Crítica | Paraíso Perdido

Título: Paraíso Perdido
Direção: Monique Gardenberg
Roteiro: Monique Gardenberg
Elenco: Erasmo Carlos, Júlio Andrade, Seu Jorge, Hermila Guedes, Malu Galli
Gênero: Drama, Musical
Nacionalidade: Brasil
Classificação:

Sinopse: José (Erasmo Carlos) tem três filhos, sendo um deles adotivo, e é avô de um casal de jovens. Sua família, marcada por perdas e desencontros, tenta ser feliz numa antiga boate chamada Paraíso Perdido, onde cantam músicas populares e românticas.

                                                        Crítica

A estrutura do roteiro

É bom porque convence o espectador no tempo necessário, ou seja, não força aproximação ou identificação com os personagens nem incita dramas que não correspondem ao tempo em que as histórias foram apresentadas.

O desenvolvimento dos personagens

O aprofundamento realizado favorece identificação que não se prende a construções genéricas de gênero além de desmistificar comportamento, sexualidade e composição familiar.

O trabalho da direção de arte

Com início forçado nas cores opostas complementares, paulatinamente tal distinção se funde com o estado emocional dos personagens - favorecendo seu desenvolvimento ao longo da narrativa. A cena de destaque é para a mãe do Odair que está na janela - por dentro uma luz amarela incita uma história muito profunda e por fora uma casa verde, refletindo a fragilização do universo dela.

Direção

Algumas poucas composições de quadro se destacam. A movimentação de câmera é convencional e lembra uma novela em alguns momentos. A maneira como os eventos ocorrem dá fôlego para a trama. O filme pecou pela falta de ensaio para a coreografia de agressão como na movimentação da câmera que desse reforço ao nível e ao tipo de agressão. O que realmente choca na cena é o sangue que se mostra ao fim do episódio.

De modo geral, a direção cumpre o seu papel de maneira eficaz mas poderia ser melhor executada para tornar o filme ainda melhor. O roteiro, a história e o desenvolvimento dos personagens estão muito bem executados, se ela se arriscasse um pouco mais explorando outros ângulos e composições, até lentes diferentes, teria tornado a experiência ainda mais forte.

Do som

A interpretação de Jaloo é o ponto musical forte da narrativa. Há muita música no filme. O que mais causa incômodo é o fato de músicas melódicas em tom menor serem utilizadas para as cenas tristes quando apenas o diálogo e a ambiência dariam conta da cena. Esse excesso melódico tornou a experiência incômoda. O filme em si tem poucos momentos de respiro e silêncio. Um bom exemplo de uso de música e transição de ambiência no tempo adequado e desenvolvimento de cenas é o filme polonês The Lure.

Em alguns momentos não existe transições de áudio bem feitas, tornando a mudança de ambiência mal executada. Os volumes da mixagem estão desnivelados a ponto da experiência se tornar desagradável. Os indícios de que o filme teve problemas na mixagem se evidenciam quando o volume está adequado para a espacialização da sala em determinadas cenas enquanto noutros está muito alto.

Conclusão

A experiência é agradável e nostálgica principalmente por conta do clima que é construído. Os atores estão garantindo o entrosamento necessário para o desenvolvimento dramático de cada cena. Ele tem uma composição visual agradável, boa história, desfecho satisfatório. A sucessão de episódios tem um tempo adequado. Ele te transporta para outras sensações principalmente nos momentos em que Jaloo está cantando.

É necessário que os produtores verifiquem se esse problema do áudio ocorreu apenas na minha sala de projeção (Shopping da Bahia - Salvador/BA) ou nas demais salas porque isso afeta gravemente a experiência do filme - é de sair da sala de tão alto que fica.


P.S. Eu já admirava o trabalho de Jaloo antes de ver o filme, minha apreciação e admiração só aumentaram. Se alguém quiser me dar um ingresso pro show dele estou aceitando, rs.

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