Crítica | Somente o mar sabe

Título: Somente o mar sabe

Direção: James Marsh

Elenco: Colin Firth, Rachel Weisz, David Thewlis e Ken Stott

Classificação:


Sinopse: Donald Crowhurst (interpretado por Colin Firth) – o até então comerciante de instrumentos de navegação e amante do mar – decide aceitar o desafio de um navegador veterano para se tornar o primeiro homem a dar a volta ao mundo sem paradas. Ao aceitar fazer parte dessa competição, ele entrará numa disputa com navegadores experientes para vencer o Golden Globe Race de 1968 e ganhar o desejado prêmio. A escolha de Crowhurst envolverá todos da sua cidade, principalmente sua esposa (Rachel Weisz) e filhos, cujo ficarão à mercê da promessa de vitória de Donald, uma vez que ele deixou a família endividada para embarcar nessa solitária aventura em alto mar.

Nem o Marsh explica


Usar as telonas para contar histórias de vida ou eventos importantes é sempre um desafio – mas um desafio que pode dar muito certo. Do clássico Cleópatra, de 1963, com a incrível Elizabeth Taylor, até histórias mais recentes como os premiados Spotlight, de 2015, e O destino de uma nação, de 2017, as cinebiografias sempre tiveram seu lugar de destaque ao longo da história do cinema. Recentemente James Marsh, o diretor de outra biografia de sucesso (A teoria de tudo, de 2014), traz para o público seu novo trabalho intitulado Somente o mar sabe.

Baseado na aventura marítima de Donald Crowhurst, o longa-metragem da BBC Films tenta criar um drama moral acerca da situação vivida por Donald e sua família após a sua decisão de entrar na competição. Há sérios problemas na narrativa. O roteirista Scott Z. Burns falha ao tentar criar uma atmosfera dramática onde a solidão e os conflitos morais da personagem principal não chegam ao seu ápice de qualidade. A construção do clímax, das personagens e da dinâmica do filme deixa a desejar. A história de Crowhurst acaba por se tornar entediante e confusa para o espectador. A falta de lapidação do roteiro é um dos piores defeitos do longa.

Existem, contudo, qualidades na película que são perceptíveis. A direção de James Marsh (A teoria de tudo), a fotografia de Éric Gautier (Na natureza selvagem, de 2007) e a escolha do elenco são os pilares que sustentam esse produto. Marsh, por exemplo, faz um trabalho razoável na direção. Esse não será lembrado como o seu melhor desempenho, mas há um mérito por trás do resultado final do produto. Já o exímio diretor de fotografia, cujo presenteou o mundo com lindas imagens em Na natureza selvagem, executa muito bem a sua função, ganhando um destaque na parte técnica de Somente o mar sabe.

É evidente que a parte mais bem lapidada da película acaba por ser o elenco. Sendo formado por nomes excepcionais como Colin Firth (O discurso do rei, de 2010), Rachel Weisz (O jardineiro fiel, de 2005) e David Thewlis (Nu, de 1993), esses atores conseguem dar um brilho a obra. A atuação de Colin Firth é o ponto máximo de qualidade técnica e artística dentro dessa conturbada produção da BBC. O ator consegue ter momentos muito interessantes ao longo dos 101 minutos de película, ofuscando as cenas desconexas no meio da narrativa.

O resultado de Somente o mar sabe é um tanto decepcionante. A película consegue prender o público sem cansá-lo ou entediá-lo, mas o potencial se perde por conta das pontas soltas presentes no roteiro. Existe uma história interessante e propensa a cativar a graça do espectador e isso se torna um fator de decepção porque é perceptível o potencial que o filme poderia ter tido. E mesmo tendo um histórico muito interessante, as cinebiografias podem falhar; exatamente como o filme de James Marsh falhou.

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