Crítica | Predadores Assassinos

Título: Predadores Assassinos

Direção: Alexandre Aja

Roteiro: Michael Rasmussen e Shawn Rasmussen

Elenco: Kaya Scodelario e Barry Pepper

Classificação:


Sinopse: Durante um furacão na Flórida, Haley (Kaya Scodelario) precisa enfrentar os perigos climáticos para resgatar o seu pai. Desacordado e gravemente ferido, o pai da Haley está preso na antiga casa da família a mercê da força da natureza. Para sobreviverem a esse caos, pai e filha ainda precisarão enfrentar os jacarés que cercam as redondezas da casa.

Apesar das doses de tensão, Predadores Assassinos falha como narrativa


O embate entre o ser humano e a natureza é pautado na sociedade desde os escritos bíblicos. As realizações cinematográficas começaram, portanto, a produzir obras com essa temática logo no início do cinema. Com o passar do tempo, a indústria percebeu que o mercado chamava a atenção do público e poderia se expandir.  Forças da natureza, catástrofes climáticas e revoltas animais passaram a ser abordagens comuns em algumas das produções mais marcantes e rentáveis da história do cinema.
Do clássico Tubarão (1975) ao popular Anaconda (1997), passando pelo aclamado Titanic (1997) até chegar ao problemático Tempestade: Planeta em Fúria (2017), todos surgiram e/ou se dedicaram aos princípios da relação desarmônica que a humanidade tem com a natureza. E é sob essa premissa que Predadores Assassinos chega aos cinemas nesta quinta-feira (26). O longa-metragem, distribuído pela Paramount Pictures, mescla uma catástrofe natural com o ataque de animais na promessa de entregar um produto instigante ao espectador saturado. Apesar dos esforços, as falhas de Crawl (título original) não permitem que ele se sobressaia em meio às centenas de produções semelhantes já lançadas.
A proposta do filme se mostra interessante ao narrar uma situação palpável. É crível que, durante uma situação climática adversa como a narrada no longa, uma cidade da Flórida passe por um estado de alerta como o descrito. A escolha da produção em unir duas possibilidades de perigo (climático e animal) foi inteligente. Contudo, todo esse pano de fundo precisa de um backstory e é aí que os problemas surgem. A subtrama se concentra numa relação complicada entre pai e filha que se estrutura de maneira frágil. É quase impossível se conectar com a história familiar dos dois - por mais situações que sejam utilizadas para aproximar o público.
Com uma relação extremamente fragilizada e pouco impactante, a produção se atém a atmosfera de tensão para captar a atenção do público. A direção de Alexandre Aja (Piranha, de 2010) traz escolhas interessantes que conduzem a narrativa para um lugar mais confortável. Não existe nada de espetacular ou surpreendente, mas escolhas simples de enquadramentos foram capazes de criar boas cenas. Foi graças a esses toques de suspense e tensão que Predadores Assassinos conseguiu buscar oxigênio para se manter vivo até o final dos seus 87 minutos.
O roteiro de Michael e Shawn Rasmussen (Aterrorizada, de 2010) carrega algumas das principais brechas da produção. A narrativa parece existir, em diversos momentos, apenas para deixar o espectador ansioso. O resultado visual das cenas pode até ser satisfatório, mas a criatividade por trás da concepção delas é medíocre. Os irmãos Rasmussen não dão força a relação pai-filha, eles não criam um super animal, mas, em contrapartida, criam um super humano. A própria resistência da personagem de Barry Pepper é questionável. Diante de todo o caos que eles criaram para o enredo, a parte mais descontrolada da narrativa é justamente o que deveria ser o mais real.
Apesar da pobreza criativa e frágil história, o público se entretêm com a tentativa de sobrevivência de pessoas comuns diante de um medo real. A escolha de um furacão atrelado a inundação de uma região de jacarés foi realmente acertada. A composição dos momentos de tensão, com direito até a alguns sustos, foram conduzidos de forma correta. Esses são, sem dúvida, os momentos que fazem os quase 90 minutos de filme valerem a pena. A dose de adrenalina que o espectador provavelmente espera está entregue. O que falta são as outras propostas que um filme deve conter para se fazer completo como obra cinematográfica.

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