Crítica I Podres de Ricos


Título : Podres de Ricos
Direção: Jon M. Chu
Roteiro: Peter Chiarelli e Adele Lim (baseado no romance de Kevin Kwan)
Elenco: Constance Wu, Henry Golding, Michelle Yeoh
Classificação: Nenhum texto alternativo automático disponível.
Sinopse: Rachel Chu é uma professora de economia nos EUA e namora com Nick Young há algum tempo. Quando Nick convida Rachel para ir no casamento do melhor amigo, em Singapura, ele esquece de avisar à namorada que, como herdeiro de uma fortuna, ele é um dos solteiros mais cobiçados do local, colocando Rachel na mira de outras candidatas e da mãe de Nick, que desaprova o namoro.

                                                         Crítica
                                                                                       

Apesar de possuir alguns excessos e contradições, o longa cumpre bem a sua proposta de ser uma distração leve e divertida. 

Adaptado da obra de Kevin Kwan "Asiáticos Podres de Ricos", a qual não li, o filme é um despretensioso retrato de um romance entre uma jovem professora universitária dos EUA e um herdeiro de uma poderosa família de Singapura. Antes de tudo, creio que seja importante deixar bem claro: toda boa adaptação cinematográfica de um livro deve permitir que o espectador entenda e aprecie o longa em sua plenitude sem precisar ter feito prévia leitura da obra original. Felizmente, este é o caso. Contudo, este belo feito não é o suficiente para salvar o longa de alguns problemas.

O roteiro é raso e clichê praticamente do início ao fim, fato que não é necessariamente um problema, contanto que o filme se mantenha envolvente, o mínimo esperado de uma obra que se propõe a divertir.  Embora na maior parte do tempo isto ocorra, em alguns momentos o excesso de previsibilidade pode incomodar, fato que tem relação direta com o grau de desenvolvimento dos personagens. Acontece que, com exceção do casal protagonista Rachel e Nick, tal qual a mãe deste último, Eleanor Young, que possuem um arco dramático bem definido, praticamente todos os outros personagens possuem papeis absolutamente genéricos, o que interfere no envolvimento do espectador com a obra. 

Não há porque se importar com personagens que nada sabemos além do seu perfil completamente estereotipado que é constantemente reforçado pelo filme. Praticamente todo momento em que o roteiro muda seu foco dos dilemas envolvendo o trio principal para qualquer outro papel secundário a trama perde força e fica desinteressante, salvo alguns momentos em que as piadas funcionam e geram boas risadas. Característica esta que, por sinal, parece ser o único objetivo para a criação da maioria dos personagens. Ser o alívio cômico. Por sorte, Constance Wu e Henry Golding dão um banho de carisma e funcionam juntos, conferindo assim vida aos seus papeis e funcionando como o fio condutor do interesse do público no desenrolar da trama. 

A produção claramente também funciona como um grande cartão postal de Singapura, com tomadas que constantemente reforçam a sua grandiosidade e beleza. O diretor Jon M. Chu imprime um estilo burocrático aos enquadramentos e a movimentação da câmera, porém consegue criar com maestria momentos de contemplação, o que, é claro, só é possível com a ajuda dos belíssimos design de produção e fotografia, com certeza dois dos pontos fortes do filme. Uma cena em particular envolvendo um casamento pouco antes do clímax é um belo exemplo de como a união destes três elementos pode funcionar de forma espetacular. 

O seu elenco, praticamente todo composto por asiáticos e descendentes, é uma escolha lógica e acertada da produção. Há uma clara tentativa aqui de fazer jus a ambientação do longa e a rica cultura de seu povo. Todavia, é justamente onde o filme deveria se destacar que encontram-se alguns de seus maiores problemas. Entendo perfeitamente o motivo de todos os personagens falarem em inglês quase o tempo todo, afinal, se trata de uma obra comercial produzida por um estúdio americano e não há problema nisso. Contudo, acredito que obras como essa devem ter um entendimento básico de seu contexto. Para começar, o tempo todo os personagens estão fazendo referência a cultura dos EUA, especialmente quando fazem alguma piada. A impressão que passa é que todo o conteúdo que eles consomem vem deste país, o que é incoerente com a proposta apresentada. Para piorar, a mensagem que o filme passa, resumidamente, é a de que para que os protagonistas vivam felizes para sempre é necessário que o mocinho abra mão dos valores conservadores da cultura de seu país e abrace de vez a cultura americana, pois esta sim tem o condão de incentivar a liberdade e a busca pelos sonhos. Uma mensagem um tanto quanto estranha para uma obra que se passa num país oriental e teve toda a preocupação de escalar um elenco adequado. 

Já a montagem tem uma dinâmica ágil e possui transições modernas, contribuindo para positivamente para o ritmo da produção. Em contrapartida, a trilha sonora passa praticamente despercebida. 

Apesar de todos os problemas, Podres de Ricos é uma obra agradável para se assistir tanto em grupo quanto a dois, basta não criar grandes expectativas. Poderia ser melhor e mais consciente de seu potencial, mas é um bom filme que diverte e entretêm. 

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