Direção: Peter Sohn
Roteiro John Hoberg, Kat Likkel
Elenco: Leah Lewis, Mamoudou
Athie, Ronnie Del Carmen
Sinopse:
Elementos é um filme de animação
que se passa em uma sociedade extraordinária chamada Cidade Elemento, na qual
os quatro elementos da natureza - ar, terra, fogo e ar - vivem em completa
harmonia. Na história, somos apresentados à Faísca (fogo, dublada por Leah
Lewis), uma mulher espirituosa na faixa dos vinte anos, com um grande senso de
humor e apaixonada pela família, mas que tem um temperamento um pouco quente;
Gota (água, dublado por Mamoudou Athie) é um jovem empático, observador e
extrovertido, que não tem medo de demonstrar suas emoções - na verdade, é até
um pouco difícil controlá-las; Turrão (terra, dublado por Mason Wertheimer) é
um garoto muito inteligente da terra que mora na Vila do Fogo, e está sempre
perto de Faísca; e Névoa (ar, dublada por Wendi McLendon-Covey), que tem uma
personalidade fofa e rosa, está sempre atenta às tendências da moda e é fã dos
Windbreakers, um time de Air Ball.
Crítica
Felizmente isso mudou com
Elementos. Finalmente a Pixar voltou a produzir algo à altura das maiores obras
do estúdio, como Divertidamente, Toy Story 3 ou Os Incríveis.
A engenhosidade visual sempre foi
uma marca registrada da Pixar, mas em Elementos alcança o estado da arte, com
destaque para o uso extremamente criativo das cores, especialmente do contraste
entre elas, aproveitando com maestria a temática escolhida (os opostos água e
fogo, bem como os demais elementos). Mas o espetáculo visual passa muito além
das cores. Poucas vezes a Pixar acertou tanto na criação de ambientes, elaborando
cenários como a Vila do Fogo e a Cidade de Vidro que carregam não apenas beleza
e detalhismo, mas também remetem a ambientes reais cheios de nuances, inclusive
políticos, com claras divisões sociais motivadas por critérios que remetem
muito a questões de imigração e xenofobia do mundo real
O mais importante, entretanto,
não é a beleza ou a criatividade dos visuais, mas o quanto eles contribuem para
a narrativa: basta um olhar para entender quase instantaneamente as características
dos personagens e seu estado de espírito, por exemplo. Inclusive as expressões
estilizadas mais do que o normal e que funcionam com eficiência para transmitir
emoções, aproveitando também as possibilidades que a natureza fantástica e
distante do realismo que os personagens elementais confere, são um lembrete do
erro que é a Disney insistir em desnecessárias refilmagens live-action que
eliminam o potencial expressivo único que as animações possuem (O filme do Rei
Leão que o diga...)
Mas o que sempre marcou a Pixar
não foi apenas a exuberância visual, mas a capacidade de usar esses recursos em
prol do que, no final das contas, mais importa: a história. E que história! Elementos
tem o que faltou à Pixar nos últimos anos, que é um roteiro à altura de sua
capacidade técnica. A história aborda com sensibilidade temas universais como
amor, conflitos entre pais e filhos e discriminação racial. Diverte, empolga e,
sobretudo, emociona (e não chorar na cena final é quase um desafio), se enquadrando
perfeitamente no conceito das obras que funcionam perfeitamente para crianças e
adultos. Os personagens são mais reais que muitas pessoas que conhecemos (e é impossível
não destacar a protagonista Faísca, que faz jus à tradição da Pixar de ótimas personagens
femininas, ao mesmo tempo que foge do estereótipo de mocinha perfeita), as
relações entre eles são trabalhadas com mais profundidade que muitos filmes “adultos”
e tudo na história tem um propósito, um sentido e uma função.
Ao final da projeção, a sensação
é que suas 1h42 min passaram voando e que passaríamos mais horas e horas junto
a Faísca, Gota e seus coadjuvantes, que a Cidade Elemento tinha muito mais a mostrar.
A Pixar conseguiu. De novo.
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