Crítica | Coringa (2019)


Título: Coringa

Direção: Todd Phillips 
Roteiro: Bill Finger, Bob Kane, Jerry Robinson, Scott Silver e Todd Phillips 
Elenco: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Frances Conroy, Zazie Beetz, Bill Camp ,Brett Cullen, Bryan Callen, Dante Pereira-Olson

Gênero: Drama, Policial e Thriller
Classificação: Nenhuma descrição de foto disponível.

Sinopse:
Gotham City, 1981.O comediante falido Arthur Fleck encontra violentos bandidos pelas ruas de Gotham City. Desconsiderado pela sociedade, Fleck começa a ficar louco e se transforma no criminoso conhecido como Coringa.


                                                    Resenha

Esta semana estreia um filme no mínimo peculiar. Essa seria a palavra para descrever o mais novo, aclamado e polêmico longa da DC COMICS: Coringa. Trazendo uma Gotham mais próxima das HQs mais conhecidas do nosso querido morcego, como referências a Cavaleiro das Trevas (não estamos falando da trilogia de Nolan e sim do material original), Batman não tem o menor espaço aqui. Este é, único e exclusivamente, um filme de origem do Coringa, o vilão mais icônico da história. Mas este também é, sem dúvida nenhuma, a película mais artística que a Warner Bros já fez.




Ao assistir, fica evidente o cuidado do estúdio em fazer um filme que vai muito além do gênero de Herói e seu objetivo também é completamente diferente. Coringa não veio para entreter, e sim para incomodar. Isso é perceptível na direção de Todd Phillips, na trilha sonora particular, na direção de fotografia minimalista, roteiro bem amarrado e atuação de  todos esses elementos combinados são impecavelmente bem executados, tornando Joker um dos, se não o filme mais belo que o estúdio já fizera. Mas o que tem de belo, tem de excruciante.



Eis um fato: o personagem icônico nunca teve uma origem específica nos quadrinhos, então os roteiristas fizeram uma escolha assertiva - transformar um completo ninguém no maior agente do caos. E como fizeram isso? Usando o efeito cascata. 



Arthur (Vivido brilhantemente por Joaquin Phoenix) é um homem mentalmente instável, com uma síndrome do riso e que almeja ser um comediante, mas não há nada de incomum nele. Esse é o grande forte do longa, a construção. O roteiro em momento nenhum negligencia a inquietação, as paranóias e o desajuste de Arthur em relação a sociedade, mas principalmente, o desajuste da sociedade em relação a ele. Em contrapartida, deixa muito evidente que Arthur se tornar o Coringa por ser fruto do meio abandonado por aqueles que deveriam comprar seus papéis. Ele reage conforme os eventos acontecem.


A fragilidade é colocada de inúmeras maneiras, desde a magreza extrema a fala arrastada, o que pode gerar um breve senso de empatia, mas não se engane, este é um filme extremamente violento.

Infelizmente, o Brasil foi o único país a não aderir a censura +18, mas esse filme não tem nada de Deadpool. Ele aborda temas pesados e violência, quando mostrada, é explícita.

Coringa é um divisor de águas, mostrando que é possível fazer um longa de baixo orçamento, com um roteiro muito bem elaborado, uma direção de arte bem executada, uma fotografia detalhista e atuações primorosas. É um filme para ser calmamente digerido e discutido e é exatamente ai que está seu brilhantismo. Seria o caos instalado em doses homeopáticas ou seria necessário grandes eventos pra que ele de fato aconteça? Fica aqui o questionamento.

Boa sessão pra você!

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