Crítica | Ela Disse

Título original: She Said

Direção: Maria Schrader

Gênero: Drama; baseado em fatos reais.

Elenco: Carey Mulligan, Zoe Kazan, Andre Braugher, Samanta Morton, Ashley Judd, Jennifer Ehle entre outros.

Notinha: 5/5

Sinopse: Carey Mulligan, atriz nomeada para dois Oscar® da Academia e Zoe Kazan são as jornalistas Megan Twohey e Jodi Kantor do New York Times, que descobriram uma das mais importantes histórias de uma geração - uma história que ajudou a divulgar o movimento #MeToo, estilhaçando décadas de silêncio à volta do tema do assédio sexual em Hollywood e alterou a cultura americana para sempre O filme é baseado no bestseller do New York Times "Ela Disse: Os bastidores da reportagem que impulsionou o #MeToo"


CRÍTICA

Esse é o tipo de filme que me chama bastante a atenção, antes mesmo de ser lançado, lembro vagamente de pensar que tipo de obra fariam quando o escândalo do infame e hoje condenado por crimes sexuais Harvey Weinstein(produtor premiado de filmes de Hollywood) pegou todos de surpresa, atualmente são mais de cem mulheres o denunciando. Preciso dizer também desse roteiro bem escrito, cuidadoso e ao mesmo tempo capaz de nos emocionar mulheres em particular, porque preciso dizer se você mulher que está me lendo passou ou não por qualquer situação de assédio, violência sexual ou de qualquer ordem provavelmente vai se sentir incomoda com algumas passagens em especial com uma com um áudio perturbador usado numa investigação anterior resgatado na investigação jornalística.

Acompanhar a jornada investigativa e corajosa dessas duas jornalistas foi uma das melhores coisas que pude assistir nesse ano, prestes a encerrar...o filme acontece de uma maneira lenta misturando realidade, relato com dramatização num ponto de equilíbrio bastante interessante. O bastante para o público se sentir envolvido, prender o ar e torcer por um SIM em vários momentos, me fez pensar sobre o dia a dia de um jornal, se tem realmente tanta emoção e adrenalina, imagino que quando é uma matéria de tamanha dimensão, pessoas famosas e poderosas envolvidas sim.

O elenco está todo afinadinho, com destaque para as excelentes Carey Mulligan e Zoe Kazan dando vida as repórteres que desenterraram histórias que a indústria misógina e machista preferia fingir que não existia, nada muito diferentes de todos os ambientes coorporativos, de convivência ou até mesmo familiar de todos os lugares da face da Terra, sabe o que é mais difícil ao assistir um filme como esse? É exatamente isso, saber que não é uma ficção, não é um caso isolado, que na verdade reflete muito mais da sociedade humana do que nos permitimos enxergar, falar a respeito e mudar.

A história é realmente fascinante e como vivemos tempos de imediatismos o caso em questão não aconteceu a séculos atrás, a matéria que originou tudo isso fez 5 anos em outubro então os fatos narrados para boa parte das pessoas é ainda uma grande novidade, e aos demais que tomaram conhecimento do que aconteceu por décadas em locais onde as pessoas especialmente as mulheres deveriam se sentir confortáveis e seguras, esse é o tipo de obra que futuramente será citada como exemplo de como a indústria cinematográfica pode e deve se envolver em temas que são importantes para a sociedade fora dos holofotes, questões reais e importantes.

Aos homens que estão lendo, quero que façam um exercício ao ver esse filme, apenas se coloquem no lugar dessas mulheres. Não precisam pensar em suas mães, irmãs, esposas e filhas para terem compaixão e empatia, se perguntem como se sentiriam se fosse com vocês e talvez isso ajude um pouco a começar a entenderem como o problema da cultura machista e do estupro é tanto da conta de vocês quanto da nossa.

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