Crítica | Sob as Sombras

Título: Under The Shadow (Sob as Sombras) 2016
Direção: Babak Anvari
Roteiro: Babak Anvari
Lançamento: 7 de Janeiro de 2017(Brasil) (84 minutos)
Gênero: Terror, Suspense, Guerra
Nacionalidade: Jordânia, Qatar, Reino Unido
Elenco: Narges Rashidi, Bobby Naderi, Arash Marandi
Sinopse
Teerã, 1988. A guerra entre Irã e Iraque ressoa pelo seu oitavo ano. Uma mãe e sua filha ficam pouco a pouco dilaceradas com as campanhas de bombardeio sobre a cidade junto com a sangrenta revolução do país. Lutando diariamente para ficarem juntas em meios aos terrores, u misterioso mal ronda o apartamento onde elas moram.


                                               Resenha

O gênero fantástico é famoso por, geralmente, nos fazer encarar nossos medos a partir de um local seguro e inócuo, por isso é bastante compreensível o fascínio que esse gênero exerce sobre todos nós com o passar do tempo.

No filme do diretor estreante Babak Anvari, o iraniano traz um equilíbrio surpreendente entre ficção e realidade nesse filme que teve pouca distribuição no mercado nacional, mas que hoje já se encontra no catalogo da Netflix. O filme, que se passa em Teerã durante a Guerra Irã-Iraque, conta a história da jovem mãe Shideh (Narges Rashidi) e sua filha Dorsa (Avin Manshadi) que passam o dia presas no apartamento devido ao perigo crescente dos ataques do Iraque a cidade, o medo é percebido inclusive nos momentos nos quais a mãe interage com os vizinhos e na presença constante da sirene que avisa sobre os bombardeios. Além do cenário caótico da guerra, a Shideh ainda passa por dramas pessoais que durante o filme vão minando a personagem, entre eles está recusa da universidade em readmiti-la no curso de Medicina devido ao envolvimento da mesma nas politicas anti-regime e a realocação do marido (médico formado na mesma universidade) para auxiliar no front.

Conforme o filme avança os ataques se tornam mais constantes e aos poucos os vizinhos de Shideh vão abandonando o prédio e saindo de Teerã por medo dos misseis, não sem antes instaurarem um boato de que o prédio é assombrado por um Djinn, soma-se a isso o caso de terror noturno da menina Dorsa que gera interessantes momentos de tensão. O filme tem similaridades com outra recente gema do Horror, The Babadook, na temática intimista e na tensão criada na relação entre pais e filhos, o que mostra que o cenário do Horror atual tem buscado filmes que fujam um pouco desses jumpscares e litros de sangue, apesar do filme trazer referências a filmes com We Are Still Here E The Tall Man
O que o torna diferente dos citados é o fato das atuações de Shideh e Dorsa ser algo excepcional, a jovem Manshadi entrega uma personagem impressionantemente profunda para uma infante. O cenário que as cerca é recheado de hostilidade, traumas mal resolvidos e o clima paranoico de uma guerra, um universo no qual o terror existe fora e dentro do lar que faz com que elas percebam que tem somente uma a outra pra manter sua rotina e vida controladas. A escalada crescente de Horror é um dos pontos altos do filme, a figura do Djinn ainda que apareça pouco na tela tem um poder impressionante, sua presença é sentida a cada momento que a sanidade da mãe é testada. 

O filme se destaca também pelo suspense muito bem construído, existem pouquíssimas cenas em total escuridão e o diretor foge de sustos fáceis, o Djinn é uma alegoria que funciona de forma similar ao Babadook, ele é uma representação do medo, como se ele fosse algo tangível e visível, uma guerra causada devido ao totalitarismo do regime se mostra por vezes algo tão cruel quanto à ideia da existência desse ser sobrenatural.

O filme recebeu destaque no festival de Sundance e para mim é um dos melhores filmes de 2016, poucas falhas e que não atrapalham em nada o resultado final, se você gostou de The Babadook e Good Night Mommy esse filme é perfeito para você, uma linha de tensão que vai te deixar cheio de reflexões ao filme da exibição

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