Título:
Narcos;
Canal:
Netflix;
País: EUA
e Colômbia;
Status: 3ª
Temporada (Renovada);
Episódios: 30;
Duração: 43
a 57 minutos;
Gênero:
Documentário, Crime, Drama;
Criado por:
Chris Brancat; Carlo Bernard; Doug Miro;
Elenco Principal:
Wagner Moura, Boyd Hoolbrook, Pedro Pascal, Luis Guzmán, Damián Alcázar,
Francisco Denis, Pepe Rapazote, Alberto Ammann, Matias Varela
Classificação: 16
Sinopse :
Sinopse :
A
série conta a história da propagação da cocaína nos Estados Unidos e na Europa,
dando ênfase à participação dos Carteis de Medellín e de Cali, e a luta
conjunta empregada pelos governos de Estados Unidos e Colômbia para acabar com
tais carteis.
Resenha
Resenha
ALERTA: ESSA RESENHA CONTÉM SPOILERS!!!
Em
2015, a Netflix lançou mais uma de suas produções originais: “Narcos”, série
que conta uma parte importante da história da guerra às drogas empreendida pelos Estados
Unidos na América Latina desde a década de 80 e que, infelizmente, continua até
hoje sem grandes resultados além de um número de mortos que só faz aumentar.
Contando
com direção do brasileiro José Padilha (Tropa de Elite e Tropa de Elite 2-O
Inimigo agora é outro), Narcos se passa na Colômbia, na década de 80, para
contar a história da ascensão e da queda do Cartel de Medellín e de seu líder:
Pablo Escobar, interpretado por Wagner Moura, repetindo a parceria que já havia
dado um excelente resultado nos dois filmes da franquia Tropa de Elite.
De
antemão, aviso que, por se tratar de uma obra baseada em uma história real, não
haverá a preocupação a respeito de não contar “spoilers”, que poderão ocorrer
em diversos momentos, até porque esta pretende-se ser uma resenha com cunho
historiográfico, já que a guerra às drogas é um fenômeno que continua presente
e cada vez mais próximo da nossa realidade.
Sem
mais delongas, vamos ao que interessa. Conforme dito anteriormente, a primeira
temporada de Narcos se passa em Medellín na década de 80, local e período da
ascensão de Pablo Emilio Escobar Gaviria, homem de origem popular, mas que
viria a se tornar um dos homens mais ricos do mundo tendo sua fortuna associada
aos chamados dineros calientes
oriundos do tráfico de cocaína, principalmente quando começa a exportar o
chamado “ouro branco” para os Estados Unidos. E são o aumento dos números dessa
exportação de cocaína, e o consequente aumento das remessas de dinheiro
estadunidense chegando na Colômbia que chamam a atenção do governo dos EUA,
fazendo entrar em cena o agente Steve Murphy, interpretado por Boyd Holbrook
(Donald Pierce de Logan), que é enviado para Medellín para, numa ação conjunta
com a polícia local, capturar Escobar.
Ao
chegar à Colômbia, Murphy encontra uma cidade dominada por Escobar. Encontra
também aquele que será seu grande parceiro na caçada aos narcotraficantes, o
agente Javier Peña, interpretado por Pedro Pascal (Oberyn Martell de Game of
Thrones).
Nesse
período, Escobar detém tanto poder, dinheiro e influência que dentre outras
ações, quase chegou a assumir um cargo de suplente no parlamento colombiano,
almejava ser presidente da Colômbia para governar em prol dos narcotraficantes
e se ofereceu para pagar a dívida externa do país, mas teve seus planos
frustrados por uma fotografia sua, tirada no final dos anos 70, na qual ele
fora preso por tráfico de drogas e aparece sorrindo, sabendo da impunidade. É
na época dessa fotografia que Escobar dá início à sua política do “Plata o
plomo”, que consistia em negociar com as autoridades ou por meio do suborno ou
assassinato. Essa fotografia foi apresentada no Parlamento e Escobar acabou
tendo seu mandato cassado antes mesmo de ser empossado.
Ao
se ver caçado pela polícia colombiana, Escobar e seus aliados de cartel, não
temiam a prisão ou a captura, pois sabiam que dentro da Colômbia haveriam
brechas para que eles não viessem a cumprir suas penas. O grande receio de los Extraditables, nome com o qual foi
batizado o grupo de narcotraficantes liderado por Escobar, era justamente a sua
extradição para os Estados Unidos, já que sendo presos e extraditados, os
membros do Cartel de Medellín estariam sujeitos às leis estadunidenses e não
teriam as brechas que teriam se ficassem presos na Colômbia.
Diante
do aumento da ameaça de extradição, já que as negociações entre os sucessivos
governos colombianos e estadunidenses ficavam cada vez mais próximas, o grupo
liderado por Escobar orquestrou diversos ataques com o objetivo de pressionar o
governo colombiano de desistir da ideia da extradição. Dentre estes ataques
estão: explosões de carros na rua, assassinato do ex-ministro da justiça
Rodrigo Lara Bonilla, assassinato de ex-candidatos a presidência favoráveis à
extradição como Carlos Galán, a explosão de um avião em pleno voo com 106
pessoas a bordo que tinha como objetivo matar o então candidato à presidência
Cesar Gaviria e um sequestro coletivo de pessoas ligadas a políticos e
jornalistas que eram favoráveis à extradição. Este sequestro, inclusive, foi brilhantemente retratado, a pedido das próprias famílias dos sequestrados, por Gabriel García Márquez (Cem Anos de Solidão), na obra "Notícia de um sequestro".
Diante
de um contexto de terror tão grande, as autoridades colombianas se veem
obrigadas a negociar com Escobar e o fruto dessa negociação acaba sendo a
entrega de Escobar, mas sob as condições do próprio Patrón: ele iria para uma prisão construída por ele, num lugar
escolhido por ele e que, além de ser vigiada por policiais, seria vigiada
também por guardas de sua confiança. Essa “prisão” ficou conhecida como La
catedral e acabou se tornando, na verdade um quartel general del patrón que
poderia comandar seus negócios em segurança.
Escobar
acabou por transformar o que deveria ser sua prisão em sua fortaleza, e logo
começaram a chegar as notícias de que ele estaria usando a prisão para gerir
seus negócios, além de levar prostitutas para dentro da prisão acabam chegando
aos ouvidos do governo que resolve intervir para conter os desmandos de
Escobar. A intervenção se mostra um fracasso, e resulta na fuga de Escobar da
Catedral, momento final da primeira temporada da série.
Antes
de adentrar na segunda temporada, iniciada em 2016, é preciso mencionar que em
em meio às ações de Escobar mencionadas acima, os agentes Javier Peña e Steve
Murphy se esforçaram, em conjunto com a polícia local para agir contra outros
membros do Cartel, e conseguiram prender Carlos Lehder (interpretado por Juan
Riedinger), responsável pela distribuição da cocaína em Miami e o primeiro a
ser extraditado para os Estados Unidos, onde cumpre pena até hoje; além disso
conseguiram abater Gonzalo Rodríguez Gacha (interpretado por Luis Guzman), um
dos principais líderes do Cartel e que, assim como Escobar tinha um grande
apelo entre a população colombiana já que, apesar de estarem envolvidos com o
tráfico de drogas e, posteriormente, com todas as ações mencionadas acima,
alguns dos membros do Cartel de Medellín eram vistos até como figuras sagradas
pela população mais pobre de Medellín por conta das benfeitorias realizadas por
eles, como a construção de um bairro popular chamado Pablo Escobar que até hoje
existe.
A
primeira temporada mostra também o grande conflito no qual está o agente Steve
Murphy, já que sua esposa, que é enfermeira, vai com ele para Medellín e acaba
se envolvendo algumas vezes no embate contra os narcotraficantes, além de ver
de perto as consequências que aquele confronto trazia para a população
colombiana diante do número de pessoas que davam entrada no hospital onde ela
trabalhava tanto como vítimas do confronto quanto como pessoas, especialmente
mulheres, que se envolviam no tráfico engolindo cápsulas com cocaína para levar para os EUA,
mas que as capsulas acabavam estourando dentro do próprio corpo. Um desses
casos, inclusive, irá mudar totalmente a vida do casal Murphy.
Convivendo
com os problemas familiares, mas à procura de um fugitivo de altíssima
periculosidade: essa é a vida do agente Steve Murphy na segunda temporada de
Narcos, isso porque, após a tentativa frustrada de invadir La Catedral, Escobar foge da prisão/fortaleza e agora, mais do que
nunca é um homem foragido. E é em torno disso que gira essa temporada.
Cada
vez mais ameaçado e acuado, Escobar se torna um perigo ainda maior, promovendo
ataques cada vez mais recorrentes por toda Medellín, transformando a cidade num
verdadeiro campo de guerra, principalmente porque essa segunda temporada
apresenta o surgimento de um grupo que irá bater de frente com o Cartel de
Medellín. Utilizando a sigla Los PePEs, cujo significado era: Los Perseguidos
por Pablo Escobar, esse grupo era formado por pessoas que eram perseguidas pelo
traficante, principalmente traficantes inimigos, como os membros do Cartel de
Cali, principal rival do Cartel de Medellín. Essa rivalidade se expressou em
diversos âmbitos, inclusive no futebol, já que grande parte das equipes
colombianas eram comandadas pelos chefões do tráfico, sendo o Atlético Nacional
de Medellín comandado por Escobar e o América de Cali pelo cartel da cidade, o
que tornava o confronto entre as equipes não apenas um confronto futebolístico,
mas também um confronto entre os carteis. Em sua ação, Los PePEs utilizaram-se
principalmente de assassinatos de aliados e capangas do Patrón, e até um ataque
à casa onde morava a família de Escobar que deixou sequelas em sua filha que
acabou perdendo a audição de um dos ouvidos. Acredita-se, inclusive, que havia
colaboração entre Los PePEs e autoridades colombianas e estadunidenses com o
objetivo de punir Escobar.
O confronto entre o Atlético Nacional de Medellín e o America de Cali representava o confronto entre os carteis. Com as Platas calientes, o Atlético Nacional venceu a Taça Libertadores de 1989 |
Os
sucessivos ataques contra si, contra sua família, dentre os quais a morte de
seu primo e aliado Gustavo Gaviria, pelas mãos da polícia colombiana fazem
Escobar se isolar e se manter cada vez mais recluso, até que chegamos num
momento na série que pode ter um pouco mais de liberdade criativa por parte dos
produtores, que é o encontro de Escobar com o pai num sítio isolado, afinal de contas pouca coisa se sabe a respeito do pai de Escobar, já que seus laços mais
próximos eram com a esposa, com os filhos e com a mãe. Depois de um encontro
não muito amistoso, Escobar volta ao centro de Medellín para seus últimos
momentos de vida, nos quais ele passa a maior parte do tempo escondido e sem
poder se comunicar com a família para evitar ter sua ligação interceptada.
Essa
falta de comunicação resiste até o dia 02/12/1993, um dia depois do aniversário
de 44 del Patrón: muito ligado à família, Escobar não aguenta de saudade e
acaba telefonando para sua família para receber as felicitações e acaba tendo
sua ligação interceptada pela polícia, que descobre seu esconderijo, obrigando
Escobar a iniciar uma fuga que acaba com sua morte no telhado de uma das casas
de Medellín.
A
morte de Escobar simboliza o fim do Cartel de Medellín, mas não da guerra às
drogas, nem da perseguição a pessoas próximas ao traficante: sua família acabou
se mudando para a Argentina e vive com outras identidades; e sua amante, a
jornalista colombiana Virginia Vallejo, que na série Narcos foi chamada de
Valeria Velez e foi morta pelo Cartel de Cali mudou-se para os EUA, onde também
adquiriu uma nova identidade e escreveu o livro “Amando a Pablo, odiando a
Escobar” que conta sua relação com o traficante e que será adaptado no cinema com
Escobar sendo interpretado por Javier Barden e Vallejo sendo interpretada por
Penelope Cruz.
O
final da segunda temporada marca a morte de Pablo Escobar e marca também a
despedida de Wagner Moura do papel do narcotraficante. Uma interpretação que,
apesar das críticas externas, focadas principalmente no seu espanhol, que,
segundo o próprio, ele não teve muito tempo para aprender, encheu os
brasileiros de orgulho, sendo o segundo trabalho de Wagner Moura em Hollywood
(antes ele havia feito Elysium com Matt Damon) e o primeiro que lhe rendeu uma
indicação a um prêmio internacional: Wagner foi indicado ao Globo de Ouro 2016
como melhor ator em série dramática, mostrando ao mundo o potencial que nós,
brasileiros, já sabemos há muito tempo que ele tem e que, muito em breve, será
cada vez mais reconhecido lá fora também.
A
terceira temporada traz uma série de transformações, especialmente no elenco,
isso porque além da morte de Escobar, outro personagem que deixa a série é o
agente Murphy que, após a captura del Patrón, volta para os EUA, deixando para
o agente Peña a missão de combater um inimigo muito mais rico e muito mais
poderoso: o Cartel de Cali. E é aí que percebemos que, de fato, Narcos se trata
de uma série que busca abordar a atuação dos EUA no combate ao narcotráfico e
não uma série sobre Escobar, embora por várias vezes o destaque tenha sido
sobre a figura do narcotraficante. A terceira temporada de Narcos nos traz,
também, o crescimento do agente Peña e de seu intérprete, Pedro Pascal, que
durante as duas primeiras temporadas ficaram à sombra de Escobar e até mesmo do
agente Murphy.
Na
segunda temporada, fomos apresentados ao grupo dos perseguidos por Pablo
Escobar (Los PePEs) que, de alguma maneira, auxiliaram a polícia a capturar o
Patrón. Dentre os que formavam os PePEs estava o principal rival do Cartel de
Medellín e que, após a morte de Escobar e a consequente desarticulação do
cartel, passou a dominar o comércio de cocaína na Colômbia. Trata-se do Cartel
de Cali.
Liderado
pelos irmãos Gilberto Rodríguez Orejuela (Damián Alcazar), e Miguel Rodriguez
Orejuela (Francisco Denis), além de Helmer “Pacho” Herrera (Alberto Ammann),
responsável pela conexão do cartel com o México e da distribuição
internacional, e José Santacruz Londoño (Pepe Rapazote), braço do cartel em
Nova York, nos EUA, o Cartel de Cali se diferencia do Cartel de Medellín por
duas coisas em especial: a primeira é que o acesso às informações a respeito do
Cartel de Cali é mais difícil, o que acaba tornando a terceira temporada de
Narcos mais surpreendente e me obriga a ser mais cuidadoso com alguns spoilers;
a segunda é o caráter empresarial que ganhou o Cartel de Cali a ponto de ser
conhecido como Cocaine Inc. (Cocaína LTDA.). Além do caráter empresarial, o Cartel de Cali ficou
muito marcado por seu caráter elitista: diferentemente do Cartel de Medellín,
que chegou a construir bairros nas periferias da cidade, e que tem seus membros
adorados como santos pela população local, o Cartel de Cali estava mais próximo
da alta sociedade colombiana além de ter inúmeras conexões por todo o mundo e
não apenas nos EUA, fazendo-os faturar cerca de VINTE E DOIS MIL DÓLARES A CADA TRINTA SEGUNDOS (pode ler de novo, porque é isso aí mesmo).
Diante
de tanta plata, a terceira temporada
se inicia com uma reunião na mansão de Gilberto Orejuela na qual ele anuncia
que, dentro de seis meses o Cartel de Cali encerraria suas atividades e
negociaria com o governo a sua entrega de maneira que sofressem sanções mais
brandas. Enquanto isso o agente Peña está no Texas, mas recebe a notificação para
retornar à Colômbia para explicar sobre sua relação com Los PePES e também para
combater o Cartel de Cali, agora como chefe da operação. Para auxiliá-lo nessa
nova empreitada, agora sem a companhia do agente Murphy, Peña contará com a
contribuição de dois novos personagens: os agentes estadunidenses Chris Feistl
(Michael Stahl-David) e Daniel Van Ness (Matt Whelan)
No
início da temporada passamos a conhecer também um personagem que vai ganhar
muito destaque ao longo da trama. Trata-se de Jorge Salcedo, chefe de Segurança
do Cartel de Cali, interpretado por Matías Varela, ator sueco de origem
espanhola. Além de Salcedo ter papel fundamental no desmantelamento do Cartel,
Varela entrega uma atuação bastante convincente do então chefe de segurança do
Cartel de Cali, com todos os seus conflitos com a família por conta de sua
função e com o próprio cartel por conta de atitudes que hoje fazem com que ele
viva em sigilo sob proteção do FBI.
Carlos Salcedo ao lado do chefão Miguel Orejuela |
Ao
longo da temporada o espectador é apresentado a cada um dos líderes do cartel:
Gilberto Orejuela, com um perfil empreendedor, aparentemente pacífico, e que se
preocupava mais em ostentar sua fortuna, a ponto de ter três esposas, o que o
obrigava a dividir a semana para dar atenção equivalente às três; Miguel
Orejuela, que vivia à sombra do irmão no início da temporada, mas após a prisão
deste toma as rédeas do cartel e, ao contrário de Gilberto, não planeja o
encerramento dos negócios. Além disso, Miguel é o responsável por apresentar,
logo no segundo episódio da temporada, a maneira como o Cartel de Cali lidava
com seus adversários; Hélmer “Pacho” Herrera talvez seja o personagem mais
explosivo dentre os quatro líderes do cartel. Isso fica evidente principalmente
nos confrontos contra o Cartel do Norte do Vale, cartel do qual fazia parte
Juan Carlos Ramirez Abadia, preso em São Paulo em 2007. Além da personalidade
explosiva, Narcos explora muito bem a homossexualidade de “Pacho”, inclusive
contando os impactos de sua orientação sexual na relação com sua família a
partir de relatos feitos pelo próprio “Pacho” durante a série.
Outro
personagem que merece destaque é Franklin Jurado, interpretado pelo ator Miguel
Ángel Silvestre. Jurado era um dos responsáveis por lavar o dinheiro do Cartel
em outras atividades, afinal de contas era tanto dinheiro que não dava para
investir apenas no futebol como forma de limpar toda a plata oriunda da Cocaine
Inc. É com Jurado que temos uma das cenas de perseguição mais intensas da
temporada, ficando atrás apenas de uma das buscas por Miguel Orejuela.
A
prisão de Gilberto Orejuela realizada em sua casa, depois que este é visto por
policiais, não necessariamente é o desencadeador da derrocada do Cartel de
Cali. Mas, sem dúvida faz com que as buscas pelos outros membros do cartel se
intensifiquem, especialmente por Miguel Orejuela que, a contragosto do que o
irmão lhe recomendava de dentro da cadeia, desejava prosseguir com o
empreendimento e enfrentou a polícia e o governo para seguir com os negócios.
As
capturas e prisões dos outros líderes do Cartel de Cali só foram possíveis por
conta da grande contribuição do já mencionado Jorge Salcedo. Sua função como
agente duplo a partir de metade da temporada garantiu à polícia informações
privilegiadas a respeito dos líderes do tráfico que permitiram as prisões de
cada um deles ao final da temporada. Apesar da prisão dos quatro líderes ao
final da temporada, apenas os irmãos Orejuela continuam presos nos EUA, já que
Chepe Lodoño foi morto em 1996 em Medellín e Pacho Herrera foi morto na cadeia
em 1998. As mortes de Chepe e de Pacho trouxeram grandes consequências para a
luta contra o narcotráfico na Colômbia: a primeira delas foi antecedida por uma
fuga de Chepe e essa fuga teria sido uma das razões para que os EUA deixassem
de apoiar a Colômbia na luta contra o narcotráfico. Já a morte de Pacho fez com
que o conflito que já havia entre Pacho e o Cartel do Norte do Valle, conflito
inclusive mostrado na série, se intensificasse ainda mais entre o cartel e o
clã Herrera.
A
prisão do Cartel de Cali não significa o fim de Narcos, que já tem uma quarta
temporada confirmada e que se passará no México. Apesar da confirmação, a temporada está ameaçada, já que no dia 11/09
um dos produtores da série foi encontrado morto ao procurar locações onde
ocorreriam as gravações, o que já acendeu o alerta da produção da série,
inclusive com a declaração de Pedro Pascal de que não poderiam continuar com a
série se não houver segurança para os envolvidos.
Narcos
vem nos mostrando, dentro e fora da série, o quão poderosos foram e ainda são
os carteis de drogas pelo mundo, especialmente na América Latina, já que essas
verdadeiras corporações têm braços em diversos setores da política e da
sociedade, desde senadores que possuem helicópteros carregados de cocaína até
policiais que são comprados por essas organizações e acabam servindo de
informantes para os negócios. De uma vez por todas é preciso repensar a maneira
de enfrentar o problema das drogas para que mais vidas não sejam ceifadas pelas
disputas entre os grandes traficantes.
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