Resenha: A Redoma de Vidro | Sylvia Plath

Título: A Redoma de Vidro
Autora: Sylvia Plath
Editora: Biblioteca Azul
Número de Páginas: 280
Classificação:    
Sinopse: Dos subúrbios de Boston para uma prestigiosa universidade para moças. Do campus para um estágio em Nova York. O mundo parecia estar se abrindo para Esther Greenwood, entre o trabalho na redação de uma revista feminina e uma intensa vida social. No entanto, um verão aparentemente promissor é o gatilho da crise que levaria a jovem do glamour da Madison Avenue a uma clinica psiquiátrica.A Biblioteca Azul lança uma nova edição de A redoma de vidro, único romance da poeta americana Sylvia Plath. O título retorna às livrarias com tradução do escritor Chico Mattoso 51 anos depois da primeira publicação e do suicídio da autora, em 1963. 
Lançado semanas antes da morte da poeta, o livro é repleto de referências autobiográficas. A narrativa é inspirada nos acontecimentos do verão de 1952, quando Silvia Plath tentou o suicídio e foi internada em uma clínica psiquiátrica. A obra foi publicada na Inglaterra sob o pseudônimo Victoria Lucas, para preservar as pessoas que inspiraram seus personagens.
Assim como a protagonista, a autora foi uma estudante com um histórico exemplar que sofreu uma grave depressão. Muitas questões de Esther retratam as preocupações de uma geração pré-revolução sexual, em que as mulheres ainda precisavam escolher se priorizavam a profissão ou a família, mas A redoma de vidro segue atual. Além da elegância da prosa de Plath, o livro extrai sua força da forma corajosa como trata a doença mental. 
Sutilmente, a autora apresenta ao leitor o ponto de vista de quem vivencia o colapso. Esther tem uma visão muito crítica, às vezes ácida, da sociedade e de si mesma, mas aos poucos a indiferença se instaura, distanciando a moça do mundo à sua volta. Me sentia muito calma e muito vazia, do jeito que o olho de um tornado deve se sentir, movendo-se pacatamente em meio ao turbilhão que o rodeia.

Ao lidar com sua depressão, Esther também realiza a transição de menina para uma jovem mulher. Mais que um relato sobre problemas mentais, A redoma de vidro é uma narrativa singular acerca das dores do amadurecimento. 

- Resenha - 

"Um sonho ruim.Para uma pessoa dentro da redoma de vidro, vazia e imóvel como um bebê morto, o mundo inteiro é um sonho ruim. Um sonho ruim.Eu lembrava de tudo"


Esther Greenwood é uma jovem universitária que tem inúmeros sonhos e sempre lutou por eles. Estudou com afinco a vida inteira para conseguir entrar em uma boa universidade, estudou com afinco na universidade para conseguir um bom emprego. Mas agora, o tempo congelou e sem previsão de melhoras, Esther caiu em um poço e não consegue escalar de volta à superfície.

Já uma grande fã da Sylvia, este livro veio acompanhado de alegria para mim, me levando rapidamente às fortes emoções que carregam este livro. Um livro pequeno, uma linguagem fácil de ser lida e um enredo facilmente conduzido, me fez percorrer as 280 páginas do livro em apenas dois dias com muito prazer, choro, reflexões, angústias e alívios. Em momento algum deixei de pensar que tudo aquilo é a experiência pessoal da autora e de muitas outras pessoas em uma época em que a depressão além de não conhecida, era vista como loucura e seu tratamento acabava por provocar a piora das pessoas. Chorei em perceber isso.

O livro parte do primeiro momento em que Esther está bem mas começa a se dar conta na fragilidade de sua vida, de seu futuro. Rapidamente passa à angústia desconhecida do desconhecido e sofre cada vez mais com a falta de algo fixo para se agarrar. Sem saber o que quer do futuro, do presente, Esther também sofre com o que está disponível para ela e muitas outras mulheres da época. Não é o que ela quer. Mas afinal, o que ela quer? O que vocês querem? O que nós queremos. O desconhecido paira sobre todos e Esther começa a afundar cada vez mais rápido.

O desespero de sua mãe, sem saber o que fazer. O próprio desespero dela sem saber o que está acontecendo mas abraçando-o. Somos passados de fase a fase da condição dela. De desespero a agonia, agonia a raiva, raiva a decepção. 

O que está faltando?                                                                                                            
Por que ninguém vê?
Por quê ninguém entende?
Ela só está piorando!
Isso não ajuda!
Alguém ajude-a!
Alguém me ajude!

De repente nos encontramos no berço de nossa própria fragilidade, em nosso próprio desconhecido e assim como Esther, somos forçados a conhecer essa parte sombria dentro de nós, e escolher se queremos continuar nela ou sermos ajudados por Esther a sair dela. A Redoma de Vidro não apenas desperta a empatia dentro de nós como nos coloca no lugar de Esther Greenwood, nos faz sentir cada coisinha que ela sente e nos faz encarar o que nosso corpo grita para nós e muitas vezes ignoramos. Quem é você? Você tem se escutado? Tem parado de viver para viver a sua vida verdadeiramente? 
 
A Redoma de Vidro é um livro que deveria ser distribuído para todos, um livro que o mundo deveria ler. É um livro para encontrarmos nossas próprias falhas e desconhecidos e encará-los, trabalhar com eles. É para chorar, de tristeza, raiva e descobrimento. 

 "Talvez o esquecimento, como uma nevasca suave, pudesse entorpecer e esconder aquilo tudo. Mas aquilo era parte de mim. Era a minha paisagem." 

Quem já leu, diz o que achou aí embaixo. Se não leu, recomendo que leia imediatamente.  


 

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