Os Fabelmans (2022) | Crítica


Título
Os Fabelmans (2022)

Direção: Steven Spielberg

Roteiro: Steven Spielberg, Tony Kushner

Elenco: Gabriel LaBelle, Michelle Williams, Paul Dano, Julia Butters, Seth Rogen, Judd Hirsch

Classificação:5 /5

Sinopse: O jovem Sammy Fabelman se apaixona por filmes depois que seus pais o levam para ver "The Greatest Show on Earth". Armado com uma câmera, Sammy começa a fazer seus próprios filmes em casa, para o deleite de sua mãe solidária.

Há um brilho diferente em Steven Spielberg. Essa seria a definição perfeita para entender como uma premissa simples – a história de um menino que se apaixona pela sétima arte – tornou  Os Fabelmans um dos melhores filmes do ano. Mas o que torna Os Fabelmans tão diferente dos longas que fazem tributos ao cinema? A resposta é simples: Spielberg coloca magia e delicadeza numa história sobre... ele mesmo.

Auto (semi) biográfico, o diretor conta como seu alter ego, Sammy Fabelman (Gabriel LaBelle) teve sua vida completamente transformada pela primeira vez que foi ao cinema e assistiu O filme "O Maior Espetáculo da Terra" (1952), mas as escolhas do como contar torna o filme muito mais delicado e primoroso.  Esse longa não é apenas sobre Sammy, ou sobre como um garoto se tornou grande, é sobre descobertas, amor, amadurecimento, afeto, segredos e o quanto uma paixão pode salvar, ajudar ou destruir alguém. Pra isso, faz jus ao seu nome, retratando primariamente sua família.

A primeira base para transformar Os Fabelmans num longa leve está em mostrar pessoas de fácil conexão. As distinções entre sua excêntrica mãe (Michelle Williams) e seu pragmático pai (Paul Dano), a relação com suas irmãs e como sua  paixão/obsessão fazem com que tudo fique mais relacionável. Ainda que haja uma simplicidade na narrativa, sua sutilezas conseguem dar a estrutura necessárias para as estranhezas. Há algo de incomum naquela família, mas não se sabe o que, e é exatamente aqui que está a maestria do roteiro: Não é necessária uma complexidade extrema, apenas saber quando instigar o espectador.

É bem provável que mesmo com a sagacidade de Spielberg nas escolhas, o filme não seria tão brilhante sem as atuações de Michelle Williams e Paul Dano. Seus personagens são completamente opostos e aqui. Não existem pais bons ou ruins, heróis e vilões. Existe ciência versus arte, racionalidade versus emoção e ambos desempenham seus papeis de formas contrastantes, mas de forma impecável.

Os Fabelmans é um filme que dá uma sensação de completude que poucos atualmente conseguem. Com um roteiro redondo, minimalista, uma direção cuidadosa e atuações impactantes, o longa escolhe não ser caricato. Seu maior triunfo é abraçar as sutilezas da vida, entre dores e amores, descobertas e compreensão, acomodação e pulsante paixão e de quebra com bom humor. Ainda que não seja perfeito, nas suas 2h31min de duração é possível embarcar e se emocionar – principalmente com uma participação muito especial - sem sentir o peso das horas. É singelo, bonito e nostálgico, que vale muito ser assistido na tela grande.

Boa Sessão para você.

Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário