Crítica | Maria Callas

 Título original: Maria

 Diretor: Pablo Larraín.

 Elenco: Angelina Jolie, Pierfrancesco Favino, Alba   Rohrwacher, Kodi Smit-McPhee e Haluk   Bilginer.

 Gênero: Cinebiografia; Drama

 Notinha: 3,5/5

SINOPSE

Um drama biográfico de uma grande artista em busca de sua identidade. Angelina Jolie interpreta Maria Callas, uma das mais icônicas cantoras de ópera do século XX no filme Maria, dirigido pelo aclamado Pablo Larraín. O longa retrata o período em que a soprano greco-americana se refugia em Paris, após uma vida pública marcada pelo glamour e pela turbulência. O filme Maria Callas revisita os últimos dias da lendária artista, destacando o momento em que ela reflete sobre sua trajetória e identidade na Paris dos anos 1970. Depois de se dedicar ao público e à sua arte, Maria decide encontrar consigo mesma e encontrar sua própria voz e identidade. Esse é um retrato e uma investigação psicológica de uma mulher que teve o mundo ao seus pés e marcada pelos holofotes da fama.

CRÍTICA

Eu não sei muita coisa sobre óperas confesso, tipos de vozes e todo esse universo artístico mas sei que para se tornar uma grande artista é preciso dar tudo de si, viver e inspirar os outros é parte do negócio e essa querida aí entregou viu?! Desde o modo que se apresentada a maneira de cantar, figurinos e a vida pessoal tudo grita "eu sou uma estrela",

O diretor chileno Pablo Larraín encerra sua trilogia cinebiográficas iniciado por Jackie (2016), seguido de Spencer (2021) e agora estreia Maria Callas, também ícone fashion, famosa, milionária e despertadora de curiosidade e interesse do grande público como as anteriores. Parece ser esse o checklist do diretor para escolher suas biografadas, mulheres brancas (importante frisar) do século XX com histórias ímpares e fascinantes trajetórias.

Aqui a escolha curiosa do roteiro em retratar a última semana de vida da cantora me fez pensar como seria conhecer toda sua vida, de maneira linear. Mas não faz mal, o filme faz isso sim mas a sua própria maneira, passeamos entre as memórias de toda sua vida em momentos importantes da vida pessoal e artística.

Iniciamos com a morte da artista em seu luxuoso apartamento em Paris em setembro de 1977 e a partir daí voltamos ao início daquela semana onde ela já se encontrava adoecida e dependente de remédios, tendo a sua disposição seu fiel mordomo/motorista e governanta que são também seus cuidadores na solidão em que vive. É então que ao anunciar que será entrevistada para um programa o mordono questiona se é real ou não (não é, fruto da sua imaginação) Callas o chama de  o nome de um dos comprimidos que ela toma Mandrax. A entrevista irreal é um pretexto arranjado por Larraín possa reconstruir episódios do passado dela, alguns deles filmados em proporções de tela diferentes e em preto e branco.

Me pareceu engenhoso e funciona bem visualmente, pois a película também lança mão de uma trilha sonora de sons instrumentais que guiam as cenas, de modo contemplativas em muitos momentos de cenários e cenas sem necessidade de diálogos. Temos um perfeito vislumbre da diva, do alter-ego, da primadona em meio a furtivos momentos da pessoa em seu processo de sofrimento e perdas. Isso me incomodou, porque o público espera conhecer um pouco mais da pessoa, do ser humano para além da artista e até o próprio roteiro a retrata como alguém perdida entre as duas personas: Maria e Callas, sem saber ser uma sem a outra, e um movimento de se agarrar a quem um dia foi (Callas) como se sua vida dependesse disso.

A Angelina Jolie acerta em cheio ao compor sua personagem, que em nenhum momento se exalta, levanta a voz está sempre com um ar inacessível típico de artistas famosos daquela época principalmente com olhares(vazios) demorados e respostas ácidas e diretas a quem cruzar seu caminho. Angie não é uma cantora mas se esforçou para dar vida a uma das maiores.

Eu senti falta de mais dela sabe? Queria ter visto como começou a cantar óperas, o que a inspirava, quem a inspirada a cantar, sua família (a irmã aparece em apenas uma cena), os amores um pouco mais mas pareciam homens que a diminuíam e queriam para si sua luz. A trajetória que todos dizem ter sido extraordinária aqui aparece em memórias, fragmentos, para atormentar uma vez que no final da vida já afastada dos palcos a anos não conseguia mais alcançar as notas de antes vivendo a sombra da estrela que um dia havia sido. Pobre menina rica eu pensei, mas ainda triste.

Filmaço que me surpreendeu pela parcimônia e jogo de cenas com diálogos hora dramáticos, hora engraçados hora do tipo que faz a gente refletir um pouquinho mais. Espero que Larraín não encerre seu fascínio por figuras femininas por agora mas que busque pelo mundo vasto outras personalidades a inspirar e retratar com o mesmo empenho e talento que tem feito pelos quase dez anos. O feminino ainda tem muito que ser explorado e as histórias, boas e autênticas estão onde menos se pode imaginar.

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