Resenha: O Ar que Ele Respira | Brittainy C. Cherry


Título: O Ar que Ele Respira
Editora: Record
Autor: Brittainy C. Cherry
Número de páginas: 322 
Classificação: Nenhum texto alternativo automático disponível.Nenhum texto alternativo automático disponível.
Sinopse: Como superar a dor de uma perda irreparável? Elizabeth está tentando seguir em frente. Depois da morte do marido e de ter passado um ano na casa da mãe, ela decide voltar a seu antigo lar e enfrentar as lembranças de seu casamento feliz com Steven. Porém, ao retornar à pequena Meadows Creek, ela se depara com um novo vizinho, Tristan Cole. Grosseiro, solitário, o olhar sempre agressivo e triste, ele parece fugir do passado. Mas Elizabeth logo descobre que, por trás do ser intratável, há um homem devastado pela morte das pessoas que mais amava. Elizabeth tenta se aproximar dele, mas Tristan tenta de todas as formas impedir que ela entre em sua vida. Em seu coração despedaçado parece não haver espaço para um novo começo. Ou talvez sim.


Resenha

A dor da perda pode unir duas almas devastadas?


"Num piscar de olhos, num breve momento, tudo que eu sabia sobre a vida mudou."
Tristan Cole e Elizabeth Bailey têm algo em comum: ambos perderam quem amavam em um fatídico acidente de carro, tendo que aprender —cotidianamente  a tentar superar a dor e a lidar com o luto, cada um à sua maneira. Para ele, o melhor caminho foi afastar-se de todos, inclusive da própria família. Para ela, a fuga pareceu, até certo momento, ser a melhor solução. Mas até quando eles poderiam sustentar isso?

Quando Elizabeth retorna a  Meadows Creek com Emma, sua filha de apenas 5 anos, ela sabe que precisará recomeçar e, em meio a suas tentativas, conhece Tristan Cole, o homem a quem todos garantem que ela deve manter distância. No entanto, os fantasmas do passado e o seu coração parecem não compreender, muito menos aceitar, isso. 


"Parecia um homem devastado, mas cada uma das cicatrizes de sua existência me atraía."

Este é um dos meus livros preferidos, por milhares de motivos. Sou apaixonada pelo enredo, pelos personagens e pelo modo como a narrativa flui naturalmente, nos encantando. A Brittainy, além de fofa, sabe imprimir em cada parágrafo amor e empatia, pois é impossível não compreender os personagens ou sentir a dor deles. Confesso que, embora eu achasse as atitudes do Tristan quase sempre muito rudes no início da leitura, consegui entender a dor dele e amei não apenas as suas qualidades, mas também os defeitos, toda a dor que fazia com que ele fosse um homem amargurado pela perda. Quanto a Elizabeth, senti a mesma coisa e a admirei pela garra que teve em se manter firme pela filha, alguém a quem ela amava incondicionalmente. 


"Naquela noite, ela era minha droga. Minha alucinação."

Acredito que a lição mais importante que extraí do livro foi que lidamos com as situações — especialmente as perdas — de maneiras distintas, mas que mesmo em meio aos acontecimentos, jamais devemos perder a fé em nós mesmos, a esperança e a capacidade de amar. O relacionamento entre Tristan e Elizabeth, que começa por influência do acontecimento que mais marcou a vida de ambos e da necessidade de lembrá-los das pessoas que foram tão importantes para eles, cresce gradualmente, de uma maneira natural, repleta de amor e companheirismo. 


"A pior parte de perder uma pessoa amada é que você também se perde."

É claro que, nesta jornada, eles precisam enfrentar fantasmas do passado, reviver as lembranças e os momentos dolorosos, mas é assim que cada um encontra um novo ponto de partida, desta vez mais concreto, que os prepara para, de fato, vivenciarem o amor que construíram. Apesar de não concordar , a princípio, com a maneira pela qual Tristan se afasta dos pais, achei linda a forma como ele luta para reconstruir o amor fraternal, assim como Elizabeth também passa a compreender as escolhas de sua mãe, sem julgá-la ferrenhamente. Li esta obra colocando-me no lugar dos personagens, sentindo a dor deles e, por isso, muitas vezes sorri e chorei. Não tenho palavras para expressar o quanto que esta obra tocou o meu coração. Os capítulos são narrados alternando os pontos de vista de Tristan e Elizabeth e há quotes lindos e profundos, reflexos de vidas que sofreram, mas que conseguiram superar os acontecimentos difíceis para seguirem em frente. Não posso deixar de acrescentar que o livro é o primeiro volume da série Elementos, seguido por A Chama Dentro de Nós, O Silêncio das Águas e A Força que Nos Atrai.


"Por alguns segundos, eu me senti como antes. Inteira.Completa.Parte de algo esplêndido."

O mais bonito da história é que os personagens refletem humanidade, fazendo com que possamos nos identificar com eles, amá-los na totalidade. A escrita fluída, com capítulos curtos e objetivos encantaram bastante, especialmente porque não há como sentir que o enredo foi prolongado de maneira desnecessária. Brittainy escreveu com a alma, inserindo-nos no mundo de Tristan e Elizabeth aos poucos, enchendo-nos deles em cada linha. O final é lindo, emocionante e cativante, especialmente quando Tristan demonstra querer o pacote completo: Elizabeth, Emma, o passado de luto e o que está porvir. Os personagens abraçam os fatos, as marcas que cicatrizaram na vida, mas que ali permanecem, sendo as lembranças de um momento. 

"Quando estávamos juntos, o passado não parecia tão doloroso. Junto dela, nunca me senti, nem por um momento, sozinho."

Particularmente, amo esse livro e, desde que realizei a leitura dele há alguns meses, soube que leria qualquer outra obra da Brittainy. O Ar que Ele Respira não é apenas uma história de amor, mas de aceitação, perdão e superação; da certeza de que, em meio a dor, a felicidade pode surgir e nos guiar ainda que, inicialmente, por caminhos tortuosos até alcançarmos a reta final. 


"Como duas pessoas tão imperfeitas e tão devastadas conseguiram estabelecer uma ligação?"

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