Crítica | Nasce uma Estrela


Título: Nasce uma estrela
Direção: Bradley Cooper
Roteiro: Bradley Cooper, Will Fetters, Eric Roth, William A. Wellman
Elenco: Lady Gaga, Bradley Cooper, Andrew Dice, Sam Elliott, Rafi Gavron 
Classificação: Nenhum texto alternativo automático disponível.      
Sinopse: Jackson Maine (Bradley Cooper) é um cantor no auge da fama. Um dia, após deixar uma apresentação, ele para em um bar para beber algo. É quando conhece Ally (Lady Gaga), uma insegura cantora que ganha a vida trabalhando em um restaurante. Jackson se encanta pela mulher e seu talento, decidindo acolhê-la debaixo de suas asas. Ao mesmo tempo em que Ally ascende ao estrelato, Jackson vive uma crise pessoal e profissional devido aos problemas com o álcool.
                                                  Crítica


"Música é, essencialmente, doze notas entre qualquer oitava – doze notas e a oitava repete. É a mesma história sendo contada, para sempre. Tudo o que um artista pode oferecer ao mundo é como ele enxerga essas doze notas."

O filme é uma obra fascinante e reflexiva sobre a ascensão de uma jovem cantora e compositora enquanto observa a conturbada trajetória de seu parceiro, uma antiga estrela da música em crescente decadência. Ao falar deste filme não se pode deixar de destacar o casal de protagonistas (Cooper e Gaga, excelentes tanto atuando quanto cantando, uma grata surpresa). Ambos conferem tridimensionalidade aos papéis, dando forma a figuras que poderiam facilmente ser reais. A dupla apresenta qualidades e defeitos de fácil identificação com o público, o que aumenta consideravelmente a empatia por eles.

A forma como o casal amadurece e o relacionamento entre os dois se desenvolve é convincente, e isso se deve tanto ao talento dos atores envolvidos (cuja química funciona) quanto a precisão do roteiro. Aqui, pequenas pistas do que está por vir são inseridas ao longo da projeção através de pequenos nuances do comportamento dos personagens (um olhar, um gesto, etc.), o que, é claro, só é possível graças à capacidade dos atores, e através de relatos importantes sobre fatos do passado que são revelados de forma minuciosa. Estes detalhes fazem com que a progressão dos acontecimentos ocorra de forma orgânica e coerente com o universo estabelecido. Um casamento perfeito entre roteiro e casting, em que um beneficia o trabalho do outro.

Quanto a direção, Cooper demonstra segurança e energia, sem roubar a atenção para si. O ator e diretor constantemente trabalha um jogo de câmeras que emula as percepções dos personagens num trabalho exemplar de imersão do público nas sensações vivenciadas pelos protagonistas. O dinamismo que a direção imprime ao longa é claramente beneficiado pela montagem de Jay Cassidy, que sabe a hora perfeita de finalizar cada cena, permitindo que haja tempo para que o peso de cada conquista e derrota seja sentida pelo espectador ao mesmo tempo que confere fluidez ao andamento da trama.

O elenco de apoio complementa bem a dupla principal. O pai de Ally (personagem de Gaga) e seus amigos são um agradável alívio cômico e o empresário interpretado por Rafi Gavron transmite frieza e objetividade na medida, evitando tornar a atuação caricata, e tem até mesmo uma cena fortíssima e determinante para a conclusão do filme. Contudo, o grande destaque dentre os coadjuvantes sem dúvidas é o personagem vivido por Sam Elliott, irmão de Jack (Cooper). Apesar do seu curto tempo de tela, é possível perceber em cada trejeito de sua atuação o peso que carrega nas costas por sua carreira frustrada e a mistura de inveja e orgulho que sente pelo irmão.

Fotografia e mixagem de som cumprem muito bem o seu papel e somam a qualidade da obra, porém sem tanto espaço para brilhar. Por fim, mas não menos importante, o filme é composto por uma série de músicas marcantes, com destaque para “Shallow” e a brilhante performance de Gaga em “I’ll Never Love Again”. Se você gosta de conferir potenciais candidatos ao Oscar e, acima de tudo, de assistir a bons filmes, não perca a chance de conferir esta emocionante jornada nos cinemas.

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