Título :
Hebe – A Estrela do Brasil
Direção: Maurício
Farias
Roteiro: Carolina Kotscho
Elenco: Andrea Beltrão, Marco Ricco
Gênero: Drama Classificação:
Sinopse: Já consagrada nacionalmente tanto no rádio como na televisão, Hebe Camargo (Andrea Beltrão) vai viver na década de 1980 com a censura que todo o tempo tenta cercear tanto seu programa, seus convidados e sua liberdade de expressão já no momento de transição democrática. Paralelo a isso, sua vida pessoal e o casamento com Lélio (Marco Ricca) é marcado pelo ciúmes, violência emocional e física.
Sinopse: Já consagrada nacionalmente tanto no rádio como na televisão, Hebe Camargo (Andrea Beltrão) vai viver na década de 1980 com a censura que todo o tempo tenta cercear tanto seu programa, seus convidados e sua liberdade de expressão já no momento de transição democrática. Paralelo a isso, sua vida pessoal e o casamento com Lélio (Marco Ricca) é marcado pelo ciúmes, violência emocional e física.
“Hebe – A Estrela do Brasil” diferencia-se
outras cinebiografias a exemplo de “Cazuza- O Tempo Não Para” (2004) e “Tim
Maia” (2014) já na sua proposta: na contramão das obras já citadas e dentre
muitas outras do cinema nacional, a película não visa abordar o início do
estrelato até os últimos dias da vida de uma das mais famosas apresentadoras da
televisão brasileira e, sim, narrar os obstáculos enfrentados por Hebe na
década de 1980, sendo esses, principalmente, a crise econômica que afeta o país
e o entretenimento televisivo como também a censura praticada pela ditadura
militar.
Contudo, antes de falar do filme em
si, é importante ressaltar o quanto a obra roteirizada por Carolina Kotscho e com
direção de Maurício Farias é um convite ao telespectador a passear, e ficar com
um “gostinho de quero mais”, pela década de 1980 – que apesar de ser marcada
por uma grande crise econômica graças a desastrosa política dos militares durante
a ditadura, também é sinônimo de grande produção artística e ascensão e
confirmação de figuras "pops" como Cazuza, o grupo porto-riquenho Menudo e Roberta
Close – todas personalidades que transitam sutilmente pelo filme
Além disso, o filme é corajoso em
levar para as telonas rostos multi conhecidos do público – assim pode-se até
estranhar em um primeiro momento Daniel Boaventura como Silvio Santos ou o Rei
Roberto Carlos na pele de Felipe Rocha, no entanto é louvável contar a história
de Hebe dando vida a esses personagens mesmo de maneira muito rápida.
Assim, “Hebe – A Estrela do Brasil” narra as
dificuldades da protagonista vivida pela competentíssima e sempre
simpática Andrea Beltão em um contexto de redemocratização do país mas ainda
com a censura dos meios de comunicação em voga. Censura essa que enxerga em
Hebe Camargo e seu popular programa ainda na TV Bandeirantes, e posteriormente
no Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), um “perigo” por levar à população
pautas morais e sociais como o debate sexual, machismo, a pauta LGBT e a própria
figura da apresentadora como símbolo da força feminina em meados da década de
1980 – o que com certeza é uma tentativa não só de narrar a biografia da apresentadora
mas também aproximar-se de pautas em debate nos dias de hoje.
Dito isso, o filme coloca Hebe todo o
tempo em confronto com a censura e como uma defensora dessas pautas –
principalmente a LGBT – tanto no meio artístico como na vida privada, revelando
assim um caráter verdadeiro da personagem. Contudo, o filme esbarra na
repetição de cenas e numa falta de eventos ou tramas que façam a narrativa
crescer. Definitivamente a personagem vivida por Andrea Beltrão é maior que a
própria obra.
Por fim, cabe uma última reflexão: a
biografia de Hebe Camargo é marcada também por seu apoio ao golpe de Estado que
o Brasil viveu em 1964, inclusive com sua participação na “Marcha da Família
com Deus pela Liberdade” 11 dias antes da ruptura democrática – fato omitido
pelo filme – que desencadeou na ditadura a qual a perseguiu anos mais tarde,
como retrata o filme.
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