Canal de Streaming: Crackle;
País: EUA;
Ano: 2016;
Status: 1ª temporada (renovada);
Episódios: 10;
Duração: 53 minutos;
Gênero: Drama, Crime;
Roteiro/Direção: Ben Kentai;
Elenco principal: Otmara Marrero, Martin Freeman, Edi Gathegi e Adam Brody.
SINOPSE
“Três estranhos batalham contra a dura realidade das ruas de Miami para transformar suas inspirações em sucesso. O que acontece se uma ideia tecnológica promissora, porém controversa, brota nas mentes de pessoas do lado errado da cidade?” [adaptado] - Crackle
RESENHA
Enquanto a série Silicon Valley da HBO (ver resenha) explora o início de pequenas empresas no ramo da tecnologia de forma cômica e drástica, StartUp trata do mesmo assunto de forma seca e fria. Em Seed Money, conhecemos os protagonistas e suas motivações. Phil Rask (Martin Freeman) é um agente corrupto do FBI que abusa de seu poder para conseguir o que quer e chantageia Andrew Talman (Carl Weintraub) para ter metade do dinheiro “sujo” que ele tem em posse (dinheiro de tráfico, gangues, máfias, etc). A proposta é simples: ou Andrew divide o dinheiro com Rask ou os federais irão apreender seus bens. Desesperado, Andrew vai atrás de seu filho Nick Talman (Adam Brody) e tenta convencê-lo a ajudá-lo. Nick é o típico cara engravatado e certinho que faz de tudo para não ser igual ao pai e não se meter nos negócios dele. Andrew pede para Nick ficar com um pen drive com mais de 2 milhões de dólares, pois se os federais pegarem o dinheiro, muita gente viria atrás dele para matá-lo. Nick não aceita de início e volta pra casa desesperado e pensando no assunto.
“PARA VIVER FORA DA LEI, VOCÊ PRECISA SER HONESTO. ” - Dylan
Em paralelo, Izzy Morales (Otmara Marrero), é uma programadora cubana que quer mudar o mundo. Seu projeto é fazer com que qualquer pessoa possa ter acesso a dinheiro não importando a hora, o lugar, sendo livre de taxas altas e sem precisar de bancos. Isso acabaria com o mercado financeiro que conhecemos. Chamado de Gencoin, o algoritmo que Izzy criou é leve, sem erros e seria muito mais que apenas uma nova moeda, como o Bitcoin. Precisando de investimento para seu projeto, ela vai até a empresa onde Nick trabalha e apresenta sua ideia. Assim como qualquer inventor revolucionário, Izzy não consegue convencer os empresários a investirem no Gencoin, mas chama a atenção de Nick. A série finalmente se desenrola com Nick investindo os 2 milhões de seu pai no projeto de Izzy, enquanto o Agente Rask procura por seu pai. Ronald Dacey (Edi Gathegi) um gangster haitiano, vai atrás de Nick para reaver 300 mil dólares que fazia parte do dinheiro no pen drive. Mesmo sendo apresentado ao projeto de Izzy, Dacey dá um prazo de 24 horas para reaver o dinheiro em notas. A partir daí, a história junta Izzy, Nick e Dacey para a construção de uma empresa de tecnologia.
Protagonistas
Com dez episódios, StartUp consegue entregar uma boa história e resolver os problemas que foram apresentados, dando soluções que acontecem rápido e nem sempre são 100% eficazes para os personagens.
Izzy Morales (Otmara Marrero) |
Izzy mesmo passando por momentos difíceis desde sua infância, não tornou-se frágil, pelo contrário, ela é forte e não tem medo de se arriscar. Um exemplo disso, é sua paixão quase cega por seu projeto, onde acaba não avaliando direito suas decisões. Ela aceita o dinheiro de Nick sem querer saber de onde vinha. Mostra sua difícil relação com a família que não compreende o quão importante é seu algoritmo. Izzy ao mesmo tempo quer fazer tudo dar certo para provar aos seus pais e a si mesma que é boa no que faz. Tem ideais anarquistas e espera que o Gencoin possa ajudar as pessoas.
Nick Talman (Adam Brody) |
Nick Talman de início parecia um empresário sem vontade própria, que vivia às custas dos gostos da namorada e do sogro rico. Um cara que aceita o que decidirem por ele. Mas, a história mostra seus sonhos ocultos de ter um negócio próprio. Onde ele resolve juntar o útil ao agradável e dá um jeito de se livrar do problema que seu pai colocou em suas mãos. Ele decide investir os milhões no projeto de Izzy pois também acredita que estaria fazendo uma boa ação com o dinheiro sujo e ainda começaria uma startup. Nick tem esse sonho de melhorar o mundo ou pelo menos fazer algo que mude as coisas para o bem.
Ronald Dacey (Edi Gathegi) |
Já Dacey é um personagem bem interessante. Ele é um cara centrado, que zela pelo bem estar de sua família e que se viu obrigado a fazer parte do mundo do crime desde muito cedo e tornou-se integrante de uma gangue muito violenta. Mas, ele pensa diferente dos outros e isso é visto como uma afronta para o líder deles. O personagem possui ótimos diálogos que exploram seu ponto de vista sobre as coisas. Suas falas entregam o peso da vida que ele levou. Dacey já passou por muita coisa e não necessariamente se tornou ruim por isso. Ele quer mudar sua realidade, a de sua família e vê no Gencoin uma oportunidade. Dacey ainda tem que lidar com seu filho adolescente que quer seguir seus passos e entrar na vida do crime.
O mau aproveitamento de Freeman
Martin Freeman é um dos atores em destaque no momento. Citando em seu currículo as séries Fargo e Sherlock, além de filmes da trilogia O Hobbit do diretor Peter Jackson, Freeman se tornou um ator com quem todos querem trabalhar. Sem dúvida, StartUp é divulgada com o nome de peso no qual acabou chamando a atenção de muita gente para assistir (eu inclusive). Freeman é um excelente ator e torna Rask um agente manipulador, “esquentadinho” e que consegue transformar uma conversa normal em algo desconfortável. Acontece que a série, é sobre três pessoas começando uma startup. Ponto. Mas, mesmo possuindo uma história densa, o personagem Rask pareceu ter sido descartado em alguns momentos. Com certeza na próxima temporada o personagem de Freeman será muito mais explorado e ele finalmente fará parte daquilo, dos objetivos compartilhados pelo trio Izzy, Nick e Dayce. Ou que pelo menos torne-se o antagonista que irá dificultar de verdade a história dos três.
Agente Rask (Martin Freeman) |
O que me incomodou é o tempo exagerado de tela que dão para Martin Freeman e não trabalham aquilo. Parece que não se importam no desenvolvimento do Agente Rask mesmo o colocando em uma situação muito complicada na história, no qual ele tenta resolver. Em alguns episódios tenho a impressão que o personagem foi jogado de escanteio, mas a série insiste em querer mostrar (mesmo que sem contar muito) que ele está ali, faz parte daquilo, mesmo não sendo o foco. O Agente Rask possui uma boa história, densa inclusive, mas é só isso. Felizmente no último episódio que é possível sentir que ele finalmente vai ganhar uma real importância.
Vale a pena assistir?
Assim como em Silicon Valley (é quase impossível em não comparar as duas séries), temos um personagem que criou algo inovador no ramo da tecnologia e que precisa de investimento para o projeto. Ambas são realistas, dramáticas e exploram fracassos. Ser fria foi o que pareceu ser a identidade de StartUp. Você entende os objetivos e os problemas que eles enfrentam, até suas escolhas em momentos de desespero. Cada um quer fazer a diferença para o bem, mesmo colocando tudo em risco. Outro ponto positivo é que StartUp é nua e crua no que diz respeito a narrativa, já que não fica “enrolando” muito para contar a história. Não sabemos tudo sobre os personagens, apenas o que vai sendo entregue conforme os episódios, a personalidade de cada um, as situações em que eles se encontram e como lidam com elas. O legal é que aborda diferentes realidades na perspectiva de cada um e ao misturar os protagonistas em alguma situação, parece ser um choque cultural para o público e para os próprios personagens naquele momento. A história prova ser diferente e empolgante, mesmo com essa abordagem um tanto vazia das coisas.
Estou bem ansiosa para saber o que vai acontecer na segunda temporada que estreia no dia 28 de setembro no serviço de streaming Crackle. Veja abaixo o excelente trailer da primeira temporada:
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