Direção: Marielle Heller
Roteiro: Nicole Holofcener e Jeffrey Daniel Whitty
Elenco: Melissa
McCarthy e Richard E. Grant
Classificação:
Sinopse: Após
fazer sucesso durante décadas com suas biografias, a jornalista e
escritora Lee Israel caiu no esquecimento. Tentando lidar com a falta de
espaço no mercado, contas atrasadas e a sua dificuldade de se relacionar
com outras pessoas, Israel se vê completamente desacreditada de seu
trabalho. Para arranjar dinheiro, a escritora vende uma das cartas
antigas de Fanny Brice – comediante na qual Lee pretendia fazer uma biografia. Nesse momento, ela tem uma ideia para se salvar: Lee passaria a forjar cartas de personalidades já falecidas para vendê-las. Assim,
a jornalista começou um lucrativo negócio criminoso. Tudo ia bem com as
vendas e as falsificações até que suspeitas começaram a ser levantadas e
o FBI resolveu ir atrás da escritora.
Lee Israel: Uma feliz mentira
2018 foi o ano das cinebiografias. Ao
longo dos maiores festivais de cinema e das cerimônias de premiação, os
filmes biográficos dominaram as atenções da crítica e público. Astros
do rock, escritoras célebres, políticos, comediantes, pintores,
astronautas, policiais, criminosos etc. A diversidade de representações
tomou conta do gênero nesse último ano. Nos circuitos de premiações, 8
títulos foram mencionados na maioria das listas de indicados. Dentre
essas produções está a interessante história de contravenções da
escritora Lee Israel.
Poderia Me Perdoar? é o novo longa-metragem da Fox Searchlight Pictures que se
baseia num livro de mesmo nome escrito pela própria Lee Israel. Depois
de ser descoberta e julgada, Lee escreveu uma autobiografia
confessional, declarando não só o acontecido como a mudança que isso fez
em sua vida. Dez anos após o lançamento da obra literária, a Fox lança
sua adaptação para o cinema e emplaca como um produto de qualidade.
O filme é um relato
dos dias de falsificadora da renomada autora de biografias. O longa,
com toda a sua simplicidade, se atenta aos detalhes mais íntimos da
personagem principal e constrói uma narrativa na qual o público se vê ao
lado da contravenção. Israel passa a ser uma espécie de anti-heroína da
história que conquista o coração e a atenção do espectador desde os
primeiros minutos.
A partir dessa narrativa de confissão, a diretora Marielle Heller (O Diário de uma Adolescente,
de 2015) criou uma história sensível e real. A direção dela é muito
precisa e sem firulas, o que tornam as cenas simples. Ou seja, o
trabalho de Heller nessa produção é a composição do ambiente e das
imagens, para que as atuações e o roteiro ganhem profundidade pelos seus
próprios meios. E tudo isso se amplifica por não existir nenhuma
barreira da direção que tire a atenção do foco principal do
acontecimento. Heller coordena essa biografia com um olhar verdadeiro e
inteligente.
O
roteiro é admirável. Uma adaptação que soube escolher e desenhar muito
bem os momentos característicos da vida de Israel. Os roteiristas Nicole Holofcener e Jeffrey Daniel Whitty
criaram uma narrativa que prende a atenção do espectador de imediato. A
figura da jornalista já fala por si só, mas as escolhas de Holofcener e Whitty deram ainda mais espaço para a atriz principal e sua personagem brilharem. Dessa forma, o filme é extremamente verossímil e delicado. Uma cinebiografia que soube usar os relatos da personagem-título.
A força de Can You Ever Forgive Me?
(título original) está no elenco. A história tem as suas personagens
secundárias que colaboram positivamente para a composição da emoção e
dos nuances da narrativa, mas quem encorpa as cenas é a dupla Melissa
McCarthy e Richard E. Grant. A performance de McCarthy é poderosa. Lee
Israel foi o papel perfeito para Melissa. A atriz pôde mostrar as suas
múltiplas facetas como a figura da escritora com momentos fortes e
divertidos. Já o seu parceiro de cena está ali para desenvolver ainda
mais a dose de humor ácido do longa. A personagem de Grant completa a
diversidade de sentimentos de Israel com as sua lábia e vivências. Quando ambos estão em cena, o público se deleita com uma cumplicidade e qualidade artística impressionante.
Como
o ponto alto da película são Melissa e Richard, a maior parte das
nomeações está veiculada a suas interpretações. Devido a isso, ambos
foram indicados, respectivamente, nas categorias “Melhor Atriz” e
“Melhor Ator Coadjuvante” dos principais prêmios do cinema (Globo de
Ouro, Critics’ Choice Awards, SAG Awards, BAFTA Awards e Oscar). Independentemente dos resultados, é inegável a qualidade das performances de Melissa e Richard, as quais fizeram da cinebiografia de Lee Israel um filme marcante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário