Crítica | A Morte de Stalin

 
Título original: The Death of Stalin
Direção: Armando Iannucci
Roteiro: Armando Iannucci, David Schneider, Ian Martin, Peter Fellows. Baseado no quadrinho de Fabien Nury, Thierry Robin. Fabien Nury
Elenco: Steve Buscemi, Simon Russell Beale, Jeffrey Tambor
Gênero: Histórico / Comédia Dramática
Nacionalidade: EUA, França e Reino Unido
Classificação:
Sinopse: União Soviética, 1953. Após a morte de Josef Stalin (Adrian McLoughlin), o alto escalão do comitê do Partido Comunista se vê em momentos caóticos para decidir quem será o sucessor do líder soviético.
                                                         Crítica
Uma direção que pontua com seriedade um regime evocando o humor na corrida pelo poder. Neste filme Armando Iannucci dá uma aula como se fazer uma comédia que não seja um besteirol ou uma sucessão de piadas prontas com enfoque em determinada minoria. Conforme as cenas se desenvolvem, as situações crescem, explodem e a estabilidade é retomada para uma nova cadeia de eventos.
Do roteiro
Possui diálogos bem elaborados, subtextos, desenvolvimento comportamental e psicológico dos personagens no tempo adequado para o tempo do filme e encerramento cíclico.
Da direção
A estabilidade do filme se concentra na composição clássica de enquadramento. O que edifica o seu trabalho é a movimentação de atores em relação ao enquadramento definido. Ele até sobe a câmera para ilustrar o humor que produziu apenas com diálogos presentes no primeiro plano. Enquanto a narrativa se faz abaixo dos atores - quase um voice over da própria cena - tal elemento gera comicidade porque é algo bastante simples visualmente mas que tem grande potência.
O destoar proposital de enquadramento com o objetivo de causar desconforto ou criar situações de humor se faz presente porém sem exageros. A relação entre ação dos personagens, enquadramento e reações diante das duas imposições anteriores, assinam a marcação de composição de narrativa. Vale ressaltar a sua apresentação dos personagens, se fazendo de slow motion e até mesmo os sons reproduzidos pelo corpo de um destes para compor tal momento.
Nos momentos em que se faz necessário, Iannucci apresenta com sobriedade os comportamentos relativos ao regime sem tornar o momento sombrio ou digno de pena. Ele consegue ilustrar sem figuras caricatas, tudo é levado a sério. A morte não é banal porém é fria. Nenhuma ação do filme é gratuita. O horror apresentado não assusta, apenas conscientiza sobre o período do regime e a mentalidade dos homens naquele contexto. Definitivamente a maestria de Ianucci se faz no controle adequado do humor e da seriedade, sem exageros para nenhum dos dois, tornando o filme agradável com tempos adequados de respiro.
Conclusão
Neste trabalho, o elenco de peso torna o filme uma experiência muito agradável porque eles convencem. A fotografia, o figurino, a direção de arte, todos estão desempenhando seu papel de modo louvável. A música e a trilha sonora igualmente.
Apesar de tantas qualidades o filme não incita uma necessidade de assistir novamente - talvez pelo fato da situação ser bem expressa num primeiro contato. Sem dúvida o filme é um deleite para quem aprecia comédia e dificilmente encontra algo que agrade ou não recorra ao ordinário.

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