, mas que não precisava estar aqui.”
Sabe
as outras distopias mais conhecidas? Que focam na opressão do líder e
em como o personagem principal é revolucionário e poderoso?
Então…esqueça isso. Ninguém Nasce Herói traz uma normalidade imensa pra
opressão, pois as coisas foram acontecendo aos poucos: o líder foi
tomando poder aos poucos, os direitos foram perdidos aos poucos. E aí o
medo da mudança tornou-se maior que o medo da realidade.
Temos
momentos intercalados de um grupo de amigos super legal, passeando
normalmente pela cidade… e protestos, gente morrendo, coisas horríveis
acontecendo. Juntamente com as catarses criativas de Chuvisco, é claro.
Preciso
destacar aqui como eu amei o desenvolvimento dos personagens. O foco
não fica só em Chuvisco, temos vários outros personagens tão bons quanto
ele, e também acompanhamos sua evolução! E a representatividade merece
outro destaque: temos todo tipo de pessoa. T O D O T I P O. Fico muito
feliz quando leio um livro assim, pois o mundo é assim e a gente quer
ver isso na literatura, né? Aliás, outra coisa que ajudou a ver o livro como uma profecia. hahaha
“As pessoas entram e saem da nossa vida de maneira que não podemos prever. Às vezes nem elas mesmas podem.”
Enfim…
um pouco sobre a história: Chuvisco e seus amigos vivem nesse Brasil em
que ser diferente é um crime, e se unem para, aos poucos, tentar mudar
isso. Começam entregando livros numa praça (sim, livros que foram
proibidos, pois, né, distopia.), depois participam de protestos… e a
bola de neve vai aumentando.
Existem
dois grandes grupos que lutam aqui: o Santa Muerte, contra o governo…e a
Guarda Branca, que são simplesmente os justiceiros. Aquelas pessoas
que, por exemplo, batem em casais gays só por serem gays, sabe? Certo
dia, Chuvisco passa por uma situação péssima: ele vê ‘agentes’ da Guarda
Branca espancando um menino trans. E ele entra na briga.
Eu
realmente não consegui largar o livro desde o início. Mas, depois dessa
cena, realmente não dava pra largar mesmo. Você fica muito ligado aos
personagens e os considera seus amigos também, então quer saber como
eles estão.
O
que dizer mais? Quero ler outros livros do autor! E, por favor, leiam
essa maravilha: é uma profecia que a gente pode quebrar — se é que vocês me entendem.
“A verdade é que ninguém nasce herói. Mas isso não nos impede de salvar o mundo de vez em quando.”
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