Crítica| Duas Rainhas


Título originalMary Queen of Scots

Direção: Josie Rourke

Elenco: Margot Robbie,  Saoirse RonanMargot RobbieJack Lowden.

Gênero:Histórico, drama.

Notinha: 9/10

Sinopse:
Mary (Saoirse Ronan), ainda criança, foi prometida ao filho mais velho do rei Henrique II, Francis, e então foi levada para França. Mas logo Francis morre e Mary volta para a Escócia, na tentativa de derrubar sua prima Elizabeth I (Margot Robbie), a Rainha da Inglaterra.


CRÍTICA

Duas Rainhas e uma disputa emocionante por poder além do trono.

Duas rainhas, primas e com um fardo para carregar que vai além do peso de uma coroa. Sustentar os ideais que a eras são passados de geração em geração como crenças religiosas e formas de conduzir o reino, e sendo jovens mulheres numa sociedade infinitamente patriarcal e machista de alguns séculos atrás trás a trama o tom político esperado mas também a atmosfera do que deve ter sido viver  naquele período para ambas as protagonistas da história.

Nem sei bem por onde começar, sinto que esse filme tem muitas camadas e não quero deixar de ao menos citar as mais importantes e que chamaram minha atenção.

Ambas as atrizes estão excelentes em seus papéis, transparecem de forma sutil e delicada um quê de personalidade para as personagens retratadas, a rainha Mary Stuart da talentosíssima Saoirse Ronan tem horas a leveza de uma jovem mulher, que deseja paz e unificação e ao mesmo tempo a típica impetuosidade da juventude. Por outro lado a rainha Elizabeth I da Margot Robbie é uma mulher amadurecida enquanto pessoa, paranóica, preocupada com conspirações e sem tempo para nada que não seja manter seu reinado (isso é trazido fortemente em algumas passagens e as consequências disso também).

O roteiro foi cuidadosamente escrito para que o público tivesse acesso a um pouco da dinâmica entre as rainhas e seus conselheiros, toda a intriga e dificuldade em serem ouvidas pelos que a acompanhavam e toda a treta silenciosa (nem sempre) para se comunicarem a fim de se manterem no trono, porque fica claro que na verdade não se trata apenas de uma ou outra ocupar o trono em definitivo mas o que isso iria significar para os súditos e demais membros do reino escocês e britânico, é uma disputa de narrativa, que passa fortemente pelo viés religioso.

É como uma guerra silenciosa que começa antes de mais nada dentro do próprio reino de ambas, onde os homens parecem sempre estar conspirando a favor daquilo que consideram melhor e quando chegam as consequências todos precisam arcar, até mesmo quem não estava ciente do que estava sendo feito por debaixo dos panos.

É uma trama muito rica nesse aspecto, eu particularmente gosto desse tipo de filme em que a nossa atenção é chamada a todo momento e é essencial que nos atentemos aos longos diálogos, olhares e comportamentos mesmo que parecem não importantes pois naquela época as tramas se davam dessa forma, mais vagarosa e sem grande rompantes.

Outro aspecto muito interessante que enche bastante os nossos olhos são os figurinos, belíssimos e não por acaso recebeu indicação ao Oscar, um adendo para a caracterização da Margot Robbie que como muitos devem saber é uma deusa na terra de tão bela, e precisaram de prótese no nariz, enchimento e toda uma maquiagem que a envelhecesse e deixasse menos bonita do que é, eu nunca tinha visto ela dessa maneira e confesso que por ser inédito demorei a me acostumar mas sei que foi absolutamente necessário não só para que ela pudesse fazer o seu trabalho da melhor maneira como para tornar a história mais crível possível e eles foram bem sucedidos nesse sentido.
 A menina Ronan já é velha conhecida dos cinéfilos e apesar da pouca idade (segundo o google 24 aninhos) já esteve em algumas obras históricas então está bem demais como sempre e segura em mais um papel marcante de época.
Os últimos momentos do filme são os mais importantes e emocionais ao meu ver, não nos diz onde tudo aquilo vai dar mesmo que historicamente já saibamos o desfecho, é uma obra interessantíssima e com esse novo olhar contemporâneo me fez enxergar esses duas mulheres extraordinárias cada um a sua forma, da maneira que escolheram as batalhas pelas quais acreditavam serem dignas de sua energia, lutando no final das contas, pelo direito de existirem, algo com o qual qualquer uma de nós consegue se identificar não é mesmo manas? 

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