Crítica | Pequena Grande Vida


Título original: Downsizing
Direção: Alexander Payne
Roteiro: Alexander Payne e Jim Taylor
Elenco: Matt Damon, Christoph Waltz, Hong Chau
Gênero: Comédia / Drama / Ficção Científica
Nacionalidade: EUA
Classificação:

Sinopse: Na cidade de Omaha, as pessoas descobrem a possibilidade de reduzir de tamanho para uma versão minúscula, a fim de terem menos gastos vivendo em pequenas comunidades que se espalham pelo mundo. Um homem (Matt Damon) aceita passar por esse processo.

                         Crítica


Uma comédia com início bem sério: laboratórios bem equipados com tecnologia de ponta, conferência para apresentação dos resultados e por fim chegamos ao Matt Damon. Ao final da exibição, concluímos que Alexander Payne tentou fazer um filme. Nesta crítica analítica, apresento alguns elementos que tornam essa história uma experiência de luta para entender tudo.

Um potencial perdido

O tom do filme não evidencia qual a sua natureza de gênero. É comédia ou drama? Qual a graça em alguém que fala errado ou não sabe o idioma com fluência? Quando finalmente tenho a impressão de que se trata de uma comédia, tento compreender qual o foco do humor e não encontro. 

À princípio a sensação obtida é que haverá uma apresentação dois lados da moeda no que diz respeito ao sistema capitalista. Em se tratando da classe menos favorecida, o olhar preguiçoso sobre a desigualdade reforça o preconceito pautado numa comunidade ignorante, dependente, infeliz, vivendo em condições degradantes. A incoerência surge porque ele tenta jogar um discurso politicamente correto toda vez que apresenta elementos de humor mórbido.

A história não tem conflito e sempre que há um potencial para engatar numa trama, é interrompido. São muitas possibilidades que o tema de encolhimento pode promover para garantir boas risadas, todavia, o próprio roteiro é um bloqueio para a narrativa. Se o filme por sua vez tinha a intenção de se fazer nos preconceitos e estereótipos da visão americana sobre o resto do mundo, o objetivo foi alcançado com sucesso. A impressão que temos ao sair da sessão é que o Alexander Payne quis apresentar tantos elementos que acabou se perdendo na essência. 

As músicas soam irritantes porque além de se apresentar num volume alto, estão descoladas do enredo e forçam desesperadamente um tom emocional. Isso não foi uma falha da sala de projeção porque o volume dos diálogos estava adequado. No entanto, o filme é marcante pelo poder da computação gráfica, as camadas estão construídas num nível de excelência. Os objetos gigantes ficaram bem trabalhados e fiquei curiosa para saber se tudo fora construído digitalmente. Prefiro a dúvida.

Considerações

Um filme precisa sempre deixar nítido qual a sua intenção, mesmo que não seja apresentado com obviedade, deve estar implícito. Comédia não é algo fácil de se produzir como muitos pensam. Requer reciclagem, pesquisa, bom roteiro e atores que se enquadrem no tipo de humor a ser explorado. Se quer atingir um grande público, deve buscar elementos de humor comum - como situações comuns à maioria das pessoas. Em suma, nenhum filme que se preze hoje em dia se edifica na pobreza intelectual.

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