Crítica | Ameaça Profunda

Título: Ameaça Profunda
Direção: William Eubank
Roteiro: Brian Duffield e Adam Cozad
Elenco: Kristen Stewart, Mamoudou Athie, T.J. Miller, Vincent Cassel, John Gallagher Jr. e Jessica Henwick

Classificação:

Sinopse: Um grupo de pesquisadores se encontra num laboratório subaquático a onze mil metros de profundidade, quando um terremoto causa a destruição do veículo e expõe a equipe ao risco de morte. Eles são obrigados a caminhar nas profundezas marítimas, com quantidade insuficiente de oxigênio, para tentarem sobreviver. No entanto, conforme se deslocam pelo fundo do mar, descobrem a presença de uma criatura mortal de origem desconhecida.



Kristen Stewart dá tudo de si, mas Ameaça Profunda é uma bagunça de filme, onde todo mundo quer sair na primeira meia hora – felizmente, são poucos os 95 minutos, para que você não fique sujeito a isso por muito tempo


Eu me senti frustrado ao sair da cabine de Ameaça Profunda, pois aqui está um filme com bons valores de produção, uma ótima atriz principal e uma premissa fantástica, mas os realizadores ficam tão perdidos tentando descobrir que história queriam contar que desperdiçam a oportunidade gerando um filme genérico e desnecessário.

Das luzes piscando em uma plataforma aparentemente deserta aos personagens lutando para se manterem vivos enquanto trajam roupas íntimas apertadíssimas: Ameaça Profunda não é a mais nova continuação ou prelúdio da franquia Alien numa versão “fundo do mar”, mas deseja desesperadamente ser. Apesar da pretensão de ser algo mais, Ameaça Profunda é apenas inofensivo. Mas quando um filme de terror diz "Bu!" e o espectador tenta reprimir um bocejo, algo deu errado.

Pelo menos em sua primeira metade, Ameaça Profunda se apresenta como um filme de desastre, uma vez que o tremor de um suposto terremoto destrói uma instalação de pesquisa subaquática 11 quilômetros abaixo da superfície. É a partir deste momento que a protagonista Norah (Kristen Stewart) se encontra com o capitão (Vincent Cassel), o perspicaz Paul (T.J. Miller), cujo QI certamente é negativo, o gerente de operações Liam (John Gallagher Jr.), a assistente de pesquisa Emily (Jessica Henwick), que se irrita por ser chamada de estagiária e o gerente de sistemas Rodrigo (Mamoudou Athie), que é o personagem negro que morre primeiro – perdoem-me pelo spoiler, mas é sério que ainda estamos fazendo filmes de horror como se estivéssemos no século XX? Se esta produção tivesse sido lançada nos anos 80 (e, sejamos sinceros, é o que deveria ser), talvez fossemos modestamente entretidos por ela.

Este pontapé leva o grupo a ter que criar um plano para atravessar o fundo do oceano e chegar a uma plataforma distante e abandonada, na esperança de usar seus equipamentos de comunicação ou encontrar cápsulas de fuga de volta à superfície. Mas ao iniciarem a jornada em busca de segurança, descobrem que não foi um terremoto que causou a destruição da embarcação: há uma horda de criaturas enigmáticas e aterrorizantes, como os chupa-cabras, e um grande monstro que parece ter saído direto de um filme do Aquaman e que não está disposto a deixar ninguém sobreviver.

A principal – e talvez única, razão para ver este filme é observar o que Kristen Stewart faz no papel de Ripley, embora seu cabelo curto esteja mais próximo da Sigourney Weaver em Alien 3. A engenheira mecânica concebida pela atriz norte-americana nunca é menos que credível e convincente. Dito isso, seu monólogo motivacional é um erro de comunicação entre os dois indivíduos que assinam o roteiro, já que ela sempre é melhor em transmitir emoções através de suas expressões corporais, não de longas cenas carregadas de diálogos. Os roteiristas Brian Duffield e Adam Cozad não escreveram nenhuma história, demonstrando serem incapazes de construir uma relação ou qualquer conexão com alguém que esteja assistindo ao filme. O fracasso de Ameaça Profunda é mais sobre a história – ou a falta de uma, do que sobre o desempenho de Kristen Stewart ou qualquer um de seus colegas de elenco.

Mas o maior problema deste filme, no entanto, é falhar em seu aspecto mais importante: aterrorizar o espectador. William Eubank, um diretor de fotografia que virou diretor, evoca câmera na mão, câmera lenta e câmeras de capacete. Logo, o maior problema do filme se torna óbvio: é muito difícil ver alguma coisa do que está acontecendo na tela, já que eles estão embaixo d'água. Há um claro exagero na utilização de estranhas câmeras subjetivas e algumas tentativas de usar a opacidade ao longo de milhares de quilômetros no fundo dos oceanos para criar tensão – esconder a ameaça na escuridão e nas sombras é, por um tempo, eficaz, mas é extremamente difícil executar qualquer coisa que se assemelhe a uma ação convincente no cinema nessas circunstâncias.

Com efeitos especiais abaixo da média, uma direção desastrosa e um roteiro que parece ter sido escrito em um guardanapo, Ameaça Profunda é simplesmente ruim e não há razão para ver isso nos cinemas. Uma obra cinematográfica destinada a ser esquecida no final do ano que acabara de começar, ou talvez até do mês.

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