Crítica | Ford vs Ferrari ( Le Mans '66)


ImagemTítulo: Ford vs. Ferrari
Direção: James Mangold
Roteiro: Jez Butterworth, John-Henry Butterworth, Jason Keller
Elenco: Matt Damon, Christian Bale, Caitríona Balfe, Tracy Lett, John Bernthal, Josh Lucas, Noah Jupe, Remo Girone
Gênero: Drama, Biografia
Classificação:
Sinopse: Durante a década de 1960, a Ford resolve entrar no ramo das corridas automobilísticas de forma que a empresa ganhe o prestígio e o glamour da concorrente Ferrari, campeoníssima em várias corridas. Para tanto, contrata o ex-piloto Carroll Shelby (Matt Damon) para chefiar a empreitada. Por mais que tenha carta branca para montar sua equipe, incluindo o piloto e engenheiro Ken Miles (Christian Bale), Shelby enfrenta problemas com a diretoria da Ford, especialmente pela mentalidade mais voltada para os negócios e a imagem da empresa do que propriamente em relação ao aspecto esportivo.


Resenha:

Esta semana entra em cartaz um dos favoritos do Festival de Toronto: Ford vs. Ferrari. Com uma premissa simples: Duas empresas automobilísticas competem entre si. Parece chato, mas não se engane, este longa vai muito além de sua sinopse. Sim, este é um filme sobre a tentativa real da empresa americana de superar a hegemonia italiana numa corrida que, pasmem, tem a duração de 24 horas, mas seu maior e mais notável mérito está no fato de que não é preciso entender de carros, nem mesmo é necessário gostar deles para perceber porque é uma das grandes apostas para a temporada de premiações.

A ideia principal de James Mangold (diretor) era fazer um filme o mais próximo da realidade, usando os métodos clássicos do cinema, com a menor quantidade de Chroma Key possível e que fosse primariamente belo. E ele consegue. É perceptível o trabalho detalhista de Phedon Papamichael, diretor de fotografia escolhido para essa empreitada, mas James queria ir além. Era preciso fazer com que o telespectador sentisse a essência do filme o mais próximo do que os personagens estavam vivenciando e é exatamente aí que o longa salta aos olhos.

François Audouy cumpre a missão de transportar o público as pistas e é palpável a compreensão do que acontece com cada um dos envolvidos. É comum sentir o coração acelerar nos momentos de tensão ou aflição nas ocasiões mais caóticas, porquê o trabalho técnico é impecável e o jogo de câmeras colabora e muito pra isso. Mas o filme tem outro fator determinante: Roteiro.

É através dele que nos é permitido sentir empatia pelo genioso Ken Miles, apreciar os nuances entre o corporativo e o familiar e que venhamos a nos importar com o contexto estabelecido no longa. Entrelaça com muita veemência as questões mecânicas com as relações humanas, dando um pouco de alma para os carros. Porém, nada disso seria possível se o elenco, escolhido a dedo, não fosse extremamente competente.

É preciso falar que o combo Matt Damon e Christian Bale é a melhor dinâmica do filme. A química é extraordinária e seria um desperdício descomunal se essa parceria não acontecesse novamente. Bale está em seu papel mais carismático, ainda que tudo não seja feito de forma proposital. Seu jeito fosfórico é quase anulado quando sua paixão por carros e seu respeito por eles é posto em cena, e sem sombra de dúvida é uma das coisas mais bonitas e assertivas desse longa. Com um roteiro tão bem amarrado, Ford vs. Ferrari consegue outra proeza: os coadjuvantes brilham. É necessário ressaltar a participação de Caitríona Balfe como Mollie Miles, uma esposa nada comum. Eis aqui uma questão: ela é a ÚNICA MULHER do elenco. Poderia ser a típica esposa do subúrbio, submissa ao marido, sem voz alguma. Mas essa não é, nem de longe, a escolha feita pelo diretor e pelos roteiristas. Mollie é muito bem utilizada, fazendo com que, nas poucas vezes que aparece, sua presença seja memorável, abrasadora e, (por que não?) hilariante, se tornando um respiro necessário e uma adição valiosa. Pra fechar o combo, como filho do casal, temos Noah Jupe mostrando que continua sendo um prodígio a ser acompanhado e seu talento merece ser apreciado agora e no futuro próximo.

Ford vs. Ferrari mostra que é possível contar uma história capaz de deixar nosso coração quentinho. Com um bom roteiro, atuações brilhantes, com uma técnica impecável e com elementos que certamente irão surpreender aqueles que o assistirem. É um filme que demonstra o quanto paixões e convicções podem transformar o mundo, que fazer o que amamos nos faz transcender, independente das consequências, mas que, de preferência, que tais convicções nos concedam o mais importante: a glória.

Boa Sessão para você


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