Crítica | Nasce uma Estrela

Título: Nasce uma Estrela

Direção: Bradley Cooper

Elenco: Lady Gaga, Bradley Cooper, Andrew Dice Clay e Sam Elliott

Classificação:

Sinopse: Ally (Lady Gaga), cujo sonho é viver da música, vê sua vida transformada após o encontro com o cantor Jackson Maine (Bradley Cooper). Em paralelo a crescente paixão do casal, Ally ascende de maneira exponencial como artista. Após alguns episódios onde Jackson perdeu o controle por conta da bebida, a carreira do cantor de longa data entra em declínio. A distância criada pelos momentos de vida e os problemas pessoais do casal levam à relação ao seu extremo.

Nasce uma Estrela marca um momento de sensibilidade artística da indústria


No cinema, alguns elementos podem falar sobre o produto e o seu contexto. Em certos casos, o título carrega uma história que ultrapassa as margens da produção. Para compreender a narrativa do novo longa-metragem da Warner Bros. Pictures, é imprescindível perceber a significância do título e tudo que ele agrega. Nasce uma Estrela tem uma extensa e importante marca para a própria história cinematográfica. O longa é a terceira versão de um dos trabalhos do produtor David O. Selznick (E o Vento Levou, de 1939; e Rebecca, de 1940) de mesmo nome lançado em 1937.

Nomes como Judy Garland (O Mágico de Oz, de 1999) e Barbra Streisand (Funny Girl – A Garota Genial, de 1969) personificaram o mito que é A Star is Born (título original). Na releitura de Bradley Cooper – em sua estreia como diretor – Lady Gaga assume o papel da estrela dessa narrativa musical. A escolha inicialmente controversa para o estúdio se tornou a perfeição nas telonas. A presença de Gaga como a personagem principal da película alavancou o projeto de forma inesperada.

Nasce uma Estrela é uma produção excepcional. A originalidade da obra e o carinho com suas versões anteriores são admiráveis. A Warner foi capaz de entregar ao público um diamante lapidado que marcará o futuro dos envolvidos e trará frutos diversos durante a temporada de premiações. Ao lado dessa sensibilidade criativa, a idealização e disposição das canções ocorreram da melhor forma possível. Com composições elaboradas por Cooper, Gaga e o músico Lukas Nelson, a trilha sonora encorpa o filme e mostra ao público a verdadeira alma do que é o fazer da arte – assunto tão retratado na trama.

O conhecido Bradley Cooper não poderia ter tido uma estreia melhor como diretor. A sua desenvoltura como o regente dessa orquestra de emoções é sublime. Cada sequência musical, cada close-up, cada plano detalhe; todos perfeitamente pensados e executados. Para quem se mostrava um ator mediano, Cooper demarca no longa o seu múltiplo talento e a sua capacidade de visão artística seja pelo resultado da direção como pela escolha acertada em ter Lady Gaga como estrela.

Como dito, A Star is Born é uma narrativa sensível sobre a arte. Com foco em música, os roteiristas desenvolveram genialmente uma história profunda, real e emocionante. Eric Roth (O Curioso Caso de Benjamin Button, de 2008), Bradley Cooper e Will Fetters (Lembranças, de 2010) criaram uma história forte, onde uma sequência de acontecimentos comuns do cinema foram organizados para dar vida ao diferente. É impressionante a forma como existe um diálogo síncrono entre a narrativa e o espectador. E um dos artifícios que eleva o roteiro é a costura da trilha sonora com o estado de cada uma das personagens e, consequentemente, de suas ações.

É inevitável pontuar as atuações monstruosas dessa película. Desde o veterano Sam Elliot  o qual está em sua melhor performance da carreira  até a extraordinária performance do casal Gaga-Cooper, o elenco é sublime. Mais uma vez a produção mostra um cuidado e precisão ao selecionar os seus colaboradores, o que fez dela uma preciosidade para o estúdio. A estreante nos longas, Lady Gaga, comprova a sua exuberância e completude como artista e relembra que a escolha de seu colega de cena e diretor não foi em vão. Por outro lado, o diretor e roteirista do longa-metragem também não fica atrás. Bradley Cooper mergulhou tão profundamente nesse projeto que fez dele o seu trampolim para o futuro. Nunca em sua carreira havia um resultado tão bom quanto sua interpretação de Jackson Maine.

E é entre as cenas de Gaga e Cooper que o espectador é embalado nesse drama musical que emocionará todos. Uma verdadeira obra que se importa com a mensagem que transmite. Não há firulas ou apelações para crescer a narrativa, ela por si só consegue se elevar a cada segundo. Nasce uma Estrela estreia nessa quinta-feira (11) nos cinemas brasileiros e a única certeza que se pode ter sobre a trama é que a sensibilidade da produção a torna especial. Estejam preparados para se arrepiar com uma sessão honesta de arte.

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