Crítica | Venom: Tempo de Carnificina

Título: Venom: Tempo de Carnificina 
Direção: Andy Serkis
Roteiro: Kelly Marcel
Elenco: Tom Hardy, Wood Harrelson, Naomie Harris, Michelle Williams, Reid Scott, Stephen Graham, Peggy Lu
Classificação: ⭐⭐
Sinopse: O relacionamento entre Eddie e Venom está evoluindo. Buscando a melhor forma de lidar com a inevitável simbiose, esse dois lados descobrem como viver juntos e, de alguma forma, se tornarem melhores juntos do que separados.

                                            CRÍTICA
"Venom: Tempo de Carnificina" é um filme que escolhe não ser mais relevante do que a sua cena pós-créditos. E isso nunca vai ser uma coisa boa. A trama do longa inicia contextualizando o espectador a respeito da relação entre os vilões Cletus Kassady/Carnificina e Shriek, interpretados por Wood Harrelson e Naomie Harris, respectivamente. É um começo promissor, que sinaliza que o filme pretende aprofundar o desenvolvimento dos personagens, entretanto, isso nunca se confirma de forma contundente, de modo que a relação entre os personagens jamais ultrapassa a superficialidade. 

Ao invés disso, os realizadores investem em uma montagem truncada, que não permite que o espectador absorva os acontecimentos que acontecem em tela, tampouco desenvolva afeição pelos personagens apresentados. A exceção talvez seja o relacionamento entre Eddie Brock e Venom, interpretados por Tom Hardy. Digo "talvez" pois, para que a relação entre eles funcione, é preciso que você aceite o tom demasiadamente bobo e infantil conferido pelos realizadores. Na maior parte das vezes, o excesso de piadas que beiram o besteirol e a forma imatura como uma pessoa adulta e um ser extraterrestre (cujo roteiro sugere possuir um conhecimento inimaginável na cena pós-créditos) lidam um com o outro fez com que eu ficasse me perguntando se não havia ninguém na produção que pudesse ter avisado que as ideias apresentadas talvez não fossem tão boas assim. 

Todavia, se o humor de "Venom: Tempo de Carnificina" for o seu tipo de humor, é provável que você se divirta com o filme. E isso se deve especialmente à atuação de Tom Hardy, que está entregue aos personagens e certamente se divertiu bastante durante as gravações. Por outro lado, os demais atores entregam o básico, sem brilhar ou comprometer o longa. Até mesmo Wood Harrelson, cujo personagem ocupa espaço de destaque no título do filme e possui um pouco mais de tempo de tela que os demais coadjuvantes, está no modo automático. O mesmo pode ser dito sobre a direção de Andy Serkis, ainda inexperiente na cadeira de diretor. Contudo, se o diretor não consegue deixar a sua marca, ao menos consegue construir com certa destreza a principal cena de ação do filme, que consiste no confronto entre os personagens-título. É um momento de alívio em que a ação funciona e o diretor merece o mérito por construir uma cena entendível e com alguns momentos simbólicos. 

No mais, os demais aspectos técnicos do filme estão ok, com exceção dos efeitos especiais, que se destacam, e a mixagem de som, que não funcionou. A trilha sonora, apesar da presença de Marco Beltrami, é esquecível. Como pontos positivos, ficam o fato da trama ser bem contida em si mesma, sem muito espaço para digressões, e algumas das poucas boas interações entre Venom e Eddie Brock. Apesar de tudo, os personagens são interessantes e merecem um bom roteiro para desenvolverem todo o seu potencial. 

Ao final, fica a cena pós-créditos que promete expandir o universo de Venom e inseri-lo num contexto promissor. Pela escolha dos realizadores de produzir um filme que não quer se levar a sério e possui um roteiro esquecível, fica a impressão de que a ideia realmente era dar todo o destaque para a cena pós-créditos. Se foi esse o plano, eles conseguiram. Em contrapartida, abriram mão de um filme inteiro. 


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