Crítica | O Último Duelo

Título: O Último Duelo

Direção: Ridley Scott

Roteiro: Ben Affleck, Matt Damon, Nicole Holofcener

Elenco: Jodia Comer, Adam Driver, Matt Damon 

Sinopse: Em plena Idade Média francesa, sob pena de ser condenada à fogueira por injúria e falso testemunho, Marguerite de Carrouges (Jodie Comer) acusa Jacques LeGris (Adam Driver), o melhor amigo de Jean de Carrouges (Matt Damon), seu marido, de estuprá-la. O caso torna-se um escândalo, não só pela acusação em si, mas por envolver três distintas figuras da nobreza. A acusação é levada ao Parlamento de Paris, que determina que se decida o caso em um “duelo judiciário”, combate armado do qual um homem só sairia vencedor ao matar o seu oponente.
Baseado no romance "O Último Duelo", de Eric Jager.

Crítica:

A primeira frase que vou falar antes de qualquer coisa nessa crítica é: Esse filme contem gatilhos! Inclusive acho que isso deveria vir como aviso no início. 
Assisti o filme, grande parte aflita, com o coração doendo, inclusive tive uma leve crise de ansiedade em algumas cenas (que pra mim, foram desnecessárias). Então, como mulher, feminista, tenho a sororidade de avisar a todas as mulheres para pensarem bem antes de assistir. 
O filme conta a história de Marguerite de Carrouges, que foi estuprada pelo Jacques LeGris. Uma das primeiras mulheres a denunciar um estupro na época. Se hoje já sofremos ao denunciar abusos, nos perguntam onde estávamos, com quem, porque, com qual roupa... Já pensou o que aconteceria com uma mulher caso acusasse um homem (nobre) de estupro na Idade Média? 
O filme é dividido em 3 partes. Cada parte conta a história de uma visão. A primeira, com Matt Damon brilhando no papel, como Jean de Carrouges. A segunda a versão de Jacques LeGris (Adam Adriver), também dando um show de atuação, e por fim, somos apresentados à versão da Marguerite de Carrouges (Jodia Comer) que estava completamente fenomenal. Sobre o elenco, não tenho nada a comentar além disso. Foi escolhido a dedo.
Apesar da cronologia do filme não ser linear, não é nem um pouco confuso. É bem fluído e fácil de entender. Só tenho uma crítica sobre como o roteiro escolheu prosseguir: Todas as cenas em que aparecem dois personagens dos 3 citados, não se repete. O que eu achei ótimo. O filme não fica cansativo. Porém, a cena do estupro é contada duas vezes. Pela versão do LeGris e pela versão da Marguerite. E as duas são terríveis de assistir. São cenas longas e duras. Acho importante sim mostrar o ato, principalmente a dor da mulher. Mas a cena ser repetida... eu repudio o filme por isso.
Gostaria de deixar uma frase (que inclusive está no trailer) de uma parte que me marcou muito:
"Vai arriscar a minha vida para salvar o seu orgulho"
Apesar de hoje não termos mais duelos mortais para provar verdades, acho que essa frase é bastante atual (não literalmente).
Em termos técnicos, a fotografia do filme me encantou. Era bela e perturbadora ao mesmo tempo. A mixagem de som também merece um destaque, principalmente ao escolher deixar certas partes do filme sem qualquer trilha sonora. O silêncio angustia bastante. E esse com certeza era o objetivo. 
Nesses tipos de filme, eu realmente acredito que mulheres conseguem passar muito mais a dor, o objetivo daquele filme estar ali, quando são diretoras. Mas, infelizmente, é um homem quem está fazendo esse papel. Acredito que por esse motivo tantas cenas de estupro ao longo do filme. (Não, não são "apenas" duas). Acho que o diretor quis que sentíssemos raiva de LeGris. Mas uma mulher sabe, que aquela cena causa desconforto, não apenas raiva. E deve ser feita com muita cautela. Pelo menos temos a própria Jodia Comer como roteirista, o que eu acho que salvou o filme em muitos aspectos. 
Por fim, é um filme fenomenal! Importante! É um assunto que deve ser comentado, falado, pesquisado. O que acontecia com as mulheres que denunciavam estupro? Por que muitas mulheres até hoje têm medo de denunciar? Acredito que a história precisa ser contada. Mas eu, sinceramente, não indico ele para todas as pessoas. Novamente: Contem gatilhos!

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