Crítica | Ponto Cego


Crítica | Ponto Cego
Título original: Blindspotting
Direção: Carlos López Estrada
Roteiro: Daveed Diggs e Rafael Casal
Elenco: Daveed Diggs, Rafael Casal, Janina Gavankar, Jasmine Jones, Utkarsh Ambudkar Rin
Gênero: Drama/Comédia
Nacionalidade: EUA
Classificação:
Sinopse: Em Oakland, Califórnia, o ex-presidiário Collin (Daveed Diggs) enfrenta os últimos dias de liberdade de condicional antes de acertar as suas contas com a justiça. Quando ele e o amigo Miles (Rafael Casal) presenciam uma troca de tiros envolvendo policiais, eles hesitam sobre a melhor coisa a fazer. O caso expõe as diferenças de pensamentos entre eles e revela os traumas sociais de cada um.


                                                Crítica


Numa trajetória coesa, o filme apresenta a condição do homem negro nos Estados Unidos na atualidade. Desde a maneira como as notícias são dadas, até o tratamento diferenciado que há entre pessoas negras e brancas. Tem-se o peso que se carrega de modo que as acusações negativas sempre se reportam a Collin (Daveed Diggs). A gentrificação é um movimento que já mencionei anteriormente quando falei do seriado Ela quer tudo e aqui mais uma vez encontramos tal fenômeno ocorrendo em outro bairro, desta vez em Oakland.


Apesar de acompanhar Collin na maior parte do tempo, o ponto de vista para o espectador é distante. Você está ali para observar e entender o que acontece naquele universo - esse tratamento que eventualmente quebra a quarta parede também remete ao trabalho de Spike Lee.


Trabalhando as diversas camadas que compõe a rotina de um ex-presidiário, a história apresenta o peso na pele que ocupa tal liberdade - guiada por uma força invisível e presente. Collin é pressionado constantemente por uma culpa que não é real e sim uma amarra social forjada para moldar e acalmar seu comportamento. É possível apreender que apesar do término da escravidão, o tratamento depreciativo é remanescente.


Com uma montagem ritmada lembrando o estilo de Spike Lee e David Wright no que tange à comédia na apresentação de algumas cenas, Ponto Cego se revela apresentando a complexidade da amizade, vida e humanização de quem não costuma ter voz adequadamente.


O roteiro é bem executado e bem escrito. O adensamento paulatino da história permeia entre momentos de reflexão e descontração. Cada momento do filme tem sua riqueza, principalmente os raps que foram escritos por Daveed Diggs e Rafel Casal tem uma carga dramática pertinente, tornando a obra um verdadeiro deleite. A fotografia e a direção de arte completam bem o trabalho com primor em sua execução, tornando esse filme um dos melhores em todos os aspectos desse gênero neste ano.

Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário