Resenha: No Escuro | Elizabeth Haynes

Título: No Escuro
Autor: Elizabeth Haynes
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 313
Classificação★★★★★
Sinopse: Catherine aproveitou a vida de solteira por tempo suficiente para reconhecer um excelente partido quando o encontra: lindo, carismático, espontâneo... Lee parece bom demais para ser verdade. Suas amigas concordam plenamente e, uma por uma, todas se deixam conquistar por ele. Com o tempo, porém, o homem louro de olhos azuis, que parece o sonho de qualquer mulher, revela-se extremamente controlador e faz com que Catherine se sinta isolada. Amedrontada pelo jeito cada vez mais estranho de Lee, Catherine tenta terminar o relacionamento, mas, ao pedir ajuda aos amigos, descobre que ninguém acredita nela. Sentindo-se no escuro, ela planeja meticulosamente como escapar dele. Quatro anos mais tarde, Lee está na prisão e Catherine, agora Cathy, tenta reconstruir a vida em outra cidade. Apesar de seu corpo estar curado, ela tornou-se uma pessoa bastante diferente. Obsessivo-compulsiva, vive com medo e insegura. Seu novo vizinho, Stuart Richardson, a incentiva a enfrentar seus temores. Com sua ajuda, Cathy começar a acreditar que ainda exista a chance de uma vida normal. Até que um telefonema inesperado muda tudo. 

– Resenha –

Este foi um dos livros que desejei o ano inteiro. Estava olhando os lançamentos em uma dessas lojas virtuais e a sinopse muito me agradou. Porém, como estava de$preparada, não o comprei. Quando finalmente decidi comprá-lo, cerca de um mês depois, já havia acabado. Não naquela loja, mas em todas! Fiquei frustrada, esperando ser avisada quando o bendito já estivesse em estoque novamente. Bem, cá estou, quase fim de ano e nada. Cansei de esperar e cedi à tentação de ler em PDF mesmo.
   No Escuro tem um capa bem simples, que deixa transparecer apenas um pouco do que nos aguarda. 
   É importante ressaltar que o livro é alternado entre passado e presente, o que é perfeito, porque nos faz ter uma ótima compreensão de como Catherine, nossa protagonista, chegou ao ponto desesperador em que a encontramos.
   O que vemos no passado é um jovem inglesa de vinte e poucos anos, simpática, bem-sucedida, que gosta de curtir em boates com as amigas, buscando relacionamentos de apenas uma noite. 

“Tudo de que me lembro daquela noite é de dançar até ficar zonza, sorrindo e achando graça das pessoas com minha mais nova melhor amiga. E de dançar naquele vestido vermelho até encontrar o olhar de alguém, um cara qualquer (...)”

   Mas a Catherine, ou melhor Cath, que vemos atualmente, é agora uma mulher introvertida, com sérios problemas psicológicos. Dentre eles, o TOC. Eu vou tentar descrever o quão agoniante foi ler como ela verificava tudo ao seu redor em seu apartamento, inúmeras vezes. Se as janelas estavam trancadas, se as cortinas estavam alinhadas, se os talheres estavam todos na mesma posição. Todos os dias ela confirma se as portas estão perfeitamente fechadas. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito... Alguém a interrompe. Ela para e recomeça do zero. Sim, ela gira maçanetas mais de trinta vezes, até sentir-se segura. 
   Quando ouvimos falar em TOC, não paramos para analisar a gravidade dessa doença. Isso afeta a todos. Uma pessoa que só sai de casa para fazer compras em dias pares, tem horários específicos para tomar chá e conta quantos passos dá, de casa até o trabalho, não é de fácil convivência. Aí, podem se perguntar: E o que acontece se ela não faz todas as verificações ou se sua rotina sistemática sai dos eixos? A resposta é: ataques de pânicos. 

“As persianas são formadas por dezesseis lâminas e estão em cada uma das portas que dão para o pátio; tenho que deixá-las abertas de forma que eu veja somente oito lâminas de cada lado ao olhar de fora, dos fundos do prédio. Se eu enxergar uma lasquinha que seja da sala de jantar por entre as lâminas da persiana, ou se as cortinas não estiverem retas, então tenho que voltar e começar tudo novamente.”

   Mas como já foi dito, Cath nem sempre fora assim. Sua vida começa a mudar quando, em uma dessas noites de diversão, ela conhece o lindo e sedutor Lee. Um cavalheiro, que faz questão de preparar seu jantar e é incrivelmente sexy. Suas amigas a invejam e a princípio, nem ela mesma acredita na sorte grande que tirou ao encontrar um homem tão perfeito. Porém, o que Lee tem de impecável, tem de misterioso. Ele é um enigma que a própria Cath não consegue decifrar, mas completamente cega por sua mais nova conquista, não consegue notar o que está por trás daquela fachada. No entanto, quando tenta se desvencilhar, ela vê que é tarde demais.

“Eu havia subido para trocar de roupa e, ao descer, vi que ele tinha me trancado do lado de fora da cozinha. Lee argumentou que abriríamos nossos presentes após o jantar, não antes. Eu só precisava me sentar no sofá com minha taça de champanhe e ser paciente, segundo ele. Acabei me sentindo uma convidada em minha própria casa.”

   Na atualidade, Cath precisa conciliar a difícil rotina metódica com seu trabalho e à chegada de um novo vizinho, Stuart. Essa é uma novidade que vai impactar diretamente a vida de Catherine, afinal, se tem algo que ela tenta, é manter-se afastada de tudo e de todos. 

“Então era ele. O homem do andar de cima. Pela janela da minha sala de estar, eu já o tinha visto entrar e sair do prédio algumas vezes. Certa vez ele estava voltando para casa no momento exato em que eu me preparava para sair para o trabalho. Notei que a porta da rua estava bem fechada, o que fez com que eu me sentisse um pouco melhor, embora ainda tivesse que verificar, é claro.”

   Os personagens são muito, muito convincentes. E cada um deles me despertou um sentimento diferente. Haynes criou cada personalidade com maestria e passou exatamente o pretendia passar. Se você quer uma leitura leve, divertida ou despretensiosa, este livro não é para você. Aqui, você vai lidar com o lado cruel, compulsivo e obsessivo do ser humano.

   Certamente estou na torcida para que este thriller tenha o reconhecimento merecido e ganhe uma adaptação, porque sim, ele é digno de virar filme. Tensão do começo ao fim.
   Sofri com Cath desde o início, senti raiva, meu estômago revirar... Gosto de livros que causam isso, nos sacodem, são impactantes, causam um misto de emoções. Elizabeth Haynes me conquistou e fui em busca de outras obras dela. Felizmente encontrei e desta vez, já garanti meu exemplar.

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6 comentários:

  1. Oi, Sue. Quando eu estava caçando os lançamentos do mês, ano passado, lembro-me de No Escuro ter me encantado à primeira vista. Mas, tempos depois, fui desleixando essa leitura e priorizando outras, o que me fez esquecer o livro. Agora, ele está de volta, e o melhor é saber alguns pontos extremamente positivos sobre ele, para mim, como principal exemplo a alternância entre o passado e o presente e essa passagem da personagem de mimada para neurótica.

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    1. Olá, Ycaro! Recomendo que você retome a leitura, acredito que não vai se arrepender! Quanto à personagem, temos pontos de vista diferentes, já que não a achei mimada no passado haha
      Boa leitura!

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  2. Uma amiga da minha mãe tem TOC e é uma doença muito ruim. Conheci este livro em outro blog mais não me importei porque ele não me chamou a atenção, agora vejo que de verdade ele merece uma adaptação.

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    1. Sem dúvida nenhuuuuma! Daria uma ótima adaptação, sem contar a visibilidade que o TOC teria, pois assim como a depressão, muitos acham que é "frescura".

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  3. Oi!
    Mesma No Escuro parecendo um livro legal, e tendo um tema muito importante como o TOC, não foi uma historia que conquistou e envolveu !!

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    1. Oi, Suzana! Que pena, mas entendo teu lado. É uma história muito forte, realmente não é pra todo tipo de leitor.

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