Resenha: O quarto dia | Sarah Lotz

Título: O quarto dia
Autora: Sarah Lotz 
Editora: Arqueiro
Páginas: 346
Classificação: No automatic alt text available.
Sinopse: Quatro anos depois dos acontecimentos do livro "Os três", o navio transatlântico Belo Sonhador partiu dos Estados Unidos com exatos 2.969 tripulantes, para uma ilha paradisíaca no mar do Caribe, entretanto, no quarto dia, coisas estranhas começam a acontecer e o navio fica a deriva em pleno mar, desaparecendo misteriosamente e reaparecendo no sétimo dia de viagem. Além disso, quando o navio é encontrado, há indícios de que um "norovirus" A história contada no livro baseia-se no depoimento de alguns passageiros cruciais para acompanhar e descobrir o que aconteceu nesse cruzeiro.

Drops:

Quarto livro da autora Sarah Lotz, "O quarto dia" (Day Fourth) ocorre no mundo já instalado do livro "Os Três". Temos resenha desse livro aqui, mas recordar é viver, então um drops. 

O livro conta a história de três crianças que sobreviveram a três acidentes aéreos que ocorreram no mesmo dia (12/01/2012). Há uma quarta sobrevivente, mas o foco são mesmo as crianças. 

Acontece que as crianças começam a reagir de modo estranho conforme o tempo passa e, digamos que acontecem coisas bem malucas com elas, que fazem você duvidar do que os personagens estão contando - narrativa estilo entrevista, popularizada por "Guerra Mundial Z" do Max Brooks, onde o autor escolhe descrever os acontecimentos através de entrevista. O tipo de história é contado por um repórter que, no caso do Max Brooks, entrevista e passa por diversos lugares, já a repórter de "Os três" se divide em três lugares diferentes para as entrevistas - e, por muitas vezes, dá ao leitor, a sensação de frio na espinha, como em alguns filmes de terror clássico.

Pois bem, introduzido está o mundo plantado pela "mente doentia" de Sarah Lotz, chegamos, quatro anos depois, aos acontecimentos estranhos no Belo Sonhador.

Resenha:

A história começa como uma narrativa comum, apresentando os personagens e parte das suas motivações. O cruzeiro é, em grande parte, ocupado por participantes de uma convenção de uma médium famosa por dizerem que previu a "Quinta-feira negra" - evento central no livro "Os três". E grande parte da trama gira em torno dessa personagem. 

Na parte da narrativa, Sarah Lotz toma a escolha acertada de dividir a narrativa em 6 personagens centrais com seus objetivos internos, além de mostrar a convivência deles no navio: uma empregada do navio, um blogueiro, a assistente da médium, um médico, o chefe da segurança e duas senhoras. Sendo que, a cada capítulo com nomes meio tenebrosos,  como "O anjo da misericórdia" ou "A criada do diabo". Tem outros títulos, mas são mais reveladores, então melhor não falar - é, é isso mesmo que vocês estão lendo. A Sarah Lotz é bem maluca. - a história é centrada em um desses personagens (as duas senhoras valem por um capítulo, por isso, 6 personagens principais). Ver o panorama de cada personagem vivendo o mesmo evento torna a experiência mais enriquecedora e, se tratando se Sarah Lotz, mais assustadora.

Já disse anteriormente que o navio simplesmente para no quarto dia. Pois bem. Ele para e fica sem energia. Então, traduzindo um dos aspectos de "terror" envolvido na trama, as pessoas começam a ficar sem alimentos e, digamos, as condições higiênicas tornam-se um fator crucial de perigo e sobrevivência, já que a "noroinfecção" começa a se espalhar.

Li esse livro em alguns dias. Contando o tempo que reservo para a leitura, acredito que foi um dos livros mais rápidos que eu li, mais pela tensão do que por qualquer outro motivo. Lia em todos os momentos que tinha livre, queria terminar essa obra-prima (ignorem as classificações no skoob). E, como quase todo mundo que leu, me surpreendi no final. Aparentemente sem sal e sem nexo, mas possui uma tênue linha com o que ocorre no livro. E, ao conseguir unir os pontos, confesso que minha cabeça deu um giro de 180º.

Concluindo...

Os livros de Sarah Lotz (Os três e O Quarto Dia), possuem algo que eu costumo falar que "tem alguma coisa ruim". Não porque os livros são ruins, ou possuem dificuldades de leitura, acho até que, pelo que ele se propõe a fazer - deixar o leitor experimentar algo surreal - ele é muito bom, mas não sei se você, leitor, já passou por alguma experiência de, estar lendo o livro, de repente, algo te choca e você precisa respirar um pouco para prosseguir leitura. Pois bem, esses dois livros se enquadram nesse aspecto. Tem alguma coisa de ruim neles, que fazem o leitor se colocar, diversas vezes, no lugar dos personagens (não em todas as situações), vivenciar e entender as decisões de cada um deles.

Outros livros que eu coloco nessa categoria de "ter alguma coisa muito ruim": Jogo perigoso (Stephen King - quero falar desse livro aqui), "A arma escarlate" (Renata Ventura - referente a "destruição da escola"), "O Inverno do mundo" (Ken Follett - toda vez que o autor cita nomes como "Goebbels" ou "Heimrich Himmler").

Por fim, quero deixar a minha recomendação a essa leitura maravilhosa. Acredito que, pra quem gosta de um bom livro de terror, esse, sem dúvida, deve estar na sua lista. Sarah Lotz desenhou um "Universo" cheio de acontecimentos místicos que podem - e torço para que sejam - muito explorados. 

E vocês? Já leram esse grande livro? Se forem comentar a respeito do final (ponto de discórdia de quem leu), tentem fazer sem spoilers. Afinal, embora o livro seja de 2015 (chegou em 2016 aqui no Brasil), a experiência que ele proporciona tem que ser "vivida" ao extremo. 


Escrito por Alvaro Dias

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