Crítica: It Follows (2014)


Título: It Follows (Corrente Do Mal) 

Direção: David Robert Mitchell
Roteiro: David Robert Mitchell
Lançamento: 24 de Setembro de 2014 (Brasil: 27 de Agosto de 2015) 100 minutos
Gênero: Horror
Nacionalidade: EUA
Elenco: Maika Moore, Lili Sepe, Olivia Luccard, Keir Gilchrist

Sinopse: A jovem Jay (Maika Monroe) leva uma vida tranquila entre escola, paqueras e passeios no lago. Após uma transa, o garoto com quem passou a noite explica que ele carregava no corpo uma força maligna, transmissível às pessoas apenas pelo sexo. Enquanto vive o dilema de carregar a sina ou passá-la adiante, a jovem começa a ser perseguida por figuras estranhas que tentam matá-la e não são vistas por mais ninguém.

                                                Resenha


It Follows veio junto numa safra de filmes independentes de horror que visava se distanciar do atual cenário mainstream da Blumhouse e semelhantes, assim como o genial A Girl Walks Home Alone At Night e o divertido The Final Girls, o filme busca resgatar muito do que foi perdido no terror para o grande público o faz com primazia de forma que seu lançamento inclusive tirou o foco do remake de Poltergeist, ao menos para os fãs do gênero.

No filme Jay (Mayka Monroe que entrega uma atuação incrível) que vive num subúrbio decadente de Michigan, após um encontro, que termina de forma estranha, passa a ser perseguida por uma entidade a qual pode assumir diversas formas humanas. Ela então passa a contar com a ajuda de seus amigos Yara (Olivia Luccard) e Paul (Keir Gilchrist) que possui uma queda por ela e sua irmã Kelly (Lili Sepe) para tentar entender e se livrar do tal encosto.

No roteiro também do Mitchell o filme trata de diversos subtextos, além do obvio ligado a questão sexual (afinal toda a perseguição surge devido a “maldição” da Coisa ser transferida no contato sexual) e todas as analogias a DST’s o filme ainda traz à tona a discussão acerca da ausência  de figuras responsáveis por aqueles adolescentes já que basicamente não existem personagens adultos no filme a exceção de algumas representações da Coisa. Esse cenário é reforçado pela cidade aparentemente vazia e em estado latente de deterioração isso ligado ao cenário econômico americano no período nos faz questionar se aqueles adolescentes estão, de certa forma, desamparados.

Mitchell claramente bebe do Cinema Asiatíco de Horror, mantem o espectador envolvido numa espécie de slowburning similar a O Chamado, na parte estética e roteiro da obra, a cena inicial (ótima por sinal!) traz planos lindíssimos e reforça a sensação de paranoia da personagem ao passo que o medo dela parece emanar pro público (A cena inicial de Get Out! inclusive bebe dessa cena, mas numa escala menor). Durante o filme o espectador permanece em alerta o tempo todo tal qual a Jay, já que em poucos momentos a Coisa está em primeiro plano na ação isso combinado ao fato de que qualquer um pode ser a entidade mantem a tensão do filme lá no alto. E nesse ponto a trilha tem um papel fundamental recheada de sintetizadores ela remete muito aos anos 80, ela é angustiante o que dá um tom (que combinada com a fotografia cinzenta) de abandono e isolamento quase sistemático.

Curioso o fato que o diretor declarou que a ideia do filme surgiu para ele num pesadelo e essa é uma caracteristica que permeia o filme e é bem notória em dois aspectos o Quando do filme nunca é definido, vemos a tecnologia, o figurino e as falas dos personagens, mas não é possível determinar datas para o filme. Outro aspecto a não uniformização da estação do ano, tal qual Kucbrick em The Shinning, nunca sabemos com certeza se é Outono, Verão ou Inverno ainda que seja algo secundário isso inconscientemente causa um estranhamento em quem assiste o filme.

Com seu final cheio de possibilidades It Follows se mostra um filme de personalidade dentro de um mercado cada vez mais saturado, traz um novo ar para o gênero e o faz de forma primorosa, ainda que seu titulo em português seja péssimo o filme vale uma conferida. A quase inexistência de diálogos didáticos e soluções fáceis tornam o filme ainda mais interessante em sua proposta, Robert Mitchell consegue entregar uma fita que figura entre os melhores do gênero nesta década.

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