Crítica | O destino de uma nação

Título: O destino de uma nação

Direção: Joe Wright

Elenco: Gary Oldman, Kristin Scott Thomas, Lily James, Stephen Dillane, Ronald Pickup e Ben Mendelsohn

Classificação:

Sinopse: Winston Churchill (Gary Oldman) é nomeado Primeiro Ministro inglês - maior cargo político do Reino Unido - durante um dos momentos mais tensos da história: a expansão massacrante liderada pelos nazistas. Churchill está determinado a lutar até a morte para reverter o aparente (e fatal) destino britânico, mesmo que tenha que fazê-lo sem o apoio do Parlamento.

Um em um milhão

É um desafio contar a história de uma figura real através do cinema. A falta de verossimilhança, os recortes temporais e o exagero na humanização de certas personagens históricas são fatores que, normalmente, podem ser fatais para uma cinebiografia. O destino de uma nação conseguiu reunir exatamente essas características e, de uma maneira surpreendente, elas foram fundamentais na composição da obra cinematográfica. Graças a esses fatores, a nova película da Focus Features vem para maravilhar o público pela qualidade artística da obra e por uma ter didática histórica muito bem produzida - além das inacreditáveis atuações que fazem desse um trabalho impecável.
 
A escolha de Anthony McCarten – cujo também roteirizou A teoria de tudo, de 2014 foi perfeita. O recorte temporal deu ao filme uma linearidade extraordinária e possibilitou que a costura entre os fatos fosse precisa. A contagem dos dias e acontecimentos no turbulento intervalo de tempo permitiu que a biografia não se perdesse ou deixasse furos no roteiro. Além disso, foi esse mesmo período histórico que viabilizou um retrato mais humano para o carrancudo e ríspido Sir Winston Churchill - além da belíssima atuação do brilhante Gary Oldman. Tal processo funcionou como uma espécie de liberdade interpretativa para enfatizar a dualidade da figura em questão - sem afetar a verossimilhança. O conjunto de escolhas arriscadas para o gênero fílmico tornam o trabalho de McCarten, portanto, algo a ser parabenizado uma vez que sua ideia funcionou bem.
 
A direção de Joe Wright (Orgulho e preconceito, de 2005, e Desejo e reparação, de 2007) é um outro fator de impacto. Com uma clara inspiração artística em seus filmes – em especial nos baseados em clássicos da literatura – e no diretor inglês David Lean (Lawrence da Arábia, de 1962, e Doutor Jivago, de 1965), Wright faz de seus planos e sequências uma verdadeira obra de arte que cria (e recria) uma atmosfera de contemplação quadro a quadro. Fora isso, a história sobre Churchill é protagonizada por uma magnífica fotografia feita pelo premiado Bruno DelBonnel (O fabuloso destino de Amélie Poulain, de 2001, e Inside Llewyn Davis - Balada de Um Homem Comum, de 2013) e pela grandiosa trilha sonora feita por Dario Marianelli, velho parceiro de Joe Wright.
 
Para completar o esplendor da produção uma maquiagem excepcional e um elenco de peso. Não se via há muito tempo um trabalho tão bem feito quanto este, cujo agrega veracidade à personagem de Oldman. E por falar na estrela do filme, a escalação dos atores não poderia ter sido melhor. Com o estupendo trabalho de Gary Oldman não restam dúvidas quanto à capacidade de atuação desse gigante das telonas que deleita o público com seu talento. Quem sabe o papel de Churchill se aquele que vai conceder a Oldman o Oscar de "Melhor Ator". Ao seu lado ainda temos o trabalho cênico poderoso da magnífica Krinstin Scott Thomas (Quatro casamentos e um funeral, de 1994) e de Ben Mendelsohn (Parceiros de Jogo, de 2015)cujo encarnou maravilhosamente o rei George VI e ainda a presença da promissora Lily James (Baby Driver, de 2017) que, mesmo tendo um papel bem modesto, consegue mostrar sua qualidade como atriz.

Sem mais delongas, O destino de uma nação é uma aula sobre a vida política e as dificuldades enfrentadas por Churchill ao tentar contornar um dos momentos mais sombrios da história humana. O longa fará com que a visão pessimista acerca do Primeiro Ministro da Inglaterra mude por completa. Oldman está simplesmente excepcional em seu papel, fazendo com que ele se torne um forte concorrente para o Oscar. As apostas estão todas nesse papel que pode lhe conferir o primeiro Academy Awards da vida. Ao seu lado, a fotografia, trilha sonora, maquiagem e filme são algumas outras fortes possibilidades de indicações na maior premiação do cinema.

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