Crítica | O Candidato Honesto 2

Título: O Candidato Honesto 2

Direção: Roberto Santucci

Elenco: Leandro Hassum, Rosanne Mulholland, Victor Leal, Cassio Pandolfh e Paulinho Serra

Classificação:

Sinopse: Após cumprir uma parcela minúscula de sua pena, João Ernesto (Leandro Hassum) vê em sua liberdade antecipada a chance de se redimir com o país após sua desastrosa atuação política anterior a prisão. Convencido por seu amigo e assessor Marcelinho (Victor Leal) e pelo assustador Ivan Pires (Cassio Pandolfh), João decide se candidatar à presidência para mudar o país. Por ser o candidato honesto que assumiu os seus erros, João Ernesto é eleito com louvor e clamor do povo, contudo o seu mandato não será nenhum mar de rosas. Tendo feito o pacto com o próprio diabo e escolhido ele como seu vice, João terá a difícil missão de enfrentar todos os esquemas políticos existentes em Brasília para se manter como o candidato honesto escolhido pela população.


O Candidato Honesto 2 e os insucessos frequentes de Roberto Santucci 

Em meio a corrida presidencial, eis que os cinemas brasileiros trazem para seus circuitos o filme O Candidato Honesto 2. Envolto numa fraquíssima sátira política, o novo trabalho do diretor carioca Roberto Santucci é tão pobre, artística e politicamente, quanto o anterior. A comédia é completamente dispensável. A única coisa que passa na cabeça do espectador é a dúvida acerca do tempo de tela que ainda resta para esse triste longa-metragem.

Santucci é um diretor cujo nome acompanha (ou, ao menos, acompanhava) reconhecimento em território nacional graças aos seus trabalhos mais notáveis, como Bellini e a Esfinge (2002), Alucinados (2008), De Pernas pro Ar (2010) e Loucas pra Casar (2015). Essa notabilidade perante o público tem caído nos últimos anos por conta das suas terríveis sequências. É compreensível a condição de dificuldade enfrentada por qualquer diretor, produtor ou roteirista que assume o papel de dar continuidade ao existente, contudo, os erros de Santucci foram inúmeros, fazendo de O Candidato Honesto 2 a produção que transbordou a cota do absurdo.

A comédia é uns dos gêneros cinematográficos mais multifacetados. Ela tem em sua essência uma gama de possibilidades de efeito para com o espectador e, de acordo com a narrativa e a intenção da produção, isso pode variar. Em teoria, a série de filmes O Candidato Honesto tem por objetivo satirizar uma instabilidade política existente na nação desde o meado dos anos 2010 – por isso o lançamento de ambos os longas aconteceu em anos eleitorais tão turbulentos contudo o resultado fica bem distante do desejado. Os problemas técnicos da película superam qualquer tipo de segundo politicamente consciente da trama.

A dificuldade começa pelo roteiro, onde o absurdo e a comédia escrachada estão em voga. Além disso, as personagens são claras caricaturas bizarras de figuras políticas reais que são criadas de uma maneira tão pobre de criatividade que levam as situações ao ridículo. Para piorar ainda mais a situação desse corpo em queda livre, as atuações são tristes. É terrível ver um elenco com certa qualidade se propor a fazer algo tão ruim. O resultado das cenas é desconexo, sem graça e forçado. E o verdadeiro terror se completa quando falamos da direção de Santucci. Para uma figura cujo elaborou trabalhos tão interessantes, dirigir O Candidato Honesto 2 foi uma verdadeira piada de mal gosto.

Num produto fílmico onde tudo é ruim – e até mesmo a escolha da posição e do enquadramento da câmera são questionáveis o resultado esperado não poderá ser nada além de um fracasso certo. O conjunto da obra foi desastroso e se tornou, de longe, um dos piores trabalhos feitos por Roberto Santucci. Já o comediante Leandro Hassum se mostrou perdido em sua própria essência e a tentativa de se satirizar durante o longa é igualmente ruim ao produto final. O Candidato Honesto 2 chega aos cinemas nesta quinta-feira (30) para ser mais assustador (de tão ruim) que o filme do Slender Men (2018). E só. Afinal, a sua função político-social de reflexão está bem longe de ser alcançada.

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