Crítica | Obsessão

Título: Obsessão

Direção: Neil Jordan

Roteiro: Ray Wright e Neil Jordan

Elenco: Isabelle Huppert, Chloë Grace Moretz, Maika Monroe, Colm Feore e Stephen Rea

Classificação:

Sinopse: Frances (Chloë Grace Moretz) é uma jovem mulher cuja mãe acaba de falecer. Recém-chegada em Manhattan e cheia de problemas com o pai, ela divide apartamento com a amiga Erica (Maika Monroe) e trabalha como garçonete de um luxuoso restaurante. Um dia, voltando para casa, Frances encontra uma bolsa abandonada em um dos assentos do metrô, e, ao devolvê-la, acaba iniciando uma amizade improvável com a dona do acessório, uma senhora viúva chamada Greta (Isabelle Huppert). Os problemas começam a surgir quando Frances percebe que a necessidade de atenção de Greta é muito mais perigosa do que ela imaginava.

                                                                       Crítica

Obsessão é frustrante thriller que não desenvolve sua narrativa

Desde a estreia de Peeping Tom, em 1960, o público da sétima arte se depara com narrativas psicológicas onde a figura que persegue é retratada como alguém maior que o “vilão” da história. Thrillers e mais thrillers abraçaram a premissa da obsessão por uma pessoa ou um grupo para construir seus roteiros. A ideia de narrar uma asfixiante corrida contra o seu “stalker particular” intriga o espectador e o faz querer mais. Sucessos de audiência como Atração Fatal (1987), Mulher Solteira Procura (1992) e Medo (1996) comprovam que, por mais que a estrutura base do enredo seja a mesma, os longas continuam a levar o público aos cinemas. 

Estrelada por Isabelle Huppert e Chloë Grace Moretz, a estreia da semana segue a linha de filmes os quais abordam a compulsão de uma figura antagônica. Obsessão chega nessa quinta-feira (13) aos cinemas aparentando ser mais uma dessas narrativas tensas e bem construídas que prometem levar o espectador ao seu ápice de nervosismo. O longa-metragem, apesar de ter todas as ferramentas para executar tal feito, acaba, contudo, se apresentando como uma história corrida que atropela a sua própria história e esquece do legado de seu subgênero. 

Os roteiristas Ray Wright e Neil Jordan desenvolveram a história de Wright de uma forma catastrófica. Os problemas de Greta (título original) não demoram para ficarem claros. As sucessões dos eventos que movem a trama acontecem com uma velocidade exagerada e a tensão se dispersa. Todo o clima de emoções em suspensão cai por terra e fazem a experiência se tornar entediante e previsível. Os momentos que deveriam ser o ápice de angústia se tornam cenas óbvias nas quais o público consegue prever cena por cena. 

A direção assinada por Neil Jordan tenta ser consistente apesar das falhas do roteiro feito por ele e Wright. As tomadas são interessantes, bem pensadas, mas acabam caindo na obviedade que o contexto do filme carrega. O mal desenvolvimento da narrativa prejudica uma boa ideia. Obsessão se mostra, em diversos pontos da trama, capaz de se reerguer, mas as escolhas desajeitadas não proporcionam a consolidação da proposta. 

A escolha do elenco é um ponto positivo na produção e é uma das poucas formas de sustentar o mínimo de atenção do público. Isabelle Huppert e Chloë Grace Moretz se mostram precisas em suas encenações. As atrizes são responsáveis pela consolidação do tensionamento implícito na narrativa. Sem a força de suas atuações, as falhas seriam ainda mais perceptíveis e o longa-metragem perderia a possibilidade de se ver os pontos positivos de Greta. Ao lado das protagonistas, a atriz Maika Monroe ajuda a guiar o espectador durante os tropeços da produção.

A má execução do potencial narrativo se demonstra o problema principal do novo filme da Focus Features. A realização cortada e pouco desenvolvida da história e relação das personagens quebra com todas as expectativas do longa. A essência do filme promete algo que não foi capaz de entregar por conta dessas escolhas brutas ao (não) destrinchar os nuances desse tipo de thriller.

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