Título: Zumbilândia: Atire
Duas Vezes
Direção: Ruben Fleischer
Direção: Ruben Fleischer
Roteiro: Dave Callaham, Rhett Reese e Paul Wernick
Elenco: Woody Harrelson, Jesse Eisenberg, Emma Stone, Abigail Breslin, Zoey
Deutch, Avan Jogia, Rosario Dawson, Luke Wilson e Thomas Middleditch
Sinopse: Anos
depois de se unirem para atravessar o início da epidemia zumbi nos Estados
Unidos, Columbus (Jesse Eisenberg), Tallahassee (Woody Harrelson), Wichita
(Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin) seguem buscando novos lugares para
habitação e sobrevivência. Quando decidem ir até a Casa Branca, acabam
encontrando outros sobreviventes e percebem que novos rumos podem ser
explorados.
Se você gostou de
Zumbilândia, provavelmente vai gostar de Zumbilândia: Atire Duas Vezes, mas não
tanto
Dez anos após o
lançamento do primeiro Zumbilândia, finalmente conseguimos ver o que aquele
grupo de sobreviventes do pós-apocalipse-zumbi têm feito ao longo de todos
estes anos. A lacuna é curiosa: por que esperar uma década para fazer uma
sequência se o primeiro filme foi considerado suficientemente bem-sucedido para
justificá-lo? No entanto, há um benefício neste atraso, já que dez anos é tempo
suficiente para obscurecer as memórias dos elementos surpresas de Zumbilândia,
fazendo com que sua continuação pareça menos uma repetição do primeiro filme. Dito
isso, é necessário frisar que Zumbilândia: Atire Duas Vezes é uma comédia
engraçadíssima, só não tão divertida quanto o seu antecessor.
Partindo especialmente
dez anos após o término do primeiro filme, nosso quarteto de sobreviventes de
um apocalipse zumbi ainda está junto. Columbus (Jesse Eisenberg) e Wichita
(Emma Stone) permanecem juntos romanticamente, enquanto Tallahassee (Woody
Harrelson) e Little Rock (Abigail Breslin) se estabeleceram em um
relacionamento de pai e filha. O filme começa com eles se preparando para
sitiar a Casa Branca e apoderar-se da residência oficial que pertencia ao
Presidente dos Estados Unidos. Ligeiramente cansadas de
viver no Salão
Oval durante o dia e no Lincoln Bedroom à
noite, Little Rock e Wichita somem (nós as vimos fugir antes, então não é uma
grande surpresa) devido à rebeldia adolescente e o medo de compromisso,
respectivamente. Neste meio-tempo, Columbus flerta com Madison (Zoey Deutch),
uma aeromoça
que ele encontrou em uma ida ao shopping. Isso cria um atrito quando Wichita
retorna, sem Little Rock, que acabou fugindo com o liberal Berkeley (Avan
Jogia). Esse desarranjo ocasiona uma viagem de resgate que leva primeiro a
Graceland, onde a badass Nevada (Rosario Dawson) administra um hotel, e depois
a Babylon, uma comunidade hippie pós-apocalíptica que é incapaz de resistir quando
os zumbis chegam.
Ruben Fleischer retorna à
direção, com outro roteiro de Rhett Reese e Paul Wernick (além do terceiro
escritor Dave Callaham), revelando-se uma parceria profissional hábil o
bastante para despertar risos precisos na plateia. Zumbilândia: Atire Duas
Vezes exibe um humor que consegue soar politicamente incorreto sem ser necessariamente
ofensivo justamente pelos realizadores deixarem claro que o alvo principal das
piadas são aqueles que as emitem e não os grupos sociais que atacam.
O único problema é que o
diretor norte-americano adora exibir palavras na tela: desde informações sobre
zumbis até as regras de Columbus, ilustradas por uma ação específica. Essas
eram divertidas e inteligentes em Zumbilândia, mas o mesmo não se aplica obrigatoriamente
a Zumbilândia: Atire Duas Vezes, onde elas provocam mais uma desordem visual do
que riso. Tudo isso nos leva à participação de Bill Murray em uma cena
adicional antes dos créditos finais, que parece mais um curta-metragem
independente do que um adendo necessário, o que revela o exagero do cineasta como
um dos aspectos mais problemáticos da obra.
Há mais zumbis em Zumbilândia:
Atire Duas Vezes do que em Zumbilândia, mas, como foi o caso no filme anterior,
eles são o elemento menos interessante na tela. Portanto, ainda que a exageração
de Ruben Fleischer às vezes acabe prejudicando o filme, ela acaba funcionando
nesse sentido. Os zumbis aparecem sempre que o filme precisa de uma sequência
de ação – normalmente em câmera lenta e acompanhada por uma música clássica do
rock norte-americano. Há pouco ou nenhum horror em Zumbilândia: Atire Duas
Vezes, mas isso não deve ser uma surpresa. Quando foi a última vez que algo com
zumbis foi verdadeiramente assustador? Este é um filme de estrada de comédia e
zumbi, o que para suas pretensões é mais do que o suficiente.
Zumbilândia: Atire Duas
Vezes se beneficia principalmente da qualidade e da química de seu elenco
principal. Woody Harrelson é indômito e obsoleto como sempre compondo
Tallahassee, e além de uma breve subtrama entre ele e a recém-chegada Nevada,
suas motivações são as mesmas: matar zumbis. Jesse Eisenberg mais uma vez
assume o papel de narrador como Columbus e continua encantador e neurótico. Já Emma
Stone permanece como um bom contraponto ao grupo em função da natureza cínica
de sua personagem Wichita, que ainda é tão orgulhosa e mal-humorada quanto
quando foi apresentada pela primeira vez há uma década. Obviamente a Little
Rock de Abigail Breslin mudou consideravelmente desde a última vez que a vimos
de uma garotinha para uma jovem adulta, mas infelizmente o filme não faz nada
além do óbvio comportamento de uma personagem imatura e frustrada.
Alguns coadjuvantes foram
introduzidos e todos eles trazem uma variedade necessária para o longa – com
exceção de Berkeley interpretado por Avan Jogia com terrível inexpressividade.
Rosario Dawson oferece seu charme natural a todas as cenas que pode como
Nevada, e sua química com Woody Harrelson é algo que pode ser explorado em um
possível terceiro filme. A aparição de Luke Wilson e Thomas Middleditch como
espelhos de Woody Harrelson e Jesse Eisenberg é uma sacada divertida e inteligente.
E Zoey Deutch como a patricinha Madison... bom, ela praticamente rouba todas as
cenas nas quais aparece e isso é tudo que direi.
Por vezes dispersa, embora
nítida, Zumbilândia: Atire Duas Vezes é uma comédia pós-apocalíptica com um
ritmo frenético e uma escrita jocosa. É, em última instância, uma sequência
tardia que possui a maior parte do vigor e energia do antecessor, mas que
quando a originalidade ocorre, nos faz lembrar por que as pessoas se
apaixonaram tanto pelo primeiro filme. No momento atual, se virmos mais duas ou
três comédias este ano que sabem o que estão fazendo da maneira que esta faz,
será um ano muito bom.
Nenhum comentário:
Postar um comentário