Crítica | A Maldição da Casa Winchester


Título original: Winchester
Direção: Michael Spierig, Peter Spierig
Roteiro: Michael Spierig, Peter Spierig, Tom Vaughan
Elenco: Helen Mirren, Jason Clarke, Sarah Snook, Eamon Farren
Gênero: Terror / Biografia
Nacionalidade: EUA / Austrália
Classificação:
Sinopse: Herdeira de uma empresa de armas de fogo, Sarah Winchester (Helen Mirren) está convicta de que é assombrada pelas almas mortas através do rifle da família Winchester. Após as repentinas mortes do marido e do filho, ela decide construir uma mansão para afastar os espíritos e ao avaliá-la o psiquiatra Eric Price (Jason Clarke) percebe que talvez sua obsessão não seja tão insana quanto parece.




Fotografia instigante, história usual.

Imagine um filme que te insere diretamente na trama sem dar tempo para se acostumar. Essa talvez seja uma das maiores conquistas de Winchester - causar incômodo. Os filmes de terror geralmente apresentam um contexto ameno e depois as coisas ficam estranhas. Winchester propõe um clima paranormal de te fazer remexer na cadeira tamanha inquietude o local apresenta. Com janelas que dão para outros cômodos, a confusão da própria construção física em si gera leves tormentos. Ele é bem fotografado, trabalha as tonalidades laranjas, amarelas e azuis além de favorecer as cores da construção em madeira. Sua textura envelhecida é bem feita, dando margem para a imersão no século 19 reforçando o clima quase infernal que o lugar transmite.

Os diretores até fogem de alguns clichês de susto mas precisam parar de abusar dos sons para causar esse “pular da cadeira”. É muito incômodo ter efeitos muito altos destoando do resto da camada sonora do filme. A maquiagem dos espíritos atormentados estava bem feita, se tivessem optado por silêncios ou ruídos da própria casa, teria-se a ambiência aterradora. Faltou ousadia para se tornar memorável no gênero.

Winchester se perde porque a narrativa se faz pelo seguro tornando os eventos tão óbvios a ponto de ser frustrante - considerando a possibilidade de histórias que poderiam ser desenvolvidas num ambiente tão bizarro. O enredo é tão clichê que parece ser mais um filme de terror que ocorre noutro cenário. Devido a proximidade e a quase fidelidade com a história original vivenciada na época, o filme deixa a impressão de um tour pela casa assombrada não passando disso. O epílogo também segue a mesma sequência dos atuais filmes de terror, indicando a possibilidade de sequência.

A interpretação dos atores vale o filme porque eles conseguem preservar a tensão da história até o seu ápice. Com destaque para Eamon Farren (Twin Peaks, 2017), o ator consegue causar impacto em todos os momentos de sua aparição. Sua feição de mordomo estranho se deve na sua atuação bem como o seu rosto que tem um formato exótico. Helen Mirren (A Rainha, 2006), consegue representar bem o seu papel de matriarca, indicando também um possível estudo sobre a personalidade da verdadeira dona. Outro aspecto relevante que o filme apresenta se dá pela breve contextualização histórica do impacto que a companhia causou na vida de milhares de pessoas. É bonito ver a sensibilidade dos irmãos Michael e Peter Spierig mas ao mesmo é triste porque mostra o domínio opressivo sobre outras pessoas.



Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário