Crítica | Happy Hour - Verdades e Consequências

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Título: Happy Hour - Verdades e Consequências
Gênero: Comédia Dramática
Elenco: Letícia Sabatella, Pablo Echarri, Luciano Cáceres, Juliana Carneiro da Cunha.

Direção: Eduardo Albergaria
Notinha: 8/10


Sinopse: Após um acidente, Horácio (Pablo Echarri) muda completamente suas perspectivas de vida e decide confessar para sua esposa, Vera (Letícia Sabatella), que deseja ter relações com outras pessoas, embora ainda queira continuar o casamento. Confusa e inserida em um momento profissionalmente complicado, ela não gosta da ideia mas percebe que precisa, mais do que nunca, continuar seu casamento.



                                                       Resenha

 Para mim foi muito difícil montar uma opinião sobre filme de início. Passei o filme inteiro achando tudo muito machista. Horácio é um típico marido que se vangloria por nunca ter traído a mulher (coisa que deve ser normal para todos os casados, mas pela sociedade, como homens tem "instinto", isso é considerado incomum e muitas vezes "heróico"), e por sempre dizer a verdade. Por isso ele acha que tem todo o direito de pedir a sua companheira que deixe-o dormir com outras mulheres, não querendo usar o termo "traír", que segundo a sua aluna, Clara, é um termo muito pesado. Quando Vera se vê na sensível e deliciada situação, ela não sabe o que fazer, usa o termo "trair", e age até de certa forma calma, mas não compactua com a ideia. Até porque o seu marido queria abrir o relacionamento apenas para um dos lados. Típico de homem machista. 

“A gente está casado há 15 anos e não é possível que a gente não possa aprender com o erro dos outros. É só olhar em volta. É maior que a gente, é uma coisa que tem a ver com desejo. A gente precisa dar espaço a isso, entende? A forma que se criou para lidar com isso é o divórcio. Mas as coisas precisam mesmo ser assim, tão tristes?” - Horácio
Após diversas cenas que só me confirmaram do quão machista o filme é, inclusive pelo fato usarem a fama de um homem para alavancar uma mulher, como se ela precisasse de um homem para alcançar suas conquistas. De certa forma o assunto foi tratado como uma crítica leve, mas importante. Principalmente se tratando do fato de que era uma carreira política. O fato de que a vida pessoal dos políticos influenciam diretamente na forma como a população os vê, e na forma como a mídia manipula nos mostra que continuamos vivendo em uma sociedade conservadora, em que homens e mulheres precisam se "comportar" e viver uma vida pacata, sendo bela, recatada e do lar.


Do meio do filme para o fim, fiquei um pouco confusa, minha opinião mudou, e comecei a gostar do filme e não sentir tanto ódio. Um filme que não te da todas as resposta, deixa certas coisas subtendidas, e faz o espectador pensar um pouco em qual lado está "certo". 



Em questões técnicas, eu particularmente gostei muito do roteiro, que é uma coisa que prezo bastante, pois pra mim, não há atuação que suporte um roteiro ruim, mas as atuações também não deixaram a desejar, Letícia Sabatella inclusive está maravilhosa. As falas são naturais, típicas de uma conversa real. A direção também está muito boa, Eduardo Albergaria faz com que o filme te prenda, mude de opinião diversas vezes e te intriga com jogos de imagem e cenas não sequenciais. 


"Só um pequeno parêntese. Precisamos ter a compreensão de que a arte é para todos. Ela é um bem comum. Vai ter luta. Mas existem instituições, leis, processos. Acredito, como artista, que as instituições brasileiras vão servir ao país. Tenho esperança de que as coisas possam se pacificar. Como brasileiro, espero que comecemos rapidamente um processo de cura. Nos pequenos círculos, nos grupos de amigos, nas famílias. Acho que a arte vai ajudar." - Eduardo Albergaria


Terminei o filme vendo que na verdade era tudo uma grande crítica, entre jogos de poder, e o que realmente importa para a mídia, para o governo, para quem vota, e para quem vive. Assunto extremamente importante para o momento em que vivemos, principalmente se tratando de campanhas eleitorais.



São nesses tipos de filmes que me impressiono com a qualidade do cinema brasileiro, inclusive aclamada pela industria cinematográfica da Argentina. Viva a Lei Rouanet.



E por fim, como disse Letícia Sabatella sobre o filme, "A gente prevê luta".


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